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Ontem andámos por Vidago e tal como disse, ainda sobrou tempo para outras realidades, as das aldeias de montanha, do mais alto das montanhas. Agrações é uma delas, onde gosto de ir de vez em quando por várias razões, e ontem, havia mais uma razão, pois como no vale da Ribeira de Oura a chuva se misturava com nevoeiro, era quase garantido que mais lá no alto poderíamos espraiar sobre o nevoeiro o olhar para o horizonte mais distante que ao anoitecer, proporciona sempre vistas a não perder, mas primeiro era preciso subir a bom subir até Agrações.
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Pelo caminho, uma linha de água que descia apressadamente a montanha chamou a nossa atenção e, como é uma daquelas imagens que não se podem perder, parámos por uns instantes. Nós parámos, a linha de água não. Essa continuou com toda a sua bravura e pressa de engrossar a Ribeira de Oura, para mais tarde engrossar o Rio Tâmega que por sua vez irá engrandecer o Rio Douro para mais tarde se perder no mar. Pois é, o mar também tem um bocadinho do cheiro das nossas montanhas.
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Mais à frente, já à entrada da aldeia, uma paragem sempre obrigatória, pois chegamos ao “souto dos burros” que vêm sempre ter connosco como que para saber ao que vamos. São mansinhos e gostam dumas carícias, além disso, são sempre bons modelos para uns cliques que sempre gastamos com eles.
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E finalmente a aldeia, que embora com pouca gente, que os dedos das mãos chegam para contar, temos sempre alguém para dois dedos de conversa e companhia, com quem também aprendemos sempre alguma coisa para além da realidade do viver lá no alto da montanha, a realidade que dói na ausência dos filhos que emigraram e nunca mais voltaram para viver na aldeia, ou do frio que vai amentar quando o nevoeiro resolver subir a encosta e se misturar com o que desce. Já de noite, lançámos em tom de desafio um: – “vamos embora senão ainda temos de ficar para jantar” . E a resposta do bom povo transmontano foi pronta – “ e se tiverem que ficar há sempre mais um lugar à mesa” . Agradecemos e partimos de regresso ao nevoeiro da cidade.