Santa Bárbara, mais uma vez...
“Às vezes ando praqui com a maluqueira na cabeça, subo lá cima e passa-me tudo…” – disseram-me em tempos, cá em baixo, enquanto um gesto e um olhar iam apontando lá para cima, para um pequeno ponto branco na croa do monte. Nunca eu tinha dado por ele. No mesmo dia subi lá cima para satisfazer a curiosidade e rendi-me para todo o sempre. A partir daquele dia, mesmo sem maluqueiras na cabeça, subo lá com frequência, pois na realidade saímos de lá curados de todos os males.
O pontinho branco na croa do monte é a capelinha de Santa Bárbara, na croa do monte do mesmo nome, aqui à beirinha de Chaves, em Ventuzelos, De lá vê-se todo o concelho de Chaves, ou quase, pois o Brunheiro tapa as terras do planalto, mas naquilo que o brunheiro não tapa, as vistas entram dentro dos concelhos vizinhos de Vila Pouca de Aguiar, de Boticas, de Montalegre e um pouquinho de Valpaços. A Norte, as vistas entram pela Galiza dentro.
Também todo o vale de Chaves e a própria cidade são vistas de Stª Bárbara, de onde é bem visível a barbaridade de pontinhos brancos que povoam a veiga de Chaves a marcar a era do betão, como se de uma erva daninha se tratasse.
Enfim, e se para Norte a barbaridade do betão tem a sua marca, para Sul a marca mais recente é outra, não menos bárbara ao ter apagado todo o verde e deixar tudo reduzido a cinzas. Um incêndio (de há dois anos atrás) que por pouco não levou com ele a própria capela de Santa Bárbara.
Enfim, lá em cima, na croa de Santa Bárbara, curam-se as maluqueiras da cabeça e outros males da alma, embriagamo-nos com as vistas, mas também as maleitas ficam à vista e só se formos mesmo cegos é que não as conseguiremos ver.