vivências - " Os putos"
“Os putos”
“Parecem bandos de pardais à solta,
Os putos, os putos...
São como índios, capitães da malta,
Os putos, os putos...”
É assim que reza a canção por todos nós conhecida... Mas estes “putos” da canção não são os dos nossos dias...
Os “putos” de hoje, sobretudo os que são obrigados a crescer numa grande cidade, enfiados em minúsculos apartamentos, quase não sabem o que é brincar na rua, com outros “putos”, nunca tiveram de improvisar um brinquedo, nunca sentiram um pião a girar na palma da mão, nunca correram pelos campos, nunca fizeram uma fisga ou um carrinho de rolamentos, nem nunca brincaram às escondidas...
Os “putos” dos nossos dias têm tudo o que precisam (e até o que não precisam), mas nem por isso são mais felizes; chegam a casa e trancam-se no quarto a jogar computador, ou então a “conversar” no Facebook ou no Skype com pseudo-amigos, algures no espaço virtual... Muitos deles crescem, impávidos e serenos, sentados em frente a um écran, e quase nem se apercebem que há um mundo lá fora... Como consequência directa, a maioria deles não sabe sequer o que é ter amigos e conversar com eles, cara a cara, sem ser pelo toque dos dedos que se movem sobre um teclado ou um telemóvel para redigir mensagens vazias de conteúdo numa escrita simplificada e cheia de erros...
Daqui a alguns anos, e porque a idade não espera, vão tornar-se homens… e descobrir que nunca souberam ser verdadeiros “putos”...
Luís dos Anjos