Intermitências
Hedonismo
A festa só ainda agora começara, mas ele não esperou. Antes de sair apenas disse: "Valorizo demasiado o meu tempo para fazer o que não me apetece". Saiu.
Choveram olhares, comentários, intrigas, invejas, aplausos. Um verdadeiro festival de emoções reaccionárias que ele sempre procurara despertar.
O que lhe dera naquele momento?
Tudo. Simplesmente recusou o nada. Recusou continuar a viver de aparências. Libertou a fera. Libertou-se do parecer. E feriu sensibilidades.
Se se sentia mais livre?
Nada. Simplesmente não se pode ter tudo. Vivia no contraditório. Não evitava consequências.
A festa só ainda agora começara, mas ele não esperou. Saiu pela porta grande.
Ela chorou, mas não disse nada. Sabia que nunca iria alcançar tudo e resignou-se continuar a viver no nada. Para ela, a festa não iria terminar nunca.
Se se sentia triste?
Nada. Simplesmente via-se a ela própria reflectida nele. A festa não iria terminar nunca e ele seria sempre convidado.
Sandra Pereira