Coisas nossas...
Hoje mais que um regresso ao nosso mundo rural, fazemos também um regresso ao passado recente, invadindo o interior de uma casa como quem invade os anos 60 ou 70, recordando objetos, bibelôs, utensílios, móveis, cores, decorações.
O interior a uma casa construída nos inícios do século passado, hoje abandonada, que foi lar durante quase 100 anos, talvez de uma, duas, três famílias, não o sei, nem isso importa, pois poderia ser a casa, o refúgio, o lar de uma qualquer família, com os seus filhos, as suas estórias, as suas virtudes e defeitos, amor e carinho, pela certa com as dificuldades próprias da época, mas pelo que resta e pelo que na casa ficou para nosso deleite, só podia ser uma casa portuguesa, onde nem a gondola de Veneza a atraiçoa.
A garrafa de cerveja sagres, a lata de sardinhas, o quadro na parede da última ceia que invariavelmente se repetia em quase todos os lares, o colorido da cal nas paredes, as rendas, os santos, são traços suficientes para identificar uma casa portuguesa, com certeza.
Mais que encontrar aqui estórias do passado, regressamos e revemos o nosso próprio passado em imagens que nos são familiares.
Espero que tivessem gostado tanto quanto eu gostei de fazer esta viagem e rever pormenores que a memória ainda identifica. Nunca resisto a estes registos, pena é que já comecem a rarear.