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A loucura dos 50% em brinquedos
Sábado, 8 de novembro de 2014. São 9h30 da manhã e estou a passar pela zona do centro comercial para me dirigir com o meu carro à oficina para uma operação de manutenção. Admirado, reparo no movimento fora do normal que por ali vai, com uma fila já considerável de carros a entrarem para o parque de estacionamento. Alguns minutos depois, já na oficina, em conversa com o mecânico, fico a saber que neste fim de semana existe uma campanha de desconto de 50% em cartão em todos os brinquedos. Ainda não comemos as castanhas assadas nem provamos o vinho novo, mas já nos bombardeiam com campanhas para comprarmos as prendas de Natal para os mais novos…
São agora 10h30 e já saí da oficina, e como tenho umas pequenas compras para fazer aproveito para ir ao hipermercado do centro comercial, mesmo ali ao lado, e é então que me apercebo da verdadeira dimensão do movimento… Como a zona dos brinquedos fica logo à entrada, é quase impossível passar por ali para ir para as outras secções… Só vejo pessoas e mais pessoas, carrinhos de compras com caixas de brinquedos empilhadas até ao cimo e funcionários com porta-paletes a fazerem já a reposição de artigos nalgumas prateleiras… Quase me arrependo de ter vindo, mas lá consigo passar pela multidão para chegar à padaria e à zona das frutas…
Refletindo um pouco sobre este episódio, custa-me imenso compreender como é que é possível encher um carrinho de compras só com brinquedos, a maior parte deles com um interesse pedagógico ou lúdico certamente muito discutível. As crianças, é certo, precisamente pelo facto de serem crianças, precisam de brincar… mas precisarão realmente de tudo isto? E para além de brinquedos não precisarão também (e sobretudo) de mais livros e jogos educativos para o seu crescimento? Não precisarão de passar mais tempo com os pais, em família? Não precisarão de mais atenção e mais diálogo?
Afinal, o que queremos transmitir aos nossos filhos?
Luís dos Anjos