Estratos
Bem-haja
Grande Avô,
Tenho ido à casa que será para sempre tua. Virou corpo desalmado.
Abro janelas. Fecho janelas. E nem Chaves a salva.
Depois, Grande Avô, não vou querer passar mais naquela rua. Na tua rua que tem nome de outra pessoa. Ainda não te contei, Grande Avô, o Padre enganou-se e chamou-te pelo nome da tua rua. Foi quase um engano acertado, aquele.
Cheguei cedo, Grande Avô. Vi tocar o sino. E da sombra da árvore ouvi um “quem terá sido?” que deixei sem resposta. Não te zangas, ora não? Grande Avô! Então? Tu és o maior poupador de palavras que conheço. Com duas dás um sermão. (Não servirias para Padre, Grande Avô. Olha, e ainda bem!)
Agora Grande Avô, tenho de ir tratar de cousas, como diria o Tio Lelo. Logo mais te darei notícias. Alguém tem de o fazer! Não lhes leves a mal, Grande Avô. Eles não acreditam muito nisto. Mas fizeste um bom trabalho. Só não lhes podias deixar a fé que não tens.
Grande Avô, um bem-haja, que sei que sabes ser de nós todos.
Beijinhos muitos e um chi forte,
Tua Rita
P.S: O Tio João ensinou-me esta palavra, Grande Avô. Até já a tinha ouvido, mas foi o Tio João que ma ensinou.