As nossas aldeias com imagens de Casas Novas
Hotel Rural de Casas Novas
Há três ou quatro dias atrás num post sobre o Barroso eu dizia: “Às vezes vai-se tão longe, horas, dias a percorrer estradas para ver paraísos e paisagens nunca vistas quando as temos aqui tão perto, a minutos, uma hora que seja de viagem, esquecidas…” Nesse dia dei um exemplo do Barroso de Montalegre, mas poderia ter sido de terras de Vila Pouca, de Ribeira de Pena, de Valpaços, de Vinhais, de Boticas (também Barroso), de Chaves e, porque não, de terras de toda a raia galega que confronta connosco (concelhos de Montalegre, Chaves e Vinhais. Junto todos estes concelhos vizinhos de Chaves porque na realidade Chaves, geograficamente falando, é o centro de toda esta região que tem mais ou menos características comuns.
Solar ou "Casa dos Vilhenas" - Casas Novas
Todas estas terras fazem parte do “Reino Maravilhoso” que Torga descrevia, mas eu acrescentaria que estas terras são um outro reino maravilhoso dentro do “Reino Maravilhoso” de Torga, mas em conjunto, pois só assim conseguirão ser esse reino e não é só pelas paisagens e pelo casario, mas por todo o património histórico, arqueológico, gastronómico e sobretudo por todo o património que tem a ver com a nossa gente, o património social cheio de tradições, saberes ligados à terra, sabores de uma gastronomia única (muito e bom), à vida comunitária, à religião. Temos todos os ingredientes para sermos esse reino maravilhoso dentro do outro reino maravilhoso que o é todo o Trás-os-Montes e Alto Douro, e o que se tem feito por ele? – Nada, ou pior que isso, tem-se desprezado estando mesmo em vias de extinção, pois esse reino maravilhoso de que eu vos falo não existe nas cidades nem nas sedes de concelho, mas nas aldeias com a sua gente lá dentro, pois as aldeias sem gente são como um teatro e o seu palco sem atores. Não basta existir um palco e uma casa de teatro para que o teatro aconteça, são necessários os atores. Com o reino maravilhoso das nossas aldeias acontece a mesma coisa, sem o seu povo não há aldeias, porque as aldeias são mesmo as pessoas, a sua tradição, o seu folclore, as suas crenças. As casas, apenas servem para abrigar esta grande família – ora é aí que está o reino maravilhoso e é por isso (já o disse há dias) que não interessa ao poder (político e económico, ou melhor, ao económico e aos seus lacaios) e é por isso que os do poder lhes viram as costas, e é por isso que as nossas aldeias estão em vias de extinção se, nada se fizer por elas, mas o mais engraçado é que as aldeias e todo o interior poderiam muito bem ser a solução (ou pelo menos contribuir para ela) de toda esta crise económica e financeira atual.
Vista desde o interior do Hotel Rural de Casas Novas
Embora nesta história haja alguns culpados, principalmente os de Lisboa, os piores de todos, são mesmo os nossos culpados ou seja: - os nossos autarcas (ficam de parte a maioria dos Presidentes da Junta, ou será pedintes da junta?). Pois os nossos autarcas, à escala local, vão funcionando por imitação e obediência aos de Lisboa e, se para estes últimos Portugal é Lisboa e o resto é paisagem, para os locais (do poder) o seu concelho é a sua cidadezinha ou vileca e o resto também é paisagem, pois nada, absolutamente nada têm feito para garantir um futuro sustentado (palavra que eles gostam tanto) das aldeias. E dirão eles – “ah não! A gente tem investido muito dinheiro nas aldeias”, e sou testemunha de que é verdade, primeiro foi em abastecimento de água, saneamento, estradas e até em escolas. Investimentos que chegaram tarde demais pois quando as obras destes investimentos terminaram já as aldeias não tinham gente para deles poderem tirar algum rendimento, a única coisa que aproveitaram à séria, foram mesmo as estradas para saírem das aldeias. Ultimamente os investimentos que são transversais a todas as aldeias/freguesias são a construção de casas mortuárias, alargamento de cemitérios e lares de terceira idade. Eu repito e sublinho: construção de casas mortuárias, alargamento de cemitérios e lares de terceira idade – Será preciso dizer mais alguma coisa? – Pois talvez só dizer que no próximo ano letivo está previsto encerrar as últimas escolas rurais que resistiram à última leva.
Casario rural tradicional de uma das ruas de Casas Novas
Mas, felizmente, ainda vai havendo alguns, poucos mas alguns bons exemplos daquilo que se pode fazer com e nas nossas aldeias. Projetos de pessoas que acreditaram e que em todos, repito em todos contam com as comunidades locais, as pessoas das aldeias como parte integrante desses projetos, mas não vou gastar mais palavras no assunto, pois basta visitarem os sítios na NET através dos links que a seguir vos deixo para ficarem a saber de que projetos se trata.
http://www.aldeiasportugal.pt/
http://www.aldeiasdeportugal.pt/PT/
http://casasbrancas.pt/content/view/33/47/lang,pt/
Quanto às imagens de hoje são de Casas Novas, uma aldeia que tem de tudo para ser uma aldeia de sucesso e, até a nível de privados se tem feito alguma coisa por isso, mesmo contra todas as burocracias e toda a legislação que em Portugal apenas se atende pelo lado da proibição e não do consentimento. Está-nos no sangue, principalmente no sangue dos legisladores, por isso, ser também um dos traços da cultura portuguesa, mas não só. Ao respeito (burocracia) deixo um vídeo youtube. Está falado em castelhano e legendado em inglês, mas mesmo que não domine nenhuma destas línguas, entende-se bem. PARA OUVIR, POR FAVOR DESLIGUE O RÁDIO NA BARRA LATERAL DIREITA, conforme indica a figura seguinte: