Outros Olhares - As Feiras dos Santos
Feira dos Santos de 2012
Finalmente entramos na semana da Feira dos Santos, com os dias grandes de feira marcados para Sexta-feira, sábado e domingo. Pessoalmente o meu dia grande é o da Feira do gado, o mais genuíno por trazer gente de todo o mundo rural.
Independentemente desta Feira desde sempre ser uma grande feira, continua a faltar visão, ideias, competência e vontade de fazer dela uma referência nacional e até internacional. Desde sempre a feira foi assim, tal como é, hoje talvez até com menos, pois começam a faltar os produtos locais do nosso mundo rural que deveria ter nesta feira a rampa de lançamento para todo o Portugal e até para o estrangeiro, mas claro, para isso também teríamos de ter os tais produtos locais e uma organização ou entidade que trabalhasse para que isso acontecesse.
Depois, embora esta feira seja o único evento que traz a Chaves os flavienses ausentes, pelo menos aqueles que estão no território nacional, continua a faltar uma componente que esteja virada para os nossos jovens e para os jovens de fora. Já sei que há os carrosséis, mas convenhamos que aquilo é mais para crianças e adolescentes e depois não me venham com os “Santos da Noite”, com a adesão dos bares de Chaves para os copos, que isso não acrescenta nada de novo, pois como sabemos esses bares estão abertos durante todo o ano e todos os dias, aliás o programa da feira tem a particularidade de meter no programa acontecimentos que aconteceriam sempre mesmo sem serem programados, como o jogo de futebol entre o Chaves e o Porto B, pois faz parte da jornada normal, ou o polvo, que sempre marcou presença nas feiras dos santos.
Também quanto aos locais da Feira, a velha discussão de sempre, embora se tenha vindo a afinar com os anos, continua a ter algumas deficiências. Não consigo entender que a feira do gado se faça em local separado e distante do Concurso do gado. Já sei que há as questões legais e sanitárias ligadas à feira, mas um dia não são dias e pela certa que haveria maneira de considerar a exceção para o dia da Feira dos Santos. Aliás só desde que o Mercado do Gado foi construído há meia dúzia de anos, é que a feira do Gado deixou de estar junta com o concurso, ou seja, a feira do gado sempre se fez no meio do povo, há pois a nosso favor a tradição, e a tradição tem muita força, basta saber defendê-la. Quanto ao Mercado do Gado, lá em cascos-de-rolha, esse fica com todas as quartas-feiras do ano.
Quanto às diversões desde sempre me congratulei com a sua localização na Madalena e no local onde está, ou próximo, pois atualmente ocupa o arruamento e estacionamentos da alameda junto ao rio, quando mesmo ao lado existe um amplo espaço que a meu ver há muito deveria ser propriedade da Câmara Municipal, com algumas infraestruturas para receber as diversões e, porque não, as feiras semanais, pois está mais que confirmado que o espaço destinado à feira (em Stª Cruz) nem feirantes nem o povo flaviense o querem. Mais uma ideia a juntar às que deixei aqui ontem, sé que esta é a sério.
Também, e uma vez que a feira das barracas agora se resume a dois dias, poderia ocupar outras praças e ruas da cidade, tudo dentro do centro histórico. Aliás nas grandes cidades, este tipo de feiras das barracas acontecem sempre nos centros das cidades, algumas até diariamente.
Mas enfim, temos o que temos e já não é pouco, mas o que acontece, acontece por tradição e não por ser programado, exceção para os locais, mas também a discussão destes já é tradição, e depois há sempre o lóbi dos comerciantes que todos os anos protestam, ou porque têm as barracas à porta ou porque elas ficam longe, e assim, vamo-nos entretendo a discutir os locais, mas é engraçado esta dos comerciantes, pois sem o povinho, não há feira e que eu saiba o povinho, teoricamente, é que tem sempre razão, mas para isso, tinham de ser ouvidos.
Mas vamos à feira das imagens de hoje, a Feira dos Santos de 2012 que também foi uma feira seca, se chuva, mas um pouco fria.
Claro que o concurso do gado é um dos acontecimentos mais importantes e interessantes da Feira dos Santos e por isso é natural que as objetivas também se virem um pouco para ele. Da minha parte posso perder tudo mas não perco esta parte rica em acontecimentos, em ruralidade, em tradições, com o nosso mundo rural a descer à cidade, e quando me refiro ao nosso mundo rural, não é só ao flaviense, pois todo o Norte tem participado neste concurso com os seus melhores exemplares da raça Barrosã. Mirandesa e Maronesa. Este anos vêm também os porcos. Aqui, sim, penso ser uma mais valia para o concurso do gado. Os das outras espécies, também seriam interessantes, desde que façam parte do nosso mundo rural.
E um pouco de tudo o resto, desde a roupa, ao artesanato, às bugigangas, às antiguidades e velharias, à festa de rua e à multiculturalidade que nela vai acontecendo, que este também sem ser programado, vai acontecendo todos os anos, e depois a festa de rua, aquela que acontece além dos bombos, das concertinas e cabeçudos.
Bom, tudo isto é a minha opinião da feira, que vale o que vale, mas de quem a conhece, sem perder uma única edição desde que nasci, e já lá vão mais de cinquenta anos, do tempo em que ainda havia a Feira da lã e as mantas de Soutelo.