Abandonos, Traços e Tradições
Os abandonos
Castro de Curalha
Como sempre aos fins-de-semana venho por aqui com as nossas aldeias (do concelho de Chaves) e a dificuldade não está em escolher uma aldeia, pois temos perto de 150 e daí muita escolha, a dificuldade está em não ser repetitivo, e trazer qualquer coisa de novo, quer em imagem quer em palavras Acontece que comecei a fazer recolha de imagens das aldeias apenas na era digital da fotografia, que coincidiu mais ou menos com o início deste blog que em breve fará 10 anos de existência, e durante este período tento ser diferente nas imagens, mas as palavras, acabam sempre por ir para ao mesmo, mas já lá vamos.
Castro de Curalha
Pois na escolha de hoje parei no Castro de Curalha e fiquei durante largos minutos pasmado a olhar para as imagens. Em silêncio, em reflexão e com muita interrogação. Quem foram estes povos dos Castros? Porquê a croa dos montes e elevações para a sua construção? Porquê os abandonaram?
Vistas desde o Castro de Curalha
Embora se possa chegar às respostas pela simples dedução ou pela História, a última questão dá muito que pensar e refletir, pois ao longo dos séculos a história foi-se repetindo e outros abandonos, mais ou menos recentes, foram acontecendo, ou melhor, acontecem, pois estamos em pleno processo de abandono das nossas atuais aldeias de montanha.
Traços e Tradições
Hoje em vez de uma aldeia, ou um lugar que já foi povoado, temos dois lugares, esta última ainda aldeia, que graças á sua proximidade da cidade, se vai mantendo como um dormitório por excelência, mas permitindo que os seus habitantes se mantivessem fiéis ao berço, à casa, às terras, à família, à vizinhança, às tradições e saberes, alguns deles comunitários. Em suma, uma aldeia que se mantém aldeia, mesmo que rodeada de modernidade.
Uma aldeia onde no tempo no final do ano, quando o frio começa a marcar presença, o reco cevado ainda vão ao banco. Certo que já não é em todas as casas, como há duas ou três dezenas de anos atrás, mas ainda os há e, mesmo que não houvesse, de há uns anos para cá, anualmente, um benemérito das tradições, faz uma matança do reco comunitária, isto no sentido de que convida toda a população da freguesia e da aldeia da Abobeleira, onde também fomos durante alguns anos e que, embora o convite se mantenha, não temos tido disponibilidade para ir, mas temos o registo dos anos anteriores. Estes que vos deixo, são do ano de 2012.
Esta última imagem é do “santuário” da Abobeleira, feito com a carolice de um habitante, curiosamente voltada para uma antiga barragem romana mais que abandonada e da qual quase nem restam vestígios, mas com o pecado do vício e do jogo de fundo, uma daquelas modernidades que nos últimos anos se implantaram em Chaves que, com o pretexto de servirem Chaves e a região, se vão servindo.