Estratos
A minha rua
Na minha cidade cabem ruas, largos e jardins. E aqui também.
As avenidas não moram lá. Para as praças não encontrei lugar.
Há o Jardim Público. Houve o das Freiras. Agora chamo-lhe Largo.
Depois há a rua da Tia e a do Avô. E a da Tia Lili, que já foi da escola.
As passadeiras têm títulos de estórias. Os sinais de trânsito são capítulos.
Gostava de ter uma rua. Assim, como as deles.
Uma rua que fosse minha, sem o meu nome na rua.
As ruas deles serão sempre minhas. Esta não. Já era daqueles.
Lá, na cidade que não é minha, tenho uma rua. Ganhei-a pela batota de ali ninguém conhecer.
Vou cosê-la ao mapa da cidade sem praças e avenidas. Ainda bem que é só um canto de rua. Vou juntá-la à outra que o homem guardava.
Rita