Discursos Sobre a Cidade - Por Isabel Seixas
No tempo em que te escrevi a lápis
No tempo em que te escrevi a lápis
E decalquei numa folha em branco
As sombras onde ainda me resguardo,
Foi um tempo diferente
Dos teus olhares que queimam
E me aproximam de ti nas fugas
Aquele mesmo tempo adolescente
Onde te escrevi a lápis de carvão
Num desenho pardo onde sempre durmo
De barriga pra baixo, no tapete de folhas que teimam
Em secar no verão,
Foi um tempo quente
nos sentimentos embargados
engolidos a seco, sempre, isolados e sem rumo…
no tempo m que te escrevi a lápis
de cor sempre jardim das freiras à procura,
de algum motivo de amor
numa paisagem de sol e nuvens onde acordo sorrisos
sem idade, tomo café com os amigos do costume
talvez nas caldas ou num sport
Foi , é um tempo de alma
de mãos dadas com a vida em espera
tal qual a história na cara da ponte romana em fado de severa…
no tempo em que te escrevi a lápis…
Isabel Seixas
in Chaves Musa Inspiradora