Ribeira de Sampaio - Chaves - Portugal
Seguindo a ronda pelas nossas aldeias do concelho de Chaves, depois de ter passado por aqui a Ribeira das Avelas, hoje toca a vez a outra ribeira, a Ribeira de Sampaio, passando por cima da Ribeira do Pinheiro, que estará aqui no próximo sábado.
Na realidade estas três aldeias que adotaram o topónimo de Ribeira, encontram-se a umas centenas de metros de distância e estão todas bem juntinhas à Ribeira do Caneiro que desagua no Rio Tâmega, junto às poldras. Tomando a orientação de montante da ribeira do Caneiro, a primeira das três ribeiras, logo a seguir a S. Lourenço, é a Ribeira de Sampaio. Descendo mais um pouco temos a Ribeira do Pinheiro e por último a Ribeira das Avelas, todas elas ligadas a antigos moinhos dos quais hoje só existem ruínas.
As duas primeiras Ribeiras (de Sampaio e do Pinheiro) encontram-se nas zonas mais acidentadas da Ribeira do Caneiro, com múltiplas pequenas cascatas e rápidos de acesso complicado, mas era nestas proximidades que existiam e ainda vão existindo, os antigos acessos às aldeias da Cela e penso que também a Tresmundes, acessos para descer à cidade de Chaves, com o regresso sempre a subir. A travessia entre margens da Ribeira do Caneiro era feita através de uma belíssima ponte que ainda hoje existe, precisamente na Ribeira de Sampaio, a condizer com o não menos belíssimo casario composto pelos moinhos e casas dos moleiros.
Este pequeno conjunto descobri-o por mero acaso nos anos oitenta do século passado, numas das minhas voltas de mota e já com a noia da descoberta e de querer saber onde os caminhos iam dar. Lembro-me desse dia como se fosse hoje, e o espantado que fiquei com tanta beleza, com o casario, então, ainda habitado. Recordo que depois de me recompor do espanto e surpresa da descoberta, desci à cidade para recolher a máquina fotográfica, subi de novo àquele conjunto que só mais tarde vim a saber ser a Ribeira de Sampaio e fiquei por lá a recolher alguns motivos.
Já na era da fotografia digital, nos seus inícios, voltei por lá para fazer novos registos e não acreditei naquilo que vi. Desilusão total, tanta, que não consegui fazer uma única foto. Voltei lá mais tarde, passados uns anos, em 2007, e aí sim, fiz algumas fotos. O lugar continua a ser agradável, a ponte continuava interessante, o casario mais degradado e algumas intervenções novas, mas o espírito romântico e bucólico, estava de todo perdido.
Foto dos anos 80 do Séc. XX
Voltei lá de novo em 2015, sem alterações e com o casario abandonado mais degradado. Embora sem a qualidade das fotos atuais, estas três últimas fotos digitalizadas a partir dos negativos da analógica, dão para ver como era a Ribeira de Sampaio nos anos oitenta do Século passado.
Foto dos anos 80 do Séc. XX
Sei que o casario foi vendido recentemente e tenho esperança de que, o novo proprietário, tenha o bom gosto e bom senso de recuperar o que ainda seja possível recuperar e de dignificar aquele lugar que pode ser um pequeno paraíso. Esperamos para ver e iremos estar atentos, depois logo veremos.
Foto dos anos 80 do Séc. XX
Claro que nestas recuperações/reconstruções, hoje em dia, não se pode exigir que se mantenha aquilo que existe sem alterações. O modo de vida atual exige algumas adaptações, no entanto poderão ser feitas com respeito do existente e fazer a memória do lugar.
No próximo Sábado teremos aqui a Ribeira do Pinheiro.
Até amanhã!