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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Dez17

O Barroso aqui tão perto - Azevedo


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No último dia deste ano de 2017 vamos até mais uma aldeia do Barroso, mais propriamente até Azevedo. E os que não são de lá ou de perto, pela certa perguntarão onde fica Azevedo. Pois já sabemos que é no Barroso de Montalegre e fica junto à estrada municipal M308, entre Xertelo e Lapela, com Chelo também por perto e com vistas lançadas paras as três Penedas, perto do Rio Cávado e já em pleno Parque Nacional da Peneda/Gerês.

 

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Os dados atrás deixados já eram suficientes para chegarmos até Azevedo, mas como sempre, vamos ser mais precisos, traçando o habitual itinerário com partida da cidade de Chaves. Embora tenhamos várias alternativas de itinerários para irmos até ao Barroso, há duas que são as mais utilizadas. Uma é a Estrada Nacional 103 (estrada de Braga) e outra é a Estrada Municipal 507, para nós comummente conhecida por estrada do S.Caetano ou de Soutelinho Da Raia. A que nós mais apreciamos é esta última, assim, vamos optar por esta para ir até Azevedo.

 

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O itinerário é de aproximadamente 75 km. Com partida de Chaves, Soutelinho da Raia, Montalegre. A partir de Montalegre basta seguir a corrente do Rio Cávado, mas como ele nem sempre é visível desde a estrada, saímos de Montalegre em direção ao Sr. da Piedade ou campo de futebol, seguindo sempre pela estrada principal até Sezelhe. Em Sezelhe, no cruzamento atenção à placas indicativas. Devemos tomar as que nos mandam para Travassos, Covelães e Parque Nacional da Peneda Gerês, ou seja a N308 pela qual devemos seguir até à Barragem de Paradela e aldeia do mesmo nome. No cruzamento da aldeia de Paradela, viramos à direita e descemos até ao paredão da barragem, o qual devemos atravessar.

 

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A Partir do paredão da barragem de Paradela até Azevedo, só temos mais três aldeias (Sirvozelo, Cela e Lapela). Atenção que nenhuma destas aldeias fica junto à estrada, tal como Azevedo, Assim é preciso ir com atenção para ver a placa de desvio.  Mas como sempre deixamos também o nosso mapa e as coordenadas do local, que são:

41º 44’ 22.00” N

7º 59’ 58.11” O

 

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Tal como já tivemos oportunidade de dizer a aldeia de Azevedo não é atravessada pela estrada principal e tão pouco é visível a partir dela. A entrada na aldeia faz-se por uma rua bem  ingreme, tal como a montanha onde está implantada. Afinal já estamos na Serra do Gerês, não é de estranhar. Inclinação que se prolonga ao longo da rua principal que acaba por ter continuação até ao Rio Cávado com passagem para a Peneda de Baixo, embora todas próximas e implantadas na outra margem do Rio Cávado, numa encosta igualmente ingreme, a mais próxima é mesmo a Peneda do Meio, de onde se tem uma vista privilegiada para a aldeia de Azevedo. Fica a foto de Azevedo vista desde a Peneda do Meio:

 

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A entrada da aldeia surpreende-nos com um cruzeiro de fabrico recente colocado num largo à beira da rua. Depois um conjunto de casas de construção mais recente acabando num pequeno núcleo mais antigo. A partir de aqui e depois de uma curva com quase 360º, igualmente ingreme, entra-se na parte mais interessante da aldeia com passagem pela antiga escola primária e a terminar na pequenina capela cujo átrio é um autêntico miradouro.

 

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Mas o mais interessante é mesmo toda a rua e o casario mais disperso. Rua que se faz quase toda por debaixo de latadas de videiras, que no dia em que lá fomos, dia 15 de julho deste ano que termina, por volta do meio-dia, bem agradecemos a sombra onde dava mesmo vontade de ficar. Latadas que ainda se vão vendo em algumas aldeias da região, algumas poucas no Barroso mas também nos concelhos vizinhos, mas que com o tempo e com falta de quem as mantenha, vão morrendo ou são desmontadas. Pena, pois davam um ar interessante às aldeias além de alguma frescura às ruas e casas próximas, que nos nossos verões de inferno, bem se agradecem.

 

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Claro que se das Penedas se têm vista privilegiadas para Azevedo, também o contrário é verdade. No post das 3 Penedas já tivemos oportunidade de deixar essas vistas. Hoje deixamos aqui algumas vistas tomadas desde Azevedo paara as encostas de Covelo do Gerês e de Ferral, onde ao longe apenas se veem duas cores, o verde das encostas das montanha e o azul do céu.

 

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Quanto ao verde entre o qual se implanta a aldeia de Azevedo bem como o que a partir da aldeia se avista, não é de admirar, ou melhor, admiramos-lhe a beleza, mas não nos surpreende a sua existência, pois embora se tenha a Serra do Gerês por companhia, estamos nas terras mais baixas do Barroso, e embora Azevedo esteja implantada entre os 657 e os 579 metros, o Cávado nesta zona já está a uma cota de 400m. No entanto, Cabril (sede de freguesia) que fica a apenas 4 quilómetros de Azevedo já tem cotas de 270 metros de altura. Claro que as fotografias não mostram o que está nas nossas costas, pois mesmo ali atrás delas iniciam-se as inclinações da Serra do Gerês despida de qualquer vegetação, ou quase, pois só mesmo aquela rasteirinha é que lhe resistem.

 

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Por estas inclinações e a proximidade dos rios adivinham-se por perto muitas cascatas, e de facto existem, mas são quase todas de acessos difíceis, onde não se pode ir de popó, que tem sido o nosso meio de transporte. As cascatas da proximidade ficarão para um post futuro, mas primeiro ainda temos a agradável tarefa que no entanto se adivinha árdua, de ir fotografá-las, e claro, também vai ser preciso alguma chuva para que as cascatas se deixem ver. Não sei para quando, mas ficam prometidas.

 

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Vamos agora ao topónimo de Azevedo, que comummente é apelido de gente. Vamos ver o que nos diz a “Toponímia de Barroso”:

 

Azevedo

Topónimo  referido a “azevo”, com o sufixo ETU EDO. É possível explicar-se a viagem até azevo desde o longínquo AQUIFOLIU. Trata-se de nome de lugar referido a plantas com parentesco ao azevinho. Enquanto tal o topónimo aparece já em:

-1258 « et in Azevedo dixit quod habentur ibi» INQ 519 – mas não referido à villa barrosã, que não aparece nas INQUIRIÇÕES. De qualquer modo ficamos a saber que o topónimo já vigorava nessa data e na forma que ainda se mantém.

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Na “Toponímia Alegre” parte integrante da “Toponímia de Barroso” podemos ainda ficar a saber os “apelidos de Cabril, onde consta também o de Azevedo:

 

“Apelidos” de Cabril

 

Moeda falsa de Lapela,

Vinho-azedo de Azevedo,

Cava-touças de Sertelo,

Escorricha-picheis de S.Lourenço,

Rabões de Chelo,

Bufos de Vila Boa,

Lagartos de Fontaínho,

Cinzentos de Chãos,

Carrapatas de Cavalos,

Paparoteiros da Vila,

Dente-Grande da Ponte,

Pousa-fois na Chã de Moinho,

Raposas de Busto.Chão,

Esfola-vacas de São Ane,

Ferra-bestas de Pincães,

Putaria de Fafião.

 

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E na “Toponímia Alegre” ainda temos mais estas:

 

Se fores a Cabril leva pão

Que vinho lá to darão.

 

Vou-me casar a Cabril,

O Sítio do meu degredo:

É terras de muito padre

Canta lá o cuco cedo!

 

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Para além destas referências da “Tponímia de Barroso” encontrámos na NET um perfil no facebook que dá pelo nome de Lugar de Azevedo – Cabril – Montalegre: Fica o link para uma visita:

https://www.facebook.com/lugardeazevedo.cabrilmontalegre

 

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Bem queria deixar por aqui mais qualquer coisa sobre a aldeia de Azevedo, mas nas minhas pesquisas mais nada encontrei sobre a aldeia, aliás apenas encontrei duas referências ao topónimo da aldeia no livro “Montalegre”, mas apenas a dizer que fazia parte da freguesia de Cabril.

 

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Dizer que é uma aldeia que também sofre de despovoamento e do envelhecimento da população, também já não é novidade, pois vai sendo uma constante em todas as aldeias, principalmente as mais pequenas, como é o caso, e as mais distantes dos grandes centros, vilas ou cidades sede de concelho. Mas uma coisa posso acrescentar e que quase nunca o referi aqui. Estas aldeias, além de despovoamento e envelhecimento têm também outros sofreres – o isolamento, não só o de já por si estarem isoladas, mas o isolamento que é provocado e agravado pela dificuldade de meios e acessos/ligações a apoios sociais, acesso à saúde, à educação e muito mais. Por muito agradável que seja uma aldeia e que por aí se diga que nelas existe qualidade de vida, as coisas não são bem assim, e às vezes, não sei se é o caso, até o acesso a coisas que hoje são tão comuns nas nossas vidas lhes são negadas, como a televisão ou o telemóvel, pois muitas destas aldeias não são servidas por falta de rede, e que qualidade de vida poderá nestas aldeias existir se nada têm para além da sua gente, de contarem uns com os outros e do trabalho das terras. Tudo que nós precisamos, necessidades primárias, também nas aldeias precisam, mas nós aqui na cidade ou nas vilas podemos encontrar o que queremos no dobrar de uma ou outra esquina, na maioria das aldeias,  nada existe para além da gente e das suas casas. O que necessitam só na Vila mais próxima ou cidade, e estamos a falar de gente que na grande maioria não tem viatura própria nem transportes públicos a passarem-lhe à porta ou na aldeia. São resistentes que, por amor ao berço, à terra onde nasceram, onde sempre viveram e criaram os seus filhos, querem por lá ficar até morrer, com todo o direito. Certo que não são exigentes, cada vez são menos e cada vez menos contam em termos estatísticos e políticos processados em folhas de Excel, mas, não me canso de mencionar Torga quando dizia:  “ Entro nestas aldeias sagradas a tremer de vergonha. Não por mim, que venho cheio de boas intenções, mas por uma civilização de má-fé que nem ao menos lhes dá a simples proteção de as respeitar”.

 

E com esta me vou… com votos de um bom ano de 2018 para todos.

 

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Só faltam mesmo as referências às consultas e os links para os post anteriores dedicados ao Barroso.

 

Bibliografia

 

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Antigo de Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-antigo-de-1581701

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

 

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Beçós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-becos-1574048

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

 

C

Cambezes do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cambezes-do-1547875

Caniçó - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-canico-1586496

Carvalhais - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-carvalhais-1550943

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cela-1602755

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cerdeira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cerdeira-1576573

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

Covelães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-covelaes-1607866

 

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

 

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

Friães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-friaes-1594850

 

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

 

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Larouco - Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

 

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Mourilhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-mourilhe-1589137

 

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

Nogeiró - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-nogueiro-1562925

 

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

 

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Pardieieros - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pardieiros-1556192

Paredes de Salto - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Paredes do Rio -   http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-do-1583901

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Peneda de Cima, do Meio e de Baixo, as Três Penedas: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-as-tres-1591657

Penedones -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-penedones-1571130

Pereira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pereira-1579473

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

 

R

Reboreda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-reboreda-1566026

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

 

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sarraquinhos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sarraquinhos-1560167

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Senhora de Vila Abril - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-senhora-de-1553325

Sexta-Freita - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-bento-de-1614303

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

 

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Torgueda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-torgueda-1616598

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

 

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

 

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

 

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

 

30
Dez17

Fronteira de Vila Verde da Raia - Chaves - Portugal


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Aos sábados reservamos este espaço às aldeias do concelho de Chaves e hoje trazemos aqui a fronteira de Vila Verde da Raia. Eu sei que fronteira não é propriamente uma aldeia, nem nunca foi, mas é como se fosse, ou melhor, é como se tivesse sido, daí estar aqui. De facto, durante o tempo em que existiram fronteiras no espaço da União Europeia, abolidas com o Acordo de Schengen em março de 1995, mas principalmente até ao 25 de Abril de 1974 poder-se-ia considerar uma aldeia do Estado, onde havia os serviços de fronteira, tais como a Alfandega, a Guarda Fiscal e também a polícia política do Estado a PIDE, mas também havia algumas vivendas onde viviam os Guardas Fiscais e respetivas famílias.

 

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Com o 25 de Abril a PIDE desapareceu, mas mantiveram-se ainda durante alguns anos a Guarda Fiscal e os Serviços da Alfandega. Com a abolição das fronteiras, a fonteira ficou despovoada e mais tarde os edifícios foram vendidos a privados, mantendo-se até hoje tudo fechado.

 

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Com a construção da nossa autoestrada e a posterior ligação da autoestrada galega à nossa, para além da população local os de proximidade (galega e portuguesa), raros são os que usam a antiga fronteira para entrar ou sair de Portugal.

 

Quanto às edificações do Estado que por lá ficaram, não sei bem qual seria o melhor destino. Da minha parte tinha algumas ideias e até alguns sonhos para o destino a dar-lhes, penso que fosse qual fosse esse destino, teria sido bem melhor que ter caído na mão de privados, abandonado, em constante degradação, a meter dó e sem fazer qualquer justiça à história da fronteira.  

 

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Já agora só mais uma achega para a sinalização que está na entrada de Portugal com os limites de velocidade nas vias portuguesas (fot anterior), bem poderiam acrescentar mais uma informação sobre a circulação nas rotundas onde ficasse bem claro que a via mais à direita nas rotundas portuguesas,  é só para utilizar imediatamente antes da saída pretendida, isto para ver se os nossos vizinhos galegos, os nossos emigrantes e outros estrangeiros deixam a via direita das rotundas livre para os fins a que se destina. Claro que a Lei atual também deveria exigir uma melhor sinalização das próprias rotundas, pelo menos nas entradas tal como foi feito na rotunda da Praça do Brasil junto à entrada do Hotel (pena não acontecer o mesmo na do Raio X), mas também a verdade-verdadinha sobre esta Lei,  é que ela foi feita pelos de Lisboa a pensar nas grandes rotundas como a do Marques ou da Boavista no Porto, embora nesta última já tivessem feito o trabalho de casa e quem entrar na via da direita é mesmo obrigado a sair na próxima saída. O problema na maioria das restantes rotundas, quase todas de pequenas dimensões, é que nem sequer há espaço ou tempo para cumprir devidamente a Lei, quanto mais pensar em sinalizá-la.   

 

 

 

28
Dez17

Chaves História's - Liceu Nacional Fernão de Magalhãis


Cha-historias

 

Chaves História’s - é o nome desta nova crónica porque é isso mesmo, histórias feitas com a História de Chaves. Não pretendemos fazer História, mas apenas trazer aqui algumas palavras que vamos encontrando por aí nas publicações existentes, mais ou menos antigas. Não pretendemos fazer História,  mas, talvez, contribuir para a sua divulgação, isso sim, trazendo aqui alguns pedaços da História flaviense da qual ainda existem alguns testemunhos físicos no casco antigo da cidade, e alguns acontecimentos da História em que nela intervieram alguns atores que, ainda hoje, têm familiares flavienses. Resumindo vamos trazer aqui um pouco da História flaviense para melhor ficarmos a conhecer a nossa própria História.

 

Quanto à periocidade desta crónica, acontecerá aqui semanalmente, se puder ser, quinzenalmente quando der jeito, ou quando pudermos e tivermos conteúdo para ela. Acontecerá, isso é certo, às quintas-feiras, com exceção da quarta quinta-feira de cada mês, que essa, continuará reservada para os “Flavienses por outras terras”

 

Iniciamos hoje com a História do nosso Liceu, ainda sem estar no atual edifício. O texto é reproduzido conforme foi escrito na altura, ou seja no ano de 1937 com o português oficial da época, já muito parecido com o atual, à exceção de alguns acentos que hoje já não se usam  e do “Magalhãis”

 

O Liceu Fernão de Magalhãis

 

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Por decreto de 3 de Setembro de 1903 foi criado o «Liceu Nacional de Chaves» que, embora sustentado pelo Município local, devia regular-se em tudo pela legislação respeitante aos demais liceus nacionais do país. Deve-se a criação do Liceu aos esforços e à boa-vontade da Câmara Municipal da presidência do Dr. Miguel Máximo da Cunha Monteiro, cujo nome ficou assim ligado a um dos maiores melhoramentos conseguidos para Chaves.

 

Em Setembro ou Outubro daquêle ano, nomeou o Govêrno para o lugar de reitor do Liceu de Chaves o professor efectivo do Liceu Central de Castelo Branco, José Barros Nunes de Lima Nobre, com o encargo de instalar o novo estabelecimento de ensino. A Câmara cedeu, para êsse efeito, na Rua do Pôço, um edifício mais que modesto, o qual poucos anos depois teve de ser abandonado por não poder conter a população liceal. Tinha a casa péssimas condições pedagógicas.

 

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Chaves - Rua do Poço - O primeiro Liceu na «Casa do Passadiço»

 

A inauguração solene do Liceu fêz-se em 5 de Outubro de 1903, e as aulas começaram a funcionar com três professores, um contínuo e 60 alunos (13 raparigas e 47 rapazes), todos da I.ª classe, no dia 8 imediato.

 

O Regulamento de Instrução Secundária de 12 de Setembro de 1918, mandava passar para a administração do Estado os liceus nacionais sustentados total ou parcialmente por corpos administrativos. Não se deu, porém, cumprimento imediato a esta determinação, e o Liceu Nacional de Chaves continuou financeiramente sujeito à administração do Município, até que, em 6 de Março de 1919, por fôrça do decreto n.º 5.204, passou a ser sustentado inteiramente pelo Estado. Já nessa altura usava o nome, que pouco antes lhe tinha sido atribuído, de «Liceu Nacional de Fernão de Magalhãis».

 

Entretanto, quando a «Casa do Passadiço» foi insuficiente para recolher tôda a população liceal, a poucos anos da criação do Liceu, a Câmara vira-se obrigada a procurar prédio mais amplo e mais higiénico, para satisfazer os interêsses do ensino. Encontrava-se então vago, no Largo do Anjo, o antigo solar Casa de Santa Catarina, dos Chaves Morais Castros Pimenteis, que havia sido comprado, para servir de Colégio-internato, pelos irmãos P.e José e P.e Joaquim Fontoura. Um pouco antes ou um pouco depois da fundação do Liceu, êste Colégio de D. Joaquim (onde foi professor o actual Chefe de Estado) fechou as suas portas; e, logo após, o prédio passou a ser propriedade do Banco de Chaves, e, depois, do Município, sendo nêle instalado o Liceu.

 

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Foi o reitor Carlos Alberto Lopes Moreira, ao mesmo tempo presidente da Comissão Administrativa da Câmara, quem acabou com as últimas servidões existentes no prédio. E mercê dos esforços começados a realizar por êste reitor e não terminados ainda, o Liceu dispõe hoje de instalações sofríveis, algumas boas, que tornam menos desconfortáveis, para professores e alunos, a vida escolar: estão organizados gabinetes e laboratórios, a biblioteca dispões de uma sala de leitura e de livros que vão sendo bastantes, para dar satisfação ao interêsse dos alunos e às necessidades do ensino, existe uma Cantina Escolar, instalaram-se vestiários para alunos e professores, e retretes em número bastante; com um subsídio solicitado à Câmara, fêz-se uma instalação de aquecimento central em todo o edifício, a qual vem funcionando satisfatòriamente desde há 5 anos; adquiriu-se material didático e mobiliário escolar, instalaram-se condignamente os serviços administrativos e introduziram-se no edifício tantos melhoramentos materiais que quási o não reconhece quem o não visita há 10 anos.  

 

Com tudo isto, o Liceu continua, porém, sendo um dos piores do país, porque lhe falta o espaço e a casa não permite que se faça uma adaptação satisfatória. A solução só pode ser dada pela Junta Administrativa das Construções para o Ensino Técnico Secundário, entidade a quem compete a construção dos novos edifícios liceais.

 

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 Atual Liceu (Escola Secundária Fernão de Magalhães) no Largo das Freiras

 

Têm dirigido o Liceu de Chaves, desde 1903, os seguintes reitores: - José Barros Nunes de Lima Nobre (1903-1905), Abílio Gomes de Morais Sarmento (1905-1906), Luiz Alves Pereira (1906-1907), António Albino Gomes Saraiva (1907-1909), Joaquim Fernandes Ferreira (1909-1910), João Eloy Nunes Cardoso Júnior (1910), José Mendes de Araújo (1910-1915), Gonçalo Augusto Álvares Pereira (1915-1917), Caetano Vasques Calafate (1917-1919), Domingos Alves Grandinho (1919-1922 e 1924-1925), Cândido Augusto de Melo (1922-1924), Berto Luiz Guerreiro (1925), Alexandre Fernandes da Costa Feijão (1925-1926), Carlos Alberto Lopes Moreira (1926-1931) e Aníbal Catarino Nunes (a partir de 1932).

 

Chaves, Agôsto de 1937                                                                       

 

ANÍBAL CATARINO NUNES                                                                  

Reitor do Liceu                                                                           

 

Bibliografia:

“Portugal Económico Monumental e Artístico – Fascículo XXII – Concelho e cidade de Chaves”

onde,  no ante-rosto do livro, se pode ler: “Obra oficialmente recomendada pelo Conselho Nacional de Turismo e por êste alto organismo classificada de «interesse e útil para a expansão turística do país.»

 

 

27
Dez17

nós, os homens


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XIV

 

E a situação piorou definitivamente quando, depois de ela me evitar durante um mês com desculpas sucessivas de que estava atrapalhada com trabalho, me disse que tinha uma pessoa na sua vida. Não sei de onde vem a expressão “Caiu-me o Carmo e a Trindade”, mas foi mais ou menos isso o que aconteceu. Surpresa das surpresas, o sentimento que se desenvolveu em mim não foi ciúme nem traição, foi de nojo, de repugnância. Se ela me tivesse tocado nesse momento, eu tinha dado um passo atrás. Senti vontade de desaparecer dali, ir para casa e tomar banho. Não disse uma única palavra, durante algum tempo. Sem nunca olhar para ela, estudei todas as hipóteses de me pirar sem deixar rasto. Ela ainda disse: Diga qualquer coisa! Ao que eu respondi: Eu não vou dizer nada! Dali até casa fui em silêncio, não consegui olhar mais para ela nem dar-lhe um beijo de despedida, como era habitual.

 

Do que são feitas as pessoas?! Que necessidade é que têm de nos magoar desta maneira? Que prazer é que lhes dá verem os outros a sofrer por sua causa? O que faria eu no seu lugar?

 

As pessoas podem afastar-se umas das outras sem haver uma terceira a determinar isso! Acho que eu, no lugar dela, tinha inteligência ou sensibilidade para não me achar no direito de ferir um amigo desta forma. As chamadas “mentiras piedosas” é aqui que encaixam. Dir-lhe-ia que queria dar um rumo diferente à minha vida e que os encontros com ela o estavam a dificultar. Que seria bom para os dois afastarmo-nos, uma vez que a nossa relação não estava a resultar, que éramos muito diferentes, que tínhamos planos de vida completamente opostos… meu Deus do céu, quanta desculpa haveria, possível de inventar, que ferisse menos! Mas não, ela fez questão de optar por essa. Ainda por cima, e isto eu não o sei explicar, fiquei com a sensação de que aquilo era mentira.

 

Não sei porque razão pensei isso, é talvez devido àquela intuição que temos, nós os homens. Então não?

 

Quando uma pessoa diz a outra que não a quer mais, seja qual for a maneira que encontrar para o fazer, não fica depois disso uma hora calada, parada a olhar para ela. O sentimento é de culpa, embora não tenha culpa nenhuma, mas a pessoa sente-se mal, embora talvez não devesse ou não tenha na realidade motivos para isso, mas somos seres humanos caramba, sentimos a dor do outro, mesmo que ele não a expresse, basta olhá-lo! Então o que é que dizia John Donne: “ A morte de qualquer homem me diminui porque faço parte do género humano e por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. Mais ou menos isto.

 

Talvez ela fosse cruel, mas não me parecia, embora nela nada fosse de excluir. Mas achava que um pedido de desculpa lhe tinha ficado bem. É das tais coisas, nem que fosse por uma questão de educação, eu, no lugar dela, tinha-o feito.

 

Quando vamos na rua e alguém vem contra nós, pedimos desculpa, pelo incómodo, pelo susto, seja pelo que for. A culpa pode até nem ser nossa, pode até ter sido o outro idiota que vinha distraído. É uma atitude de cidadania, do viver em sociedade. Vou mais longe. A quem de nós não aconteceu já a bengala de um cego (ela dizia é invisual que se diz) bater-nos na perna? E quem de nós é que não pede desculpa, sem ter culpa nenhuma?

 

Ora aqui o cego (aqui já não se diz invisual) era eu.

 

Aquela atitude era estranha, até porque entre nós houve sempre uma certa cerimónia no trato, que nem nos momentos mais íntimos era ultrapassada e tinha por isso todo o cabimento a menina dizer: Peço-lhe imensa desculpa, referindo-se à inevitabilidade dos factos.

 

Factos nenhuns, era o que era.

 

Talvez ela me quisesse por de castigo! Eu tinha-me excedido em algumas situações pontuais que a tinham desagradado de forma violenta.

 

A menina era de uma arrogância desmedida e achava-se intocável.

 

Eu, sempre atento a comportamentos humanos e tão exigente com os outros como sou comigo, pois que o meu padrão de referência é único e não tenho dois pesos e duas medidas, cometi a imprudência de fazer algum reparo em duas actuações do comportamento da menina. Embora no resto eu achasse que ela era perfeita e lho tivesse dito muitas vezes, achei-me no direito de querer melhorar o bom. O que é que eu fui fazer!

 

De forma que, aplicado o castigo, ela ficou para assistir ao seu cumprimento. Pois o que raio ficou ela a fazer ali durante uma hora, calada, a olhar para mim? Ficou por esclarecer.

 

Durante esse tempo, que me pareceu uma eternidade, eu nunca andei à procura da palavra certa para dizer pois que sabia que não diria nada.

 

Afastada a hipótese de me transformar em pó e desaparecer, percorri com o olhar todos os pormenores do interior do café onde ia há mais de dez anos e para os quais nunca tinha olhado. No balcão, reparei na forma dos bancos, na cor e no material de que eram feitos. Vi todos os rótulos das garrafas de vinho, dos verdes aos maduros, dos brancos aos tintos. Pela janela que dava para a cozinha, vi a cor do avental dos empregados, aos quadradinhos azuis e brancos, nada surpreendido, que outra cor podiam ter?

 

Depois passei às paredes, um relógio… como é que eu nunca tinha reparado no relógio? Pensando melhor, apercebi-me que, exactamente no local onde agora ele estava, havia em tempos um quadro que mencionava a atribuição de um prémio anual qualquer, pela excelência da confecção das refeições. Querem ver que isto desceu de categoria?

 

Estava exactamente aqui quando a menina, atenta à minha ausência a interrompeu dizendo:

 

- Diga alguma coisa!

- Não vou dizer nada!

 

Novo silêncio. Então agora era eu que devia dizer alguma coisa! Do que é que ela estava à espera? Que lhe desejasse felicidades?

Sinceramente, não me ocorreu.

 

Ela ainda tentou um início de conversa fútil dando continuidade ao telefonema, meu, que tinha antecedido aquele encontro. Mas que falta de tudo! Como é que agora, no estado em que eu estava, podia alhear-me do fundamental e conversar normalmente sobre assuntos alheios a mim, quando todo eu estava feito em pedaços, com tudo fragmentado, o pensamento em devaneio, o raciocínio impedido, a lucidez toldada, a lógica numa batata, a razão embaciada e a fala emudecida!

 

Mas do que é que ela era feita?!

Do que é que ela estava à espera?

 

De alguma coisa era, uma vez que não tomava a iniciativa de pôr termo àquilo e eu sem conseguir mexer-me a achar que já chegava e o dilema de que não podia deixar de ter consciência: quando me levantar daqui nunca mais a vou ver! E a pensar comigo mesmo se teria dignidade, ou o que quer que fosse, para fazer isso! E ao mesmo tempo vinha-me à cabeça: mas porque raio é que ela me está a inventar uma coisa destas?

 

Não tinha os contornos da verdade!

 

Uma semana antes tinha feito uma pequena cena porque eu não a tinha convidado a ir comigo a um evento e isto não encaixava no que me estava a dizer agora. Quando se inicia uma nova relação estamos demasiado entusiasmados para sentir a falta de coisas sem importância nenhuma.

Será que ela dava mais significado ao orgulho ferido do que ao sentimento que lhe envolvia o coração?!

 

Coitado do que vier a seguir! Não pude deixar de pensar.

 

Chegou até ao ponto de me pedir explicações por eu não a ter convocado para um café quando lhe tinha manifestado, na véspera, intenção de o fazer, mas sem que tivesse dito vou fazê-lo. Aliás as minhas palavras tinham sido vou pensar. Eu começava a fartar-me da sua recusa sucessiva aos meus convites e da sua falta de tempo para tudo que me incluísse e quando nesse dia ela me convidou para um café, que eu tive de recusar por causa do tal evento, e ao qual depois me veio a perguntar: porque é que não me convidou?, ela perguntou: E então amanhã? e eu disse: Vou pensar.

 

Depois pensei e não telefonei. Ela não gostou nem do primeiro nem do segundo e eu não percebi porquê!

 

Pois se ela passava a vida a ir a eventos e nunca me tinha convidado para a acompanhar, o que é que agora lhe dava o direito de achar que eu devia fazê-lo?

 

Em relação à segunda, não havia semana nenhuma que não me recusasse convites, porque é que ao primeiro que eu recuso ela acha que eu lhe devo explicações?

 

Isto na semana anterior, quando um mês antes ela encontra uma pessoa do passado que fez questão de dizer, anterior ao nosso encontro, como se um par de cornos naquela altura me fizesse alguma diferença! É nisto que eu acho que as mulheres são parvas! Perdoem-me as outras por aqui as incluir, numa injustiça assumida, mas só porque às vezes é mais fácil para um homem assumir-se vítima do grupo que de um caso isolado. Chegam a este pormenor ridículo: um gajo está com os tomates completamente no chão e elas a fingir pena de nós, dizem: uma pessoa que conheci antes de Fevereiro, puta que a pariu, só por ter sido esse o mês da minha condenação!

 

Perante a iminência de ficar definitivamente sem ela, eu queria lá saber se tinha sido antes ou depois. O que me importava era se ela gostava ou não de mim, não gostava.

 

Cristina Pizarro

 

 

26
Dez17

De regresso à cidade


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Estamos de regresso à cidade, de saída do Natal e a caminho do novo ano, com esperanças renovadas e algum acreditar num futuro melhor para todos nós mas também para a nossa cidade e esperamos que haja a sensibilidade e inteligência de ver que o futuro de Chaves, está no mundo rural e em Chaves cidade se impor como a capital de uma região e não apenas de um concelho. Bem, mas isto mais que votos, são desejos, esperanças para o próximo ano e seguintes, para já, ainda temos o ano de 2017 para cumprir.

 

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Regressemos então à cidade com duas imagens, a primeira é a saída da barraca de Natal, ou de licores, pois de natal pouco tinha e a segunda, embora pudesse ser tema de muita conversa,  não pretende ser nada, apenas fazer a referência à “AQUAE”  da chuva que está de regresso, que embora chata e fria, todos queremos que passe por cá uma temporada e caia com alguma abundância.

 

 

26
Dez17

Chaves D'Aurora


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  1. BROTAR DE NOVO.

 

Nesse entremeio, ao se afastar um pouco de seus familiares, Aurora notou, diante do mal cuidado chão do Forte junto às muralhas, onde o mato crescia rasteiro e há muito tempo sem corte, que umas senhoras estavam a colher uma plantinha silvestre. Ao se aproximar delas um pouco mais, constatou ser uma espécie de funcho. A pensar em seu querido Papá, que às vezes ficava indisposto por alguns excessos à mesa, Aurora se uniu ao grupo de mulheres para colher os fiolhos, com os quais se faz um chá, ótimo remédio para o fígado.

 

 Foi então que deu com os olhos ali, bem pertinho de si, em alguém que, há tanto tempo, não via sequer à Estrada do Raio X. Assim que viu o seu garboso Hernando, a conversar alegremente com os músicos de um rancho de Selhariz, um tornado começou a se formar no coração da rapariga, para lhe varrer da mente tudo o mais em volta. Aquele amor interdito havia deixado raízes de profunda fixação, a que os ceifeiros da ordem social e familiar podiam fazer a poda, mas logo voltariam a brotar.

 

Por sua vez, ao avistar a menina, Camacho foi-se chegando com um ar bem casual e lhe falou à mansa, como quem está de repente a passar por ali – Olá, brasilita, como estás – ao que ela – Estou bem, graças ao bom Deus, e tu? – Não te fazia aqui, por estes sítios e romarias – Pois cá estou, vim com os meus – Ora, ora, como a menina se pôs! – e ela pensou, para si mesma – Ora, ora, e que diabo de bonito se pôs esse moçoilo!

 

Ficaram então a se fitar, olhos nos olhos, por um instante menos que breve e mais do que infinito. O bastante para que toda a energia da paixão, escondida em alguma célula secreta do corpo de Aurora (no coração, por certo, não à mente), brotasse de novo, ficasse a girar qual uma hélice de aeroplano e voltasse a se empinar, como a um papagaio de papel em céu especial. Um céu que se estava a criar logo acima dos enamorados, a se verem, de pronto, em um jardim de amores-perfeitos gigantes, multicores e incrivelmente perfumados, emoldurados por raios de sol e um arco-íris brilhante, com elfos e gnomos a cantarem e a transportá-los para outras fantásticas dimensões do universo. Tudo isso a celebrar com eles esse amor que se revelara como tal à primeira, segunda, enésima vista.

 

Por se acharem fora do campo de visão do Papá, ao outro lado da capela, com Reis e os mais a se concentrarem na música e nos pares de dançarinos, que volteavam com alegria no tablado, Hernando e Aurita conseguiram a súbita ventura de ficar juntos por uns bons e esquecidos momentos. O bastante para concertar um novo encontro. Ela percebeu então que, de um modo efetivo, definitivo, mas certamente aflitivo, estava perdidinha de todo por aquele guapo cigano.

 

Entrementes, Florinda começou a se queixar do sol e de estar um calor de matar, em plena primavera. Às meninas, aborrecia a poeira que se levantava do solo, com a correria dos miúdos. Ao Reis, incomodava o intermitente passa, passa, de romeiros, às levadas. No mais, o vinho, que rolava solto para as goelas dos festeiros, já estava a produzir seus efeitos em inconvenientes borrachos. Rusgas se iniciaram aqui e ali, embora logo acalmadas. Tais discussões surgiam da defesa de cada rancho pelos companheiros de sua aldeia, a se rivalizarem no dizer quem, qual e quanto dançava ou cantava melhor.

 

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Outro rancho na Festa de N. S. das Brotas. Chaves (PT). Foto de Raimundo Alberto (2010).

 

De repente uma pessegada, com pancadaria da grossa, começou bem pertinho de onde estavam Aurita e o Camacho. Os ecos chegaram até ao patriarca. Foi a gota d’água para que ele convocasse os seus a tornarem à Quinta.

 

Enquanto Afonso ia dizer às barrosãs, ora entregues a gostosos cavacos com uns violistas de Cela, que os Bernardes já estavam a partir, mas que elas podiam se tardar no Forte um pouco mais, desde que chegassem a pronto de servir a ceia, Aldenora foi a primeira a chamar a atenção para outra desgarrada – E a Aurita, Papá?

 

O pai procurou-a até onde a vista pudesse alcançá-la – Com mil diabos, onde será que essa menina se meteu? – mas logo avistaram a rapariga a correr, célere, para junto dos seus. Aurora parou diante do patriarca, fitou-o com os “meigos olhos de amansar tojos”, como diria Miguel Torga, e murmurou suavemente – Estava a colher fiolhos. Para o senhor, meu pai!

 

 

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25
Dez17

Quem conta um ponto...


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O brincalhão

 

Quem tem amigos não morre na cadeia. Dito de outra forma, os meus amigos são aquilo que eu sou. Eu tenho amigos de todos os gostos e feitios. E gosto de todos eles. De todos sem exceção. Eles são tão diferentes uns dos outros que muitas vezes me pergunto como é que eu posso ser amigo de todos, ou todos podem ser meus amigos, sem nos questionarmos sobre o motivo das nossas diferenças, ou indiferenças. Todos diferentes todos iguais, lá diz, com toda a sapiência, a nossa escola democrática e inclusiva. E, contrariando o José Régio, e apesar de tudo, e apesar do Dantas, do Pim, do Almada Negreiros e do Paulo Portas, eu sei que vou por aí.

 

R. é o meu amigo mais brincalhão. É um patusco. Um homem capaz de pôr uma pedra a rir, ou, o que é ainda mais difícil, pôr a Manuela Ferreira Leite às gargalhadas. Tudo o que ele diz tem o condão de provocar uma risada imediata. Até se ri de si próprio com muita galhardia e independência. Qualquer frase articulada pelo R. tem graça, mesmo quando não tem graça nenhuma. E é isso que ele gere com abundante mestria: a capacidade de, do nada, conseguir estimular um sorriso em toda a gente, quer seja amiga ou inimiga, de esquerda ou de direita, católica ou não católica, homem ou mulher, gay ou lésbica, ecologista ou inimigo da natureza, branco, mulato ou preto, rico ou pobre, transmontano, não trasmontano ou indistinto, etc.

 

A última vez que o encontrei, disse-me, sem se rir, circunstância que provocou de imediato o meu sorriso, que leu numa revista uma reportagem dando conta que a pobreza começa a ser visível em muitos sectores da nossa população. Mas que fome sempre existiu. E que ele foi uma vítima dessa senhora vestida de preto.

 

Por mor das coisas, e do estilo, aqui vos deixo a sua prosa oral em registo direto e ao vivo.

 

«A fome, no meu tempo, provocava o riso, pois os pobres até se riam com ela. E quanto mais fome mais riso. Hoje as crianças pobres queixam-se que as suas mães às vezes só lhes dão meio copo de leite. Antes meio copo do que nenhum. No meu tempo, eu, que até nem era considerado pobre, ao pequeno-almoço, em minha casa classificado como mata-bicho, comia um caldo de unto acompanhado com um naco de pão centeio mais duro do que a própria fome. E ria-me muito quando o meu pai dava um peido e dizia “com a devida licença de vossemecês”. E a fome, desde que não seja permanente, pode ser fonte de saúde. E libertar os gazes do intestino também. Pelo menos é isso o que dizem alguns cientistas. E os médicos informam que devemos comer pouco: pouco peixe, pouquíssima carne, especialmente de vaca, que é a mais cara, e dizem que a abusar nas proteínas abusemos do atum e das sardinhas em lata, que são dos alimentos mais baratos que podemos encontrar em qualquer supermercado. Hoje morre-se muito mais de fartura do que de fome. A maioria das crianças é obesa. E a maioria dos adultos também. E sofrem do colesterol, da diabetes, da hipertensão, tudo doenças provocadas pelo excesso de gordura, sal e açúcares. A pobreza pode ser uma forma de combater esses flagelos. As crianças comem menos, bebem menos, crescem menos, engordam menos, brincam menos, estudam menos e todos sabemos que crianças que estudam menos são muito mais fáceis de aturar, não têm tendência a desenvolver aquele vício irritante de estarem sempre a questionar o porquê das coisas. E os pais podem poupar porque compram menos comida, menos roupa, menos brinquedos e menos livros e cadernos e esferográficas. E os livros são um verdadeiro luxo e custam tanto dinheiro que, a existir poupança na sua aquisição, pode ser encaminhado para uma conta poupança reforma que, a ser iniciada na infância, pode vir a representar a principal fonte de sustento na velhice, pois a segurança social qualquer dia dá o berro.

 

Escrevem por aí os jornalistas que muitas crianças relatam que às vezes querem leite, mas sabem que as mães vão logo dizer não, pois sabem que elas não podem. Se as mães não podem, que peçam aos pais. Pois eles devem servir para alguma coisa. Eu quando era pequeno utilizava muito essa táctica. Quando pedia algo à minha mãe e ela não mo dava, logo de seguida ia ter com o meu pai para ver se conseguia dali alguma coisa. Ele por vezes dava-me o que lhe pedia. Outras vezes não. No entanto nunca perdia a graça e dava sempre um peido repetindo “com a licença de vossemecês”. Era conforme o bom humor e a disponibilidade. Lembro-me que leite não pedia, nem ao meu pai nem à minha mãe, pois sabia que leite era coisa que lá em casa não se consumia. Também dizem que muitas crianças referem que vão a casa da madrinha para tomarem banho. Tomar banho na minha infância era luxo semanal, quando era. Pois no Inverno não havia banho para ninguém. E as casas eram tão frias e acanhadas que só em pensar uma pessoa em despir-se, fosse para o que fosse, podia estimular uma forte constipação ou uma pneumonia. E não havia antibióticos para tomarmos. As doenças eram curadas com o tempo e com a sorte de cada um. E muitos de nós tinham mesmo azar e batiam a bota. Algumas famílias relataram às televisões que jantam muitas vezes arroz com molho. Agora são os pobres aqueles que têm acesso direto aos meios de comunicação social. Raramente lá vemos um rico. Um pobre passa fome, lá vai a televisão a correr bater à porta do casebre para dar voz à pobreza. Ora essas reportagens apenas servem para deprimir ainda mais o país, dando uma má imagem de Portugal, das nossas instituições democráticas, do nosso Governo e, sobretudo, do Estado Social. Muitas vezes comi as batatas cozidas secas acompanhadas com azeite rançoso ou com banha de porco ou os chícharros misturados com couves cortadas sem pinga de gordura, quer fosse vegetal ou animal. E não morri. Nem ninguém foi lá a casa perguntar se tinha fome, se dava banho ou se apenas bebia meio copo de leite ao pequeno-almoço. Antigamente passávamos fome e ninguém se metia connosco, nem ninguém tinha prazer em noticiar a pobreza alheia. Quando andava na tropa e vinha de viagem até cá cima para visitar a família, muitas vezes comi uma sandes de molho de vitela. E ainda cá estou. E também ninguém me entrevistou para o jornal. Cada um vivia como podia sem disso fazer alarde. A pobreza era vivida com vergonha e todos queríamos sair dela. Hoje todos querem ser pobres para aparecerem na televisão ou nos jornais, para serem citados pelos políticos, para serem beijados, abraçados e elogiados pelo presidente da República, para fazerem parte das estatísticas, para lhes darem roupa, comida, carinho, educação e protagonismo. Ser pobre hoje é quase um estatuto. A não se ser rico, o melhor é ser-se pobre. Pois os remediados são tão pobres como os pobres mas não são tão ajudados, nem aparecem tanto na televisão, nem nos programas de apoio ao que quer que seja. Está provado que o cidadão português necessita de ser apoiado em tudo. Um pobre chegou ao pé de um ministro e pediu-lhe uns óculos porque via mal ao longe. Que teve uns mas partiu-os. Outro lamentou-se que os pais dormem nuns cobertores no chão. Uma criança pobre confessou que gostava de fazer uma colecção do Mundial mas o pai não o deixou gastar dinheiro com cromos. À primeira vista todos estes depoimentos são enternecedores. Mas se o senhor ministro desse uns óculos a todos aqueles que os partem até eu partia os meus que já estão gastos, velhos e cansados como o dono. Eu cheguei a dormir num enxergão de palha coberto por um liteiro escutando o gracioso retinir dos guizos das vacas dos meus avós. E que encanto tinha aquele tlintlintlintlim.»

 

Depois de ouvir o meu amigo atentamente, e sempre com um sorriso nos lábios, disse-lhe em jeito de remate, pois tinha de ir passear o cão: «Catarina Portas tornou a falar aos jornais do seu sucesso empresarial e disse textualmente que “o nosso atraso pode ser o nosso avanço”. Com tanto e tão bom atraso é bem possível que esteja carregada de razão. Nós só lá vamos se potencializarmos aquilo no que somos bons: pobreza, lamechice e atraso. Então avante camarada avante…», levantei-me e fui-me embora. Ele, com um sorriso maroto nos lábios, atirou-me: presunção e água benta, cada um toma a que quer…

 

 

PS – Por falarmos em apostar no nosso atraso para conseguir o progresso, aqui fica uma proposta arrojada. Neste Inverno invente e misture peças clássicas gastas, com peças novas dos saldos, dado que agora ninguém se atreve a criticar seja quem for por andar com as calças rotas, os casacos coçados e as sapatilhas sujas, pois isso é tão essencial como usar marcas de criadores nacionais. E sempre fica mais barato. As peças com influências dos anos 50 e 70 invadem as passerelles e representam uma moda orgulhosamente nacional. Por isso tente, pois é no tentar, dizem os mais criativos e empreendedores, que está o ganho.

 

João Madureira

 

 

24
Dez17

Bom Natal


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Desde esta linda cidade de Chaves, pelo Tâmega beijada e aqui pra trás dos montes plantada, ficam os votos de um Bom Natal para todos os amigos, acompanhantes deste blog,  e todos os colaboradores sem os quais este blog não seria possível.

 

Quanto ao postal, claro, teria de ser da nossa cidade e da nossa Igreja Grande, ou se preferirem da nossa Igrela Matriz ou ainda de Stª Maria Maior.

 

Um Bom NATAL para todos! 

 

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