Calvão, três imagens ou um pretexto para umas palavras
Um dos principais problemas da humanidade, principalmente da atual, é a de querer viver e tirar o máximo partido do presente, sem qualquer interesse pelo passado e pouca ou nenhuma preocupação com o futuro. É por essa razão que os poucos que ainda se vão preocupando com estas coisas, mas principalmente com o futuro a médio e longo prazo, nos alertam para a sustentabilidade e, porque sabem que eles têm razão, os do poder económico e político, agora em todos os seus projetos acrescentam a palavra “sustentável”, mas quase e apenas isso, pois para além de alguns negócios chorudos que se vão fazendo com o pretexto da sustentabilidade, estão-se a marimbar para ela e apenas lhes tem servido para enfeitar o nome dos projetos e aumentar a sua riqueza.
É escusado, a História e o futuro a longo prazo de pouco valem se não interessarem aos poderosos, e está provado que não interessa, nada lhes interessa para além do dinheiro e do poder que podem obter no presente e num futuro muito próximo que ainda possa ser gozado por eles.
Mas onde, ou em que, este discurso tem a ver com Calvão (a nossa aldeia de hoje), ou com outra qualquer aldeia no nosso concelho, ou do nosso Trás-os-Montes, ou do interior de Portugal? – Pois tem a ver com tudo e com nada. Tem a ver com tudo porque as aldeias são as primeiras vitimas da falta de sustentabilidade. Quanto ao nada, é aquilo que elas velem para os poderosos, os do poder económico e político, e é por isso que as nossas aldeias estão condenadas e vão definhando, morrendo lentamente para definitivamente se perderem com a morte dos últimos resistentes. Todas as politicas é para aí que apontam. E temos pena, pois temos. E nada fazemos, pois não. De tão entretidos que andamos com o nosso viver o presente a desfrutar dos presentes envenenados que os poderosos nos dão, andamos distraídos, ou melhor, queremos andar distraídos.
É, a vida é assim. Às vezes tenho destes momentos que muitos dirão de pessimismo, os mesmos momentos que eu considero de alguma lucidez.
Fernando DC Ribeiro