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"O céu espreitou..."
O céu espreitou cinzento e frio pelo estore do meu quarto.
Saí de casa em busca de campo verde com água nas levadas.
Quando o encontrei detive-me perante a transparência do líquido correndo e permaneci quedo durante infindáveis momentos.
Acompanhado tão só pela brisa e pelas montanhas altaneiras espreitando.
Como diz Bernardo Soares "uma vista breve do campo, ... liberta-me mais completamente do que uma viagem inteira libertaria outro".
A liberdade e a magia das coisas simples, estão no murmúrio do vento, no cheiro intenso a húmus, no zumbido dos insectos.
A serenidade, a quietude, penetram no sangue como o amor e enlaçam-me.
Sempre que me fascino descubro e invado a gruta onde os teus olhos, a tua pele e a tua boca acontecem.
E quando me perguntam se sou feliz eu respondo que não sou.
Mas já fomos, segredas-me tu.
Já fomos, meu amor, já fomos...
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A água corre suave, clara e límpida pelas reentrâncias da levada e pára,
Encostada aos sonhos nas escarpas da minha alma.
António Roque