Pecados e picardias
Noite Adentro
Fez um banco com grades sobrepostas
Instalou-se, a conversa ia animada
Viu as horas, meia-noite, sentiu as dores de costas
Hoje ia esperar, nada a amedrontava
Estava junto à grade por onde a cave respirava
Confirmou que via tudo dos orifícios onde espreitava…
Até o doutor… que entretanto… olhava?
A donzela? Seria possível!...
O homem ensandeceu
Nesta idade… tão carente
Nem a mulher já temeu
Enfim! ele lá sabe o que sente
Todos olharam p`ra porta
Finalmente o javardo
A tiracolo a viola!
Com que cuidado a transporta
Parece algum legado …Pesado
Como a francesa lado a lado
Ele alto espadaúdo metro e noventa
Ela metro e oitenta cabelos pretos
Casal elegante …enigmático
Ela com olhos de mel, sorri ternurenta
Ele olhos azuis misteriosos discretos
Ela admirável e ele carismático
Ninguém dos clientes fica indiferente
A Bertinha pensa naquela …relação?
Acha que o javardo não lhe dá?... A atenção
Segue-os com o olhar vê-o pousar a viola
Como quem pousa cristal e não uma sacola
E a mulher dirige-se ao canto do balcão
Onde está o Gerardo…fazem-se festas… na mão?
Céus, com que intimidade
Os silêncios do entendimento
Agora é que a Bertinha arde…
Sem perceber o envolvimento
Menos a reciprocidade
E a intensidade do momento
E o javardo aquele abraço
De sócio em maré-alta
Meu Deus como se sentiram a falta
Ela é que se sentia em colapso
Ao vê-los aos três em perfeita comunhão
Excluída, por eles sem apelação…
Isabel Seixas