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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

27
Set13

O Barroso aqui tão perto...


 

GAITA-DE-FOLES COM OLHOS E BOLSA ROTA…

 

Um dia o Prica foi à feira da Venda Nova. Andava ele a ver o toural do gado, esbarra com o Lobete da Coimbró e o Raposo de Salto a marralharem o preço duma vaca.


Chamaram-no para fechar o negócio.


Ora o Prica ficou, por assim dizer, entre o diabo e a mãe. O Lobete era primo; o Raposo, vizinho de porta.


Pergunta o Raposo, que, no caso, era quem vendia:


- Ó Prica, diz lá: a vaca é boa ou não é?


- É boa, é! – responde o Prica em voz alta. E depois, cosendo-se com o primo, em surdina: - Mas abortou há quinze dias…


Mas que o Lobete ouvia mal…


- Que dizes?


- Que a vaca é boa! – repete o Prica, arredondando a voz. E, por entre dentes: - Mas abortou há quinze dias…


- O Quê? – volta o Lobete, pondo a mão em concha atrás da orelha.


- Que a vaca é boa – Grita o Prica. E, voltando costas: - Vai-ta-foder…




Meia hora depois, o Raposo estava direito com ele.


- Vamos beber um copo.


- Obrigado, mas por agora não me apetece – responde o Prica, ainda com a má consciência de ter enfiado o barrete ao primo.


- Não me faças uma desfeita dessas! – insiste o Raposo. – Com um sol destes, quem não há-de ter sede? Cá por mim, estou com um secão que nem me tenho nas pernas. Vamos ali ao Machado, que tem lá um verdinho detrás da orelha.


Realmente estava calor e o Prica sentia a garganta seca. Aceitou o convite.


Estavam eles ao balcão, aparece o Lobete. Atrás do Lobete, vieram outros. Agora pago eu, depois pagas tu, pelo varrer da feira o Prica estava com uma zurca de todo o tamanho. Comprou um quarteirão de sardinhas para levar à patroa, meteu-as entre a camisa e a coiracha e juntou-se aos vizinhos que regressavam a casa. Lá veio vindo, monte arriba, de canto em esquina. À entrada do povo, apeteceu-lhe mijar. Desabotoou a carcela, puxou a cabeça duma sardinha para fora e pôs-se a mijar pelas penas abaixo.


Sentido o mijo nas coxas, começo a gritar:


- Ó rapazes? Quereis lá ver que se me rompeu a veia da urina? Ai a minha desgraça…


E, olhando para a sardinha na mão direita, à luz do luar, benzeu-se com a esquerda:


- Tó, diabo! Há sessenta anos que te tenho, e só agora reparo que tens olhos…

 

Bento da Cruz, In Histórias da Vermelhinha


27
Set13

Discursos sobre a cidade - Por Isabel Seixas


 

Reflexos do tempo


Claro que vou votar, nem as eleições se faziam…

 

A época é de reflexão e as premissas são areias movediças onde a desconfiança se afoga e vem ao de cima…


Se o teu silêncio histórico te permitisse escolher, se a torre de menagem visse quem te defende mais do que se defende a si próprio, que… Convenhamos também é legítimo…


Hum, Chaves os dias de sol aumentam o calor da expectativa de mudança, nem que seja para o mesmo modelo de gestão autárquica.


Os discursos derivam para o enfatizar os defeitos dos opositores e as virtudes de quem discursa …


Há sondagens estratégicas para induzir subliminarmente o voto e quem as encomenda ganha quase sempre.


Acordas com o hastear bandeiras nos carros com um fundo musical apelativo e ouves cidadãos cantar vitória mesmo predizendo a derrota…


Anda por aí uma esperança de obtenção de dividendos, de curiosidades mas mais ainda de esperança, esperança em recuperar os jardins da nossa saudade, em fazer os teus jardins irradiarem mais consensos…


A tua imagem estrutural é agora discutida ao pormenor e já todos são cirurgiões plásticos que sugerem as tuas operações estéticas como se ao mudar o traje se mude a alma…


Desde os trabalhadores que vivem nas tuas madrugas aos que percorrem as tuas noites , desde as cores das tuas rotundas proclamadas por flores viçosas, os fortes guardam-te nos bastidores da discrição serenos como sereno e quase vazio o Tâmega nas suas águas cansadas de esperar as chuvas sua lufada de ar e água fresca para não estagnar, desde os bustos  que escreveram a tua história, o teu coração bate mais forte da lapa  até à top model…


Conhecemo-nos mutuamente há 42 anos ostento-te com o orgulho de quem Te vive Chaves cada dia,  os teus palcos são inclusivos e abarcam quem te quiser…O meu amor por ti é sempre, a minha vinculação debruada a afeto troca de colo nos teus espaços conforme a fome e a sede dos meus pensamentos, neste retiro de reflexão para ver a quem vais vestir as calças não esqueças esta explosão generalizada de amor por Ti Mulher fatal que todos Te querem governar…


Claro que vou votar, nem as eleições se faziam…


Também o teu povo é soberano e sabe decidir…

 

Isabel Seixas



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