Pecados e picardias
A taverna
Tarde 4
Entraram os da construção civil
Pediram cerveja de barril
Pão com azeitonas pimentos do vinagre
Sentaram-se à mesa com grande à-vontade
Cansados do trabalho árduo
Gozam descanso merecido
Esquecem depressa o fardo
De mais um dia esquecido
Na taverna sentem a vida
Num constante renascer
Devem vitalidade à bebida
Ao convívio o prazer
Falam de tudo o que gostam
Dos filhos e de outras mulheres
Até entre eles apostam
Qual o que tem mais afazeres
Encontraram ao fim da tarde
Antes de ir para casa
A compreensão dos amigos
Todos querem um grão na asa
Pediram bolos de bacalhau
Uma segunda rodada
A conversa estacionou
Na antevisão da noitada
Já sabiam do javardo
Que noite se afigurava
Para passar um bocado
E sair de casa à socapa
Mas hoje deitava a tarde
Tinham de arranjar desculpa
Diziam que era o trabalho
Calavam as mulheres…sem culpa
Já estavam de olhos brilhantes
Com pensamentos comuns
Com imagens perturbantes
Desejos de urubus
Hoje nem vai passar o tempo
Tal a ânsia do momento
Ilusões de que é a vida feita
Do sabor a pecado que a deleita
Isabel Seixas