Pecados e picardias
A Taverna
NOITE-1
E da astenia do entardecer
Surge o homem ausente
Sabe que é invisível
Faz por o merecer
Não fala a toda a gente
Olhar inóspito temível
O servente serve-lhe a aguardente
Bebe metade
Sente-a agreste… e tão quente
Permite-lhe o à vontade
De antever uma noite intolerante
Ninguém o perturbava
Viu a patroa na cozinha
O aspecto dela disfarçava
Como ele… a vida Sozinha
Lembrou-se que já sentira alegria
Em tempos quando ela lhe disse
Que iriam ter um bebé… uma filha?
Fugiu depois sem ele saber a quem atribuísse
A culpa… do abandono da sua empatia
Um dia …um dia
Se existir juízo final
Há-de encontrá-la…
Sem força …a maior …a da vontade
De amar mais ninguém…só a ele
Deixá-la-á à mingua em fase terminal
Da mais pura nostalgia
Há-de assombrá-la
Com a falta de compaixão da sua veleidade
O facto de fugir com outro
Não o afligia
Mas …o seu filho?filha?
Não conseguia
Um dia num futuro
Ou num presente
Havia de se encontrar
Com as imagens da mente
Iluminar o agora escuro…
Poder finalmente libertar…
Bebeu o resto da aguardente
Isabel Seixas