Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

04
Jun14

Chá de Urze com Flores de Torga - 39


 

Pampilhosa da Serra, 25 de Novembro de 1979

 

Ao cabo de muitos e afanosos anos a percorrer Portugal – as suas mais recônditas aldeias visitadas, as suas mais secretas intimidades surpreendidas -, chego a esta triste conclusão: de tudo o que fomos, resta-nos apenas a paisagem e a língua. O resto foi-se. As rodas e as asas do progresso, a rádio, o cinema, a televisão, a onda de retornados e o fluxo de emigrantes subverteram e desfiguraram irremediavelmente a nossa realidade social e cultural. Usos e costumes pervertidos, arquitectura adulterada, memória perdida de valores ancestrais. Terras que conheci arcaicas há uma dúzia de anos, estão irreconhecíveis. E quem queira encontrar ainda em qualquer parte testemunhos da nossa identidade tem de olhar os panoramas e de ouvir falar. O chão e o verbo. Só neles persiste a pátria primordial como latência e vestígio.

 

Miguel Torga, in Diário XIII

 

 

Coimbra, 6 de Agosto de 1980

 

A alma pequena dos pequenos! Ninguém aqui admira ninguém. Aplaudimo-nos, quando aplaudimos.

 

Miguel Torga, in Diário XIII

 

 

03
Jun14

Intermitências


 

Desabafo

 

- Um momento, por favor!

Só um momento... de calma, dentro da realidade, ou fora dela! Não me importa!

 

 Promenade des Anglais, Nice, France, Abril 2014 - Fotografia de Sandra Pereira

 

Um momento, por favor!

Só um momento... de miragem, de cor, de belo, de arte, de quietude, de paz...

 

Sandra Pereira

 

02
Jun14

Quem conta um ponto...


 

192 - Pérolas e diamantes: em defesa da contradição

 

Há muito de aleatório na maneira como crescemos e nos vamos educando, embora seja pertinente a velha máxima que diz: “Só se encontra aquilo que se procura.”

 

Dei-me conta, tarde demais, mas mais vale tarde do que nunca, que não sou feito para a servidão, nem para a bajulação, que, como todos sabemos, são as passadeiras para o poder.

 

Depois de tantos anos de teimosia política e cultural, acho que sou um sobrevivente. Sou também um terreno de contradição.

 

A política ensinou-me sempre o contrário. No entanto, a cultura demonstrou-me que a vida é múltipla e de que tudo resulta da contradição. A política ficou triste, coitada.

 

São a contradição e a violência o que faz mexer o mundo. Eu sei que é duro de admitir. Mas é mesmo assim.

 

Da violência, mesmo que revolucionária, desisti quando soube dos gulags, dos muros construídos para separarem a verdade da realidade e a realidade da verdade, dos assassínios dos camaradas bolcheviques consumados pelos camaradas bolcheviques, dos massacres, das perseguições e dos fuzilamentos em massa. E da falta de liberdade. “Das mais amplas liberdades”, como gostava de afimar o camarada Cunhal.

 

E da reacionária nem é bom falar. Ainda não consegui entender como é que da sociedade alemã da altura conseguiu emergir um líder como Hitler e todo o “mal” que sempre o acompanhou.

 

Todos sabemos que não foi um problema de estupidez nem de falta de formação o que levou as pessoas, até as mais ilustres (lembremo-nos de Heidegger ou de Ernst Jünger), a aderirem, a suportarem e justificarem tudo aquilo. E nunca é demais lembrar que Hitler chegou ao poder de forma democrática.

 

Salazar, diz o professor Adriano Moreira, era um homem inteligentíssimo, muito atento e com muita graça. Também escrevia muito bem, como o próprio Fernando Pessoa chegou a reconhecer.

 

Como é que uma pessoa com essas capacidades conduziu o país, durante 48 anos, ao atoleiro de ignorância, marasmo e sufoco cultural, é que ainda está por explicar convenientemente.

 

Toda a sua tacanhez e pequenez dão que pensar. Como bom fascista (lembremos Mussolini e Hitler), possuía o tipo de inteligência habilidosa e sorrateira que fazia vir ao de cima o pior do ser humano: a manipulação. Era, como também escreveu Pessoa: “Uma alma sordidamente campestre.”

 

A psicoterapeuta psicanalítica, Clara Pracana, entende que a “grandeza” maléfica de Salazar assentou em dois pontos cruciais da sua governação: a promoção da ignorância do povo e a habilidade em exauri-lo da sua vitalidade criativa.

 

Por isso acha que há qualquer coisa nos portugueses que os faz “tender para o pequenino, para o lamuriento, para o dependente (de messianismos vários), para uma espécie de cinismo trapaceiro, de trazer por casa”. 

 

Provavelmente tivemos o ditador que merecemos. Foi-nos bem feito.

 

Mas voltemos à contradição. Ela, a impertinente, tem o aspeto muito positivo de tender para a problematização. Como adepto da contradição, não tenho ideias fixas sobre nada, à parte algumas convicções sólidas sobre a verdade, a palavra, a honra e a cultura.

 

Inerente à contradição está a ideia de movimento. Que é o princípio da natureza. Desde novo que essa ideia me persegue. Daí o não conseguir manter-me nos partidos políticos, porque são estáticos. Além disso, falta-me o jeito para respeitar as diretivas partidárias, até porque sou incapaz de defender ideias com as quais não concordo. E também porque me sinto confortável a pensar e a refletir sozinho.

 

Isso fez de mim alguém que, por não ter certezas, não consegue aceitar o pensamento unívoco, totalitário.

 

Prezo muito a minha liberdade (ó cultura, estouvada mãe, a quanto obrigas!) e quero mantê-la. Quero continuar aberto ao confronto de ideias com os outros, porque sei que sou incapaz de viver de outra maneira.

 

Temos de ouvir toda a gente. Não podemos ter posições doutrinárias rígidas.

 

Gosto de eu próprio ir percebendo as coisas à medida que as explico. Confio em três características: a capacidade de ler o mundo, a capacidade de negociar as diferenças e de as traduzir e explicar aos outros.

 

João Madureira

 

 

01
Jun14

Exposição Coletiva de Associados Lumbudus - Adega do Faustino - Chaves


 

A presente exposição fotográfica de Associados Lumbudus resulta de um dia de campo num workshop de fotografia,  orientado por António Sá, que decorreu em terras de S.Vicente da Raia, ao longo da raia com a Galiza e tendo de fundo como principal cenário um antigo trilho do contrabando entre Soutochão (Galiza) e Segirei (Portugal),  cujo percurso se faz ao longo de um riacho (Regueiro do Pontón) em terreno às vezes muito acidentado,  o que origina algumas pequenas cascatas.

 

Para além da técnica fotográfica e tal como salientava o orientador do workshop que “Partindo da premissa de que não é o excelente domínio da tecnologia que garante as melhores imagens, este workshop procurava recuperar noções essenciais da fotografia enquanto forma de expressão artística: a importância da luz, a originalidade do ponto de vista da composição, a criatividade associada a diferentes temáticas. São estes alguns dos ingredientes que, através de projeções, análise de obras fotográficas e a indispensável prática, podem ajudar os fotógrafos de hoje a entender a simplicidade da receita de sempre”.

 

Foram estes mesmos ingredientes que levaram a que onze fotógrafos amadores associados da Lumbudus, com diferentes idades, diferentes experiências fotográficas e diferentes formas de olhar, se juntassem para um dia de fotografia de campo e reunissem alguns dos seus trabalhos, com o olhar de cada um, e que se atrevem a deixar nesta exposição para apreciação e reflexão, de todos.

 

 

 

 

01
Jun14

Pecados e picardias


 

1ªComunhão

 

À  Ana

 

O dia veio com sol

A condizer com a tua alegria

Em salva de palmas,

cores  e sorrisos flores  girassol ,

 

Também os sonhos,

 Vieram todos da infância

Todos contentes pra festa

Vestidos das tuas roupas de inocência

 

 enfeites de bonecas , vestidos de folhos

 

Ai, batismo  memória

poesia para no futuro lembrar

casinhas na árvore  da tua história

crescer a sério mas a brincar

 

flor a flor  amuo a amuo

jorro de risos, ditados com erros

saltitas com pressa sobes ao muro

pulas a corda, jogos de tudo

voo que te leve à fonte

asas de borboleta leves no tempo

levas a sede no teu horizonte

bebe das raízes, da escola, do vento

 

leva sempre na pasta

um livro de amor,

os lápis de cor

o fato de ginasta

 

Sorri até ao céu ,sorri até ao mar

E vive, vive, vive não deixes nunca de sonhar

E Então…

Podes e deves lembrar a tua 1ª comunhão…

 

A tua tia

Isabel

 

Isabel Seixas

 

 

01
Jun14

Mairos, com passagens e paragens


 

Mairos hoje é mais uma das minhas aldeias de passagem do concelho de Chaves, e entenda-se por aldeia de passagem uma aldeia pela qual se passa para atingir outros destinos e aldeias, mas nem sempre foi assim, pois há coisa de 30 anos tal não acontecia, pois a ligação pavimentada entre Mairos e S. Cornélio não existia.

 

 

Assim, sendo Mairos uma aldeia de passagem, vamos ao seu encontro com muita mais frequência, tanto mais que de cada vez que o meu destino são as aldeias de montanha (Travancas, Argemil, S.Vicente, Orjais, Aveleda, Segirei, Roriz, Dadim, Cimo de Vila da Castanheira, Sanfins, Santa Cruz da Castanheira, Mosteiro, Polide, Parada e S.Gonçalo – penso não ter esquecido nenhuma) se na ida vou pela Bolideira à vinda venho por Mairos para regressar a Chaves, e o contrário também é verdade.

 

 

Passamos com mais frequência por Mairos mas nem sempre paramos, no entanto se há qualquer coisa que desperte um clique fotográfico, lá terá de ser – adia-se a pressa - esquecemos o relógio por alguns segundos ou minutos, sacamos da câmara fotográfica et voilà, vamos enriquecendo o nosso arquivo fotográfico.

 

 

Pois as imagens de hoje são alguns desses momentos que despertaram um clique, alguns têm tanto de simplicidade como de beleza e no entanto nem sempre reparamos nela, porque é suposto não reparar-se nessas coisas. Refiro-me à flor da batateira que, não enfeita jarras mas nem por isso deixa de ser bonita, ou então são os meus gostos que andam estragados.

 

 

Pág. 5/5

Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

19-anos(34848)-1600

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    • FJR

      Esta foto maravilhosa é uma lição de história. Par...

    • Ana Afonso

      Obrigado por este trabalho que fez da minha aldeia...

    • FJR

      Rua Verde a rua da familia Xanato!!!!

    • Anónimo

      Obrigado pela gentileza. Forte abraço.João Madurei...

    • Cid Simões

      Boa crónica.

    FB