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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Jun12

Pecados e Picardias - Por Isabel Seixas


 

Hoje sem subtítulo escrevo desde a admiração no sentido de deslumbramento por Alguém que sempre foi Alguém por ter como linha de conduta o respeito dos direitos do Homem nos vários papéis que desempenhava.


Do contacto pessoal e do feedback obtido reunindo consensos, perfila-se um Senhor, que provocou lágrimas condensadas de genuína saudade.


Sensibilizaram-me as lágrimas  contidas pelos colegas de trabalho instaladas  desde o ensombramento na eminência da sua partida,  inconformados com a Sua finitude.


Representou Chaves em várias dimensões do saber permitindo-nos auferir por arrastamento de uma imagem de seriedade bom gosto afabilidade e disponibilidade na participação e contributo nas decisões representativas do Município.


Também eu fui bafejada com a sua anuência de Espirito democrático e resta-me render-me á sua mensagem de inclusão…


Chaves
Entre duas montanhas
Passa um rio

E a seu lado
Sobre colinas

Nasceu um dia
Uma terra simples

Qu’entre glórias e desencantos
Fez um destino se guia

Que encanto ou quimera
Se esconde neste lugar
E se apodera do sonho
De cada um de nós?

Feitiço ou engano
Entre cada pedra ou canto
Ela nos extasia
E faz razão dessa magia.

Júlio Montalvão Machado, Médico oftalmologista, Escritor
In Chaves Musa Inspiradora

 

Isabel Seixas

29
Jun12

Ocasionais - A Lanterna Mágica


 

A Lanterna Mágica


Aqui vão duas historietas sobre cinema com personagens de Boticas. A primeira é verdadeira, passou-se comigo. A segunda é duvidosa. É uma historieta que o Zé Cândido (funcionário da farmácia de Boticas) conta, nos cafés, sobre o Rique, o protagonista. O Zé diz que a história é verdadeira, não se sabe se para chatear o Rique ou para que a historieta tenha mais piada. O Rique diz que é mentira, talvez por ter vergonha ou por ser essa a verdade. O narrador (eu próprio mas no uso da terceira pessoa) limita-se a contar a história como a ouviu.

 

 

A primeira vez que fui a um cinema devia ter uns 19 anos. A minha estreia aconteceu depois de me mudar de Boticas para o Porto. Antes disso só via filmes na tv porque a sala de cinema mais próxima da vila estava a uns distantes 60 km, em Vila Real, onde nunca pus os pés. Lembro-me que às vezes, especialmente aos Domingos à tarde, me juntava com o resto da canalha no café do Junqueira para vermos filmes na tv.

 

Escolhíamos esse sítio porque foi o primeiro a ter tv a cores (desde 1982), que era uma coisa que nós não tínhamos em casa. Víamos com prazer os filmes do Tarzan, do Jerry Lewis, da Pantera, e do John Wayne (mas nem sabíamos que o John Ford era um gajo sério e respeitado, por exemplo), entre outros. No fim dos filmes dizíamos se tínhamos gostado, se foi fixe, e pouco mais, não sabíamos quase nada de cinema. Alguns dos meus amigos  diziam que os actores ganhavam balúrdios para terem que levar com tiros e morrer nos filmes, outros diziam que não, que era tudo truques. Uma coisa que se sabia em Boticas era que todos os filmes que tivessem um leão a rugir, logo no início, eram bons. Isto era mais ou menos o que sabíamos de cinema.


Quando me mudei para o Porto, conheci um grupo de pessoal da minha idade que eram uns sabichões, sabiam tudo! E sabiam imenso de cinema. Eram capazes de falar de cinema às horas, que era uma coisa que me impressionava muito porque eu não sabia que era possível conversar sobre cinema. Sabiam o nome dos realizadores, dos actores, da vida deles, das montagens, dos prémios, dos festivais de cinema, de tudo. Uma vez, perguntei-lhes quem era o actor de que estavam a falar e eles desataram à gargalhada porque, pelos vistos, o actor era uma grande vedeta mundial. Um dia decidi-me a ir experimentar as salas de cinema e fui ao Trindade. Pus-me na fila da bilheteira, meio envergonhado (não percebia nada de cinema e tinha receio de levar tanga dalgum tripeiro malandro), e reparei que as pessoas conversavam um bocadinho, durante a compra do bilhete, com o vendedor. Reparei que na bilheteira havia uma planta do cinema com a descrição das várias zonas (como a plateia) e percebi que as pessoas podiam escolher o tipo de bilhete que queriam e seria disso que conversavam com o vendedor. Lembrei-me que a minha mãe (tinha trabalhado algum tempo em Lisboa, onde tinha ido ao cinema) me tinha dito que o melhor sítio para se ver um filme é nas cadeiras mais afastadas do écran. Fiado nesta lembrança, pedi um bilhete para as galerias. Fui pelo cinema fora à procura das galerias, que encontei depois de me ter perdido pelos corredores e escadarias. Entrei pela porta adentro (já não havia luzes) e comecei a procurar o meu lugar. Passados uns 10 segundos, uma senhora veio ter comigo, de lanterna na mão, pediu-me o bilhete, e fez o favor de me levar até ao lugar. Disse-lhe um obrigado envergonhado e fiquei a pensar: "Foda-se, estes gajos do Porto são mesmo espertos, toparam logo pela minha cara que eu sou um parolinho de Boticas, que não atino com nada disto, e até se dão ao trabalho de acender uma lanterna e ir levar-me ao lugar! Valha-me deus, só venho para aqui incomodar pessoas finas e sabedoras!".

 

 

Apesar de eu ter descoberto o cinema apenas aos 19, em Boticas havia alguns cinéfilos sofisticados. A razão da existência desses cinéfilos era a de em Chaves ter existido uma sala de cinema durante os anos setenta, que encerrou quando eu era canalha e que eu não tinha conhecido. Mas alguns rapazes de Boticas, mais velhos do que eu, tinham frequentado o cinema flaviense com regularidade. Eles contam que, nessa altura, tinham que alugar um táxi (quase ninguém tinha carro e não havia autocarros à noite) para ir ao cinema a Chaves. O taxista aproveitava para ir ver o filme, no fim bebiam uns finos nalgum café da cidade, e assim passavam uns serões porreiros. Uma vez, convidaram o Rique, que é pastor de profissão e meio aleijadinho de uma perna, para ir ao cinema, porque faltava mais um para dividir o táxi. O Rique, que nunca tinha ido ao cinema, disse que sim, e ficaram com uma hora combinada para se encontrarem. Em chegada a hora combinada, o Rique não aparecia. Esperaram um bocado mas como ele não vinha e também não queriam perder o filme, mandaram-se para Chaves. Ao chegar à saida de Boticas, encontraram o Rique mais as vacas a atravessar a estrada, mandaram parar o táxi, e disse-lhe um "Ó palerma, qu'andas a fazer, atão num bens? Anda lá caralho!". O Rique decidiu-se a ir com eles, mandou umas bastonadas nas vacas e berrou-lhes "Ala p'ra casa, suas putas!". As vacas lá seguiram o caminho habitual e o Rique meteu-se no táxi. Quando chegaram a Chaves foram imediatamente para o cinema porque já estavam atrasados. O Rique, manquinote da perna, ficou-se para trás e foi o último a entrar. Entrou no cinema, já escuro, e foi mancando pelo corredor fora até que reparou que vinha uma luz a segui-lo. Virou-se, de repente, e mandou duas varadas, com o cajado, ao homem da lanterna, que lhe iria indicar o lugar. O homem ficou ali estendido e o Rique virou-se para os outros, que lhe perguntavam "Atão, qu'houve?", e disse-lhes "Num é qu'aquele filho da puta me queria foder com a bicicleta?!".

 

Luís de Boticas

29
Jun12

Calvário - Chaves - Portugal


 

Para já uma imagem de um pormenor no Calvário, em Chaves. Já a seguir vamos ter uma crónica ocasional e, se possível, ainda hoje teremos mais um “Discurso sobre a cidade”.

 

Já agora fica um recadinho para o “Zé Maria”, seja ele quem for. Por aqui não há falta de coragem para publicar certos comentários “contra a maré”, mas como compreenderá, alguns deles, só os publico se o seu autor estiver devidamente identificado. Haja também coragem para se identificar devidamente.

 

Até já!

 

28
Jun12

O Homem sem Memória (108) - Por João Madureira


 

O Homem Sem Memória

Texto de João Madureira

Blog terçOLHO 

Ficção

 

108 – Arreliado, muito arreliado, desiludido, muito desiludido, e ofendido, muito ofendido, o José foi desaguar a casa do Fernando onde reinava a mais terna e mais alegre das anarquias.


O Fernando, quando o viu entrar, admirou-se, pois já há largas semanas que não passava lá por casa.  “Então herói antifascista, o que te traz por cá?”, disse para meter algum humor na conversa. Mas o José não lhe deu troco. No entanto, para se armar, propôs: “Desafio-te para jogarmos uma partida de xadrez.” “Xadrez a esta hora do dia, com a revolução na rua e a liberdade a passar por aqui, estás mas é doido. Doido varrido!”, contrapôs o Fernando que não gostava mesmo nada de jogar xadrez durante o dia e detestava ainda mais ter como adversário um amigo que não dava luta nenhuma.


O José insistiu: “Vá lá, só uma partida para eu pôr as minhas ideias em ordem.” O Fernando em pose de conselheiro: “Esse é o teu grande problema: quando jogas xadrez pensas noutras coisas e quando pensas noutras coisas limitas-te a jogar xadrez mental. Olha que as pessoas não são peças de xadrez. Não se jogam, não se movem num tabuleiro por nosso capricho. E se o caprichoso não souber movimentá-las convenientemente ainda é pior. Além disso, convém separar as águas: uma coisa é jogar um jogo, outra bem diferente é jogar com a vida, com as oportunidades, com as expectativas das pessoas, com os seus sentimentos, com os seus valores. A vida não é um jogo…”


“Nisso é que te enganas. A vida é um jogo. E a cada um toca jogar de acordo com a vontade do Mestre. Quando tu mexes uma pedra no tabuleiro não foste tu que a mudaste, foi alguém por ti, tu limitaste-te a movimentar a peça, mas quem pensou a jogada foi o Mestre”, retorquiu o José armado em filósofo do xadrez.


Mas o Fernando não se deixou levar pelo paleio: “Se quando tu jogas é o tal Mestre que te informa, então tens que mudar de Mestre pois o teu pode saber tudo mas, com toda a certeza, jogar xadrez é que não.”


E o José armado em democrata-cristão, ou mesmo em cristão puro e duro, coisa de que o Fernando desconfiou logo e nós, que o conhecemos um pouco melhor, também torcemos o nariz: “Tu sabes lá se o meu Mestre não é igualmente o teu Mestre, só que, como não pode ganhar dos dois lados do tabuleiro, por ser humanamente incompreensível, e empatar não serve a ninguém, opta por deixar-te ganhar para não acreditares nele, para eu poder acreditar.”


“Mas o que tu acabas de dizer é uma rematada idiotice. E tu não és idiota. Podes fazer-te de idiota, podes falar como um idiota, podes até comportar-te como um idiota, mas tu, mesmo que queiras, não és um idiota. Aí nem o teu Mestre te pode enganar. E se existir o tal Mestre, é bem provável que não seja idiota. Ou o seja apenas quando te comanda a mão quando jogas xadrez comigo”, disse desassombradamente o Fernando.


Mas o José tornou à teima, pois podia ser mau jogador de xadrez mas não era rapaz para se deixar vencer numa disputa dialética. As aulas de Retórica no seminário para alguma coisa tinham servido. E, como todos os que somos crentes sabemos, tudo o que não mata, salva. Por isso teimou forte e logo com um lugar-comum, que não tem compreensão humana nem resposta racional: “São insondáveis os caminhos do Senhor.”


“Tu andaste a meter-te na pinga?”, questionou-o o Fernando já a ficar um pouco admirado com tanta embirração filosófica e metafisica. “Não. Ando a tentar meter-me na política”, desabafou o José. E o Fernando: “Então não escolheste já o teu trilho? A prisão não te iluminou o caminho? A repressão não te abriu os olhos?”

Ao que o José respondeu: “Na prisão jogava xadrez contra mim próprio e nem mesmo assim conseguia ganhar.” E o Fernando, um bocadinho para o irónico: “Lembra-te que era o teu Mestre que estava do outro lado do tabuleiro. Quando veste a tua pele vê-se na obrigação de mexer as pedras para perderes. Quando se põe do outro lado só sabe ganhar. Por isso é que perdes sempre. Ele faz-te perder ao xadrez para te ganhar a alma. O xadrez é apenas o seu caminho. Tu disseste ainda há pouco que são insondáveis os caminhos do Senhor. Depois de pensar um pouco no assunto, acho que começo a entender-te a ti, ao teu Mestre, ou Senhor, e até os seus caminhos. Fazer-te perder ao xadrez comigo, e até contigo mesmo, é um caminho de redenção tão subtil, mas tão subtil, que só o teu Mestre é que é capaz de tal façanha sem que o comum dos mortais se possa aperceber do absurdo da situação.”


“Quanto mais te ouço mais me convenço de que o meu argumento é verdadeiro. Tu estás a esclarecer-me várias coisas para as quais não tinha arranjado justificação. Tu és um ungido”, disse o José meio a sério meio a brincar. “Mas eu nem sequer sou batizado”, respondeu o Fernando. “Mas ainda vais muito a tempo”, avisou-o o José.


“Ó José, estou em crer que não vieste cá a casa para jogares xadrez comigo ou, sequer, para me falares do teu Mestre. Sabes bem que eu nessas merdas não alinho. Eu não me meto com o teu Deus, mas também peço que não vos metais comigo”, disse o Fernando já a ficar muito para o sério.


“Da maneira como falas, tens de admitir que te referes a Ele como uma realidade, ou, pelo menos, como uma forte possibilidade”, afirmou o José.


O Fernando tentando não perder os papéis: “Olha José, vamos esticar o teu argumento um pouco mais. Quando jogo xadrez com o meu pai, umas vezes perco eu, outras perde ele. Quando assim acontece, de que lado é que o teu Mestre se senta?”


E o José num raciocínio que deve tudo à coragem, à sapiência, à capacidade de especulação, numa palavra sagrada, à genialidade: “O meu Mestre não se mete em jogos de xadrez de ateus. Nessas ocasiões tanto lhe faz que ganhe um como outro. De ateus não passam. Nem Ele os quer para outra coisa que não seja para o negarem. Foi para isso que se deu ao trabalho de vos criar. E um ateu dos bons custa mais a conceber do que para aí uns cem crentes. Dá um trabalho do catano. De facto Ele só pode provar que existe se alguém o negar. A não ser assim ninguém lhe ligava importância. Tu existes para o negar, que é o mesmo que afirmar que foste por Ele criado para fazeres o papel que fazes, o de ateu que o nega para o preservar, para o lembrar, para lhe dar sentido. Se tu não o negasses, Ele não tinha necessidade de provar que existe e por isso não existia mesmo.”


Cansados com a pertinência da discussão, aceitaram de bom grado umas sandes que a mãe do Fernando lhes arranjou, regaram-nas com dois copos de tinto cada um e puseram-se a ouvir Zeca Afonso no gira-discos.

“Faz-se noite. Terna é a noite. Esta noite do riso e do esquecimento. Não queres jogar uma partida de xadrez comigo?”


“Ah, ah, ah”, riu-se o Fernando.  “Ah, ah, ah”, riu-se o José.  “Ah, ah, ah”, riu-se a mãe do Fernando por os ver gargalhar com tanta vontade.  “Ah, ah, ah”, riu-se o seu irmão Abel que se ria por tudo e por nada. “Ah, ah, ah”, riu-se nas escadas o senhor Carvalho que gostava de ver as outras pessoas rir e por isso ria com elas, fosse por que motivo fosse.  


109 – O pai do Fernando, já bem feitinho, mal chegou à porta de entrada ...

 

(continua)

27
Jun12

Ó Chaves, Chaves...


 

Há dias, num comentário, alguém se congratulava por eu ter dedicado algum tempo à Madalena. Pois embora eu já tivesse dedicado muitos tempos à Madalena e até seja natural da freguesia da Madalena, é bem verdade que o seu núcleo histórico precisava de mais um bocadinho de atenção e até de vida para além da vida comercial diária que sempre teve e ainda vai tendo. Pertencendo aos meus domínios de infância e juventude, já lhe conheci melhores dias, mais movimento e mais alegria. Digamos que o núcleo histórico da Madalena, tal como o núcleo histórico de Santa Maria Maior sofrem da mesma doença – falta gente a habitar-lhe as casas e encerram depois das horas comerciais.

 

É certo que se tem feito a recuperação, revitalização e embelezamento dois núcleos históricos de ambas as margens do rio, mas pelos vistos não é a pedra nova nas calçadas, candeeiros, barricas de flores e um montão de infraestruturas enterradas, com fibra ótica ou sem fibra que dão vida e alegria aos locais, largos e ruas da cidade, é preciso gente, é preciso recuperar as casas  e há que criar atrativos e futuro para a cidade. Erros antigos que hoje começam a doer e ficam à vista de todos. A ausência de estratégias para Chaves (cidade e concelho) e o uso e abuso do betão que fez crescer a cidade sem a desenvolver, são os nossos grandes males e, agora com as políticas de Lisboa em tudo concentrar nos grandes centros ou capitais de distrito, qualquer dia a Chaves só lhe vai restar mesmo o Rio Tâmega e o largo dos pasmados. Chaves precisa de um abanão forte, mas infelizmente não parece haver ninguém, com força, para lho dar…

 


26
Jun12

Dr. Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado


Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado

(27 de julho de 1928 – 25 de junho de 2012)

 


 

Desde ontem à noite nas edições online dos jornais nacionais,e hoje nas edições dos Jornais nacionais e televisões davam a conhecer a morte de Júlio Montalvão Machado e a seguinte notícia:

 

“O fundador do PS Júlio Montalvão Machado morreu hoje, aos 83 anos, informou o secretário-geral do PS, António José Seguro, que lamentou, numa nota de pesar, a morte de "um dos mais ilustres democratas".

 

Para António José Seguro, o falecimento de Júlio Montalvão Machado,  republicano e antifascista, deixa ao país "uma personalidade única, a quem  a República e a democracia muito devem". 

 

Oftalmologista de profissão, Montalvão Machado foi um dos fundadores  da Ação Socialista Portuguesa e, depois, do Partido Socialista. 

 

Fez parte da Comissão Nacional e da Comissão Diretiva do PS, tendo exercido  todas as funções partidárias em Vila Real, distrito de onde era natural.

 

Foi presidente honorário da Federação Distrital do PS de Vila Real,  governador civil de Vila Real (1974-1975), deputado (1979-1980) e presidente  da Assembleia Municipal de Chaves (1993-2001). 

 

Perseguido pelo regime do Estado Novo, Júlio Montalvão Machado só viria  a ser autorizado a exercer funções profissionais no Serviço Nacional de  Saúde após o 25 de Abril de 1974. 

 

Durante vários anos, Montalvão dedicou-se à investigação da História  política portuguesa, em especial o pós-Invasões Francesas e o período da  Implantação da República.  

 

A história dos Defensores de Chaves (1912) e a vida de António Granjo,  primeiro-ministro em 1920-1921 e seu familiar, serviram de base a muitas  das suas publicações.”

 

Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado, embora nascido em Vila Real, viveu e dedicou quase toda a sua vida à cidade de Chaves.

 

Em 1952, na Universidade do Porto,  concluiu a sua formação em Medicina vindo a especializar-se em oftalmologia em 1957, ano a partir do qual começa a exercer a sua atividade profissional na cidade de Chaves.

Embora médico de profissão, os seus amores eram repartidos pela política e pela história de Chaves e da República.

Militante da Acção Socialista Portuguesa viria a ser fundador do Partido Socialista em 19 de abril de 1973, conjuntamente com António Macedo,  Mário Soares, Tito de Morais, António Arnaut,  Jaime Gama, Francisco Salgado Zenha, Raul Rego, Teófilo dos Santos, Arons de Carvalho, Coimbra Martins e mais umas dezenas de nomes sonantes da vida política portuguesa.

 

Foi o primeiro Governador Civil do Distrito de Vila Real no pós 25 de abril de 1974, fez parte da Mesa do 1º Congresso Nacional do Partido Socialista e foi eleito sucessivamente para  a Comissão Nacional do Partido Socialista. Foi eleito deputado pelo circulo de Vila Real em 1979.

 

A nível local e distrital ocupou vários cargos na estrutura do Partido Socialista bem como no poder autárquico como Presidente da Assembleia Municipal.

 

 

Como homem político e Socialista era estimado e respeitado por todos os quadrantes políticos.

 

Era também um estudioso e investigador de história, principalmente da República e da Vila e Cidade de Chaves, temas sobre os quais publicou vários trabalhos em colaborações, entre as quais com o Grupo Cultural Aquae Flaviae do qual também é fundaor,  e em duas obras de referência para Chaves – “ A Crónica da Vila Velha de Chaves”  e a “República em Chaves”

 

 

Em 10 de Julho de 1995, Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado foi agraciado pelo Presidente da República Portuguesa com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, condecoração que é atribuida para distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade.

 

Chaves, desde ontem, está mais pobre.

 

O Funeral do Dr. Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado realizou-se hoje, às 16 horas em Chaves.

 

 

26
Jun12

Pedra de Toque - Prenda de aniversário


 

 

 

Prenda de aniversário

 

 

Hoje, pouco depois da meia-noite, quando já estava na cama, uma fada alada murmurou ao meu ouvido: “A Gabriela faz anos, hoje, dia 14”.

 

Corri para o computador porque quis ser dos primeiros a felicitar-te e porque hoje iria ter um dia muito ocupado e temia, quiçá, esquecer o evento.

 

Regressei depois à cama, contigo inteira na minha cabeça, e, aconteceu o que não pode nunca acontecer com uma amiga.

 

Por isso e desde já, as minhas desculpas.

 

Eu vou contar.

 

Dormi contigo Gabriela. Juro.

 

Quando o sono chegou por milagre ou aparição, o sonho trouxe-te para juntinho de mim…

 


 

Tenho memória de muita água verde transparente, cintilando com a luz brilhante do sol, de aves coloridas de penas raras e exóticas, de ruídos feitos de silêncios, tudo envolto num manto diáfano de paz serena.

 

Senti arrepiado a lisura da tua pele e vi, claramente vista, a seiva da tua boca viçosa que saboreei.

De repente, como por feitiço ou magia, em vertigem louca caímos num mar imenso e quente almofadado de tulipas e jasmins e paramos quasi no centro da terra colados, tremendo.

 

Acabámos por dormir embrulhados no cansaço e na felicidade eterna do momento.

 

Foi querida uma autêntica e incurável possessão.

 

Quando o chuveiro do vizinho me acordou de manhã cedo, apesar da tua ausência, corei.

 

De tristeza por tu não estares, de vergonha porque com uma amiga certas coisas não podem e não devem acontecer.

 

Porque a vida não comanda o sonho, porque há impulsos gostosamente irresistíveis, porque a felicidade também é feita de momentos breves, reitero as minhas desculpas.

 

Se estivesses perto oferecia-te um presente.

 

Já que o que acabo de escrever é a mais pura e lídima das verdades, aceita este pequeno texto escrito ao correr da pena, como prenda de aniversário.

 

E um beijo. António

António Roque

 


25
Jun12

Quem conta um ponto...Da expetativa ao imobilismo (XXI): O Monólito e/ou o Caminho de Santiago ou o Caminho de Fátima ou/e o Monólito…


 

Da expetativa ao imobilismo (XXI): O Monólito e/ou o Caminho de Santiago ou o Caminho de Fátima ou/e o Monólito…

 

A Eurocidade tem destas coisas, além de nos permitir (a quem tiver o cartão, claro está) ir para o Rebentão com desconto de alguns cêntimos, de nos possibilitar entrar nos museus cá da terra de graça, e assim poupar um euro de cada vez, além de facultar aos turistas que nos visitam o direito a passeios turísticos gratuitos, possui, desde há um mês a esta parte, um troço de 38,2 km do Caminho de Santiago.

 

Milagre, gritarão os estimados leitores mais crédulos. Mas, lamento desiludi-los, não se trata de um milagre. É, apenas, mais uma iniciativa da Câmara do bairro sul da Eurocidade (agora presidida por António Cabeleira, pois o senhor presidente eleito apenas vai a despacho), e antigamente conhecida como mui nobre e leal cidade de Chaves. 

 

Esse incrível empreendimento de terra, cascalho e poucas ervas verdes e muitas secas, foi inaugurado no passado 4 de maio. Cerimónia presidida pelo ainda então vice-presidente, agora já presidente em exercício, pois o chefe eleito apenas vai a despacho. E, dizem-nos, já não é nada mau, pois qualquer dia, se a pimenta lhe chega ao nariz, AC é muito bem capaz de dar por terminado definitivamente o mandato de JB e proclamar-se presidente, não vá alguém adiantar-se-lhe.

 

Mas, como ia dizendo, para perpetuar a efeméride, António Cabeleira descerrou um monólito e, não contente com isso, resolveu explicar aos presentes que, “além da importância da fé, foi relevante traçar um percurso turístico onde os peregrinos e/ou caminheiros (bem este “e/ou” é que constituiu a pedra de toque do seu douto e sentido discurso) possam desfrutar da natureza e de espaços culturais das localidades (um milagre e uma aparição ou uma alucinação?)

 

Entusiasmado com a chama do Santo, que ficou conhecido na história como o Matamouros, António, não o santo padroeiro de Lisboa, mas o nosso quase pio vice camarário, esclareceu os presentes que “no nosso município, levamos as pessoas a conhecer o nosso território e a passagem por um percurso mais urbano pode ser aproveitada para as pessoas visitarem espaços culturais e descansarem” (novo milagre e/ou outra aparição ou/e alucinação?).

 

Vítima, benigna, é necessário dizer, da trilogia alucinatória e/ou milagre ou/e aparição, quando não tudo junto, o senhor vice AC, encontrou ainda forças para explicar que o tal caminho do Santo Matamouros serve para “reforçar a nossa grande atratividade turística”.

 

Esta “grande atratividade turística” só pode ser vista, e exaltada, por quem enxerga muito para além da realidade. Só está ao alcance dos visionários. Mais um suave milagre do santo galego e/ou alucinação divina ou/e aparição celestial, de que foi vítima, benigna, é necessário voltar a afirmar, da trilogia delirante do vice camarário do bairro sul da Eurocidade, antigamente conhecida como terra dos flavienses. 

 

Além disso, o nosso delirante vereador e/ou vice camarário ou/e presidente em exercício de funções, António Cabeleira, vê neste troço de areão e ervas que percorre o território do bairro sul da Eurocidade, antigamente também conhecido como terras de Aquae Flaviae, além de “um caminho espiritual, um destino turístico”.

 

Para comprovar isso mesmo “ficou definida a dupla marcação do caminho permitindo o fluxo de peregrinos também para Fátima”. Ou seja, é um caminho “dois em um”, tanto permite que uns peregrinos e/ou caminhantes vão para Santiago rezando e/ou assobiando ou/e cantando, enquanto outros se podem dirigir a Fátima sem se enganarem no caminho cantando e/ou assobiando ou/e rezando. É este o terceiro e/ou segredo ou/e milagre (não de Fátima, mas de AC).

 

Para os estimados leitores aquilatarem da estratégia democrática e/ou abrangente do nosso rompedor de caminhos sagrados (ou/e inaugurador de monólitos) e/ou profanos ou/e turísticos, podemos referir que o caminho de ervas e cascalho atravessa 12 freguesias, que daqui a uns meses podem muito bem ser apenas oito e/ou sete ou/e seis, dependendo e/ou da bênção do governo (do cardeal Richelieu que dá pelo nome de Miguel Relvas) português ou/e do milagre da autarquia do bairro sul da Eurocidade, antigamente também conhecida como município flaviense.

 

Então ei-las, as 12 freguesias, que, por intervenção divina de AC e de MR, se verão reduzidas a metade. Sim, nós sabemos que os milagres, por tradição e uso, consistiam na multiplicação, fosse ela do pão, dos peixes ou do vinho. Mas isso era antigamente. Agora os milagres são feitos ao contrário: reduzindo, subtraindo, dividindo. Reduzem-se os salários, cortam-se o 13º e o 14º meses, surripiam-se as pensões de reforma e os abonos de família. E isto sem nenhuma contestação enérgica. Isso sim é milagre. É um grande e suave milagre. Toda a Europa está de boca aberta. Pudera. Somos caso único.

 

Mas as tais doze freguesias que, por milagre do nosso beato António, passarão a ser metade, são: Oura, Vidago, Selhariz, Vilas Boas, Vilela do Tâmega, São Pedro de Agostém, Samaiões, Madalena, Santa Maria Maior, Santa Cruz/Trindade, Outeiro Seco e Vilarelho da Raia.

 

A cada junta de freguesia o senhor vice do bairro sul da Eurocidade, antigamente conhecida como terra dos transmontanos de Chaves, solicitou apoio na “sensibilização da população local para a importância do caminho para a freguesia…” (que por milagre poderá passar a fazer parte de uma outra), “… colaboração na marcação do trajeto e apoio e vigilância e manutenção do mesmo”.

 

Ou seja, agora cada cidadão das terras do bairro sul da Eurocidade ou arredores (antigamente também conhecidos como flavienses), vai ter de estar atento e participar com o seu sacho e as suas mãos na monda das ervas que podem invadir a terra e o cascalho do Caminho de Santigo e/ou Caminho de Fátima ou do Caminho de Fátima ou/e Caminho de Santiago. E podem, e devem, também estar atentos, não vá algum sarraceno desviar o caminho ou então rodar as placas de orientação, levando a que os caminheiros e/ou peregrinos que se querem dirigir a Santiago vão para Fátima e os peregrinos ou/e caminheiros que pretendem dirigir-se a Fátima vão ter a Santiago. Ora isto seria o descalabro. Pois, mesmo sendo os dois caminhos veneráveis, os seus fiéis são distintos. E ninguém anda a pagar promessas a Nossa Senhora de Fátima para elas virem a ser entregues a Santiago e/ou vice-versa, ou/e vice-versa e/ou Fátima. Confesso que estou a ficar um pouco baralhado. Mas vou continuar.

 

Relativamente à rede de albergues no troço que atravessa o bairro sul da Eurocidade, antigamente também conhecido como Chaves cidade, os peregrinos e/ou caminheiros ou os caminheiros ou/e peregrinos, vão poder pernoitar e/ou dormir ou/e descansar nos Bombeiros Voluntários de Vidago e/ou nos Bombeiros Voluntários Flavienses ou/e no Centro Social e Cultural de Vilarelho da Raia. 

 

E por hoje é tudo e/ou quase. Confesso que continuo um pouco baralhado. Mas para a semana prometo já estar um pouco menos confundido e/ou quase ou/e talvez ou/e/ou. Ou será que e…

 


João Madureira

 

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