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E vamos até mais uma aldeia, que também é sede de freguesia, aliás a única aldeia da freguesia: - Vilarinho das Paranheiras.
Vilarinho das Paranheiras situa-se na margem esquerda do Rio Tâmega, desenvolve-se junto a Estrada Nacional 2, a 15 quilómetros de Chaves e 2 de Vidago. Faz fronteira com as freguesias de Anelhe (do outro lado do rio), com Arcossó, Vidago, Selhariz, Vilas Boas e Vilela do Tâmega e desenvolve-se (a freguesia) ao longo de 3,8 quilómetros quadrados.
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Segundo o CENSOS de 2001, tem como população residente 220 pessoas, 84 famílias e 134 alojamentos. Comparativamente com o CENSOS de 1981 (343 pessoas residentes), a aldeia perdeu 123 pessoas. Curiosamente, e acontece em quase todas as aldeias, tem méis eleitores (233) que residentes.
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Pelos números facilmente se conclui que é mais uma das aldeias que sofre dos males da desertificação, isto em relação aos números oficiais existentes, e que se compreende apenas pelo abandono da actividade principal da aldeia, a agricultura. No entanto, sem quaisquer números oficiais que apoiem as minhas palavras e, por simples observação, penso que a população da aldeia está de novo a crescer, pelo menos as novas construções dos últimos anos para aí indicam e também é compreensível, dado os bons acessos que possui, a proximidade de Vidago e do nó da Auto-Estrada, transformam-na numa excelente aldeia dormitório, pois de agricultura, nada, e aquela de que não se cultivam os campos por falta de mão de obra, é uma das maiores mentiras desde sempre inventadas por quem quer justificar as desertificações das aldeias, pois os campos foram e continuam a ser abandonados porque não são rentáveis e nem sequer chegam a dar para o sustento de uma família, e temos pena, principalmente em terras como Vilarinho das Paranheiras que produziam um dos melhores e apreciados vinhos da região que, a custo, ainda se vai produzindo algum, por pura carolice e para consumo da casa.
Traçado que está a “vida” da aldeia, vamos a um bocadinho de história, religião e devoções.
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Pela informação dispersa, como sempre, consegui apurar que na freguesia foi encontrada uma enorme quantidade de peças arqueológicas, de origem muito remotas. O Castro da Ribeira de Vilarinho, próximo do Rio Tâmega, bem como algumas peças romanas em cerâmica, testemunham a presença romana e também a celta.
Em termos históricos, a aldeia viveu de forma bem intensa os momentos intensos e difíceis das Invasões Francesas, pois foi esta a aldeia e terras que os guardas avançados dos soldados invasores escolheram para atravessarem o Rio Tâmega para a margem direita, suponho que pelos pontões de pedra ainda existentes no Tâmega e onde o rio tem menos profundidade. Este atravessamento foi feito com a finalidade de se reunirem ao grosso do exército napoleónico que se encontrava nos arredores das Alturas de Barroso.
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Quanto a religião e arquitectura religiosa, além de um interessante cruzeiro no centro da aldeia, tem também uma interessante Igreja barroca de devoção a S. Francisco, onde se destaca a imagem de Santa Senhorinha, rara e interessante porque o seu nome se encontra ligado às lendas da Ponte da Misarela, situada no concelho de Montalegre.
Segundo a documentação que consegui encontrar, o orago da freguesia é S.Francisco, no entanto (nos meus papeis) a festa é em honra da Srª da Saúde e realiza-se no último Domingo de Agosto. Penso haver aqui uma pequena contradição e, talvez até nem esteja correcto o que deixo escrito ao respeito. Se houver por aí algum natural da aldeia que possa esclarecer, nós agradecemos.
Quanto ao casario, há o novo que se desenvolve junto à nova variante da estrada nacional, que se desenvolve também ao longo do troço da EN desactivado. Mas é o núcleo histórico da aldeia sobre o qual recai o interesse do casario, do tradicional, do granítico onde ainda se ostentam alguns frontões ou janelas artísticas.
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Nesta aldeia de Vilarinho das Paranheiras nasceu o frade franciscano Afonso Domingues Diegues, escritor e grande orador, que missionou e evangelizou as populações do México. Outro ilustre transmontano, o Padre João Vaz de Amorim deixou o seu nome ligado a esta freguesia onde nasceu. A sua residência, ostenta no portal da entrada, uma lápide evocativa da grandeza deste homem.
De lamentos, apenas o abandono da agricultura e de algumas vinhas, bem como a desactivação da linha de caminho de ferro e da Estação, que hoje ainda é um belo edifício, como todas as estações, mas abandonada a meter dó. Também temos pena, pela estação, pela linha desactivada e que o vinho de Vilarinho das Paranheiras se venha a perder num futuro próximo. Lamentos dos quais a aldeia não é culpada, pois mais uma vez os culpados são os mesmos, ou sejam, políticos e políticas errados(as).
Até amanhã em mais uma das nossas aldeias.