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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

29
Abr15

Chá de Urze com Flores de Torga - 77


1600-torga

 

Granjinha, Chaves, 7 de Setembro de 1986

 

Uma capelinha visigótica arruinada perdida entre ramadas, com um original pórtico ornado de figuras zoomórficas que são desafios em pedra à imaginação. No telhado, uma airosa cruz vazada parece querer levantar voo. E dentro, por detrás do tosco altar de talha que durante séculos a escondeu, a mais bonita ara romana que se pode ver. É assim. O nosso génio criador, por mais que se exceda, acaba sempre nisto: num pungente testemunho de que só a incompreensão e o abandono esperam no futuro as obras de qualquer presente.

Miguel Torga, in Diário XIV

 

1600-granjinha (178)

 

 

 

28
Abr15

Intermitências


800-intermitencias

 

O Inconsciente

 

Inconsciente. Toda a vida, todos sempre lhe apontaram esse "defeito" de carácter. Ele era um inconsciente.

 

De vez em quando, via relâmpagos e montanhas florescentes dentro das quatro paredes do seu quarto.

 

Via o mar e ouvia estalar as suas ondas encontrando-se a milhas de distância dele.

 

Via baratas no Inverno e pareciam-lhe mais belas e místicas que as flores da Primavera.

 

Via um olho egípcio com significado pagão, desconhecendo qual.

 

Via o princípio do mundo.

O_Inconsciente.jpg

 Fotografia de Sandra Pereira

Sempre que se punha fora da sociedade e do "mundo real", descobria a verdade: ele era um subconsciente.

 

A mente não é o espírito. Ela tem vontade própria formatada por qualquer fábrica externa que a dita constantemente. Não é de fiar. Só o espírito é puro.

 

Mas não liguem muito...! Ele era um turbilhão de emoções. Imprevisível mesmo.

 

Sandra Pereira

 

 

27
Abr15

Quem conta um ponto...


avatar-1ponto

 

237 - Pérolas e diamantes: o contrário do contrário

 

Confesso que sinto prazer em folhear a revista do Expresso, agora em tamanho grandioso, com letra grande, fotos enormes e temas muito bem escolhidos. E o prazer é redobrado porque já me vai faltando a vista e sobretudo a paciência para o jornalismo de trazer por casa que inunda os jornais portugueses.

 

Mas foi no Jornal de Negócios que li algo que me intrigou profundamente, pois não consegui descortinar o protótipo do destinatário, ou destinatários, da respetiva mensagem. Ou, talvez, da figura, ou figuras, inspiradora de tão nefasto retrato.

 

O constitucionalista Jorge Miranda, homem desde sempre ligado ao PPD (atual PSD, quem diria), denunciou o facto de que “o sistema do poder local tem funcionado pior, tem sido um centro de grande clientelismo, da corrupçãozinha, de alguns tiranetezinhos.”

 

Em quem estaria a pensar o professor de Direito que acaba de editar o livro Da Revolução à Constituição? Qual terá sido o figurino, ou figurinos, inspirador de tão grave acusação? O que saberá o senhor e nós desconhecemos? Será mesmo verdade que o poder local é um centro difusor de clientelismo, corrupção e tiranetes? Eu, cá por mim, não acredito. Pelos exemplos que conheço, posso afirmar que o poder local é exatamente o contrário… do contrário.

 

Pela leitura do Expresso fiquei a saber que a venda da TAP vai render ao Estado português cerca de 1,2 mil milhões de euros, que é o montante da dívida da empresa. O negócio promete. Este Governo sabe muito bem aquilo que anda a fazer.

 

No mesmo jornal li que o maior negócio conseguido pelo grupo Lena, do amigo de José Sócrates (que continua preso preventivamente por indícios de corrupção, fraude qualificada e branqueamento de capitais), Carlos Santos Silva (que continua preso preventivamente por indícios de fraude qualificada, branqueamento de capitais e corrupção), na última década, foi o da construção de 50 mil casas na Venezuela de Hugo Chávez, num valor que poderá envolver os quatro mil milhões de dólares. Só pelo projeto, o amigo do ex-primeiro ministro cobrou 15 milhões de euros.

 

Penso então nas palavras que li no livro O Mistério da Légua da Póvoa, de Agustina Bessa Luís: “Não há maior desejo do que o desejo da verdade. Mas ela inspira terror, ninguém a quer ter por hóspede, nem sequer por vizinha.” O que me remete para Maupassant: “Felizes os que se satisfazem na vida, os que se divertem, os que estão contentes.”

 

Boris Cyrulnik, talvez inspirado em pessoas como José Sócrates, ou Pedro Passos Coelho, escreveu que a agressão esconde o desejo de seduzir.

 

Entretanto, tal como os animais, a maioria do povo vive porque vive, sem nunca sentir a mais pequena necessidade de justificação.

 

Da dúvida generalizada passamos à dívida generalizada, sem que nada aconteça, sem que nada suceda aos seus fazedores. A vilanagem continua a fartar-se à grande e à francesa.

 

Já todos percebemos que o afastamento crescente, talvez abissal, entre a população e aqueles que falam em seu nome, os políticos do BCI (PSD/CDS e PS), conduzirá necessariamente a algo de caótico, violento e imprevisível. Entretanto, os portugueses continuam, na sua grande maioria, emersos na apatia e na resignação.

 

Vai sendo tempo de despertarmos para a realidade. É chegada a altura de, porque os partidos do BCI não mudam, mudarmos nós de partido. Continuar a votar nos protagonistas deste estado de coisas é ou rematada estupidez ou masoquismo doentio.

João Madureira

 

PS – Tchékhov dizia que “a arrogância é uma qualidade que fica bem aos perus” (ou talvez aos pavões que são aves de cauda mais vistosa). Por isso, mais uma vez solicitamos ao senhor presidente da CMC e aos seus distintos vereadores, que aprovem uma auditoria independente às contas da nossa autarquia. Quem não deve não teme.

 

PS 2 – Em nome da transparência, já agora senhor presidente, talvez fosse boa ideia aprovar conjuntamente uma auditoria externa às contas da JF de Santa Maria Maior.

 

PS 3 – Era um ato de coragem redentora, o senhor presidente deixar-se de desculpas de mau pagador e pôr fim ao deplorável espetáculo dos esgotos a céu aberto em Vale de Salgueiro – Outeiro Seco.

26
Abr15

Pecados e picardias


pecados e picardias copy

 

Noite Adentro


Fez um banco com grades sobrepostas
Instalou-se, a conversa ia animada
Viu as horas, meia-noite, sentiu as dores de costas
Hoje ia esperar, nada a amedrontava
Estava junto à grade por onde a cave respirava
Confirmou que via tudo dos orifícios onde espreitava…
Até o doutor… que entretanto… olhava?
 
A donzela? Seria possível!...
O homem ensandeceu
Nesta idade… tão carente
Nem a mulher já temeu
Enfim! ele lá sabe o que sente
 
Todos olharam p`ra porta
Finalmente o javardo
A tiracolo a viola!
Com que cuidado a transporta
Parece algum legado …Pesado
Como a francesa lado a lado
 
Ele alto espadaúdo metro e noventa
Ela metro e oitenta cabelos pretos
Casal elegante …enigmático
Ela com olhos de mel, sorri ternurenta
Ele olhos azuis misteriosos  discretos
Ela admirável  e ele carismático
Ninguém dos clientes fica indiferente
 
A Bertinha pensa naquela …relação?
Acha que o javardo não lhe dá?... A atenção
Segue-os com o olhar vê-o pousar a viola
Como quem pousa cristal e não uma sacola
E a mulher dirige-se ao canto do balcão
Onde está o Gerardo…fazem-se festas… na mão?
 
Céus, com que intimidade
Os silêncios do entendimento
Agora é que a Bertinha arde…
Sem perceber o envolvimento
Menos a reciprocidade
E a intensidade do momento
 
E o javardo aquele abraço
De sócio em maré-alta
Meu Deus como se sentiram a falta
Ela é que se sentia em colapso
Ao vê-los aos três em perfeita comunhão
Excluída, por eles sem apelação…

Isabel Seixas

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