O pior aconteceu!
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Pois é, o pior aconteceu.
Sempre o disse por aqui que a nossa Ponte Romana deveria merecer o nosso respeito, não só pela sua beleza, mas também pela sua idade. Por muito resistente que ela aparentemente se apresentasse à vista de todos, 2000 anos deixam as sua mazelas e a sua resistência aparente não conseguiu resistir às cargas da modernidade.
Andava por aí na baila se a ponte deveria passar a pedonal ou manter trânsito automóvel. Os amantes da cidade e da ponte já há muito que defendiam o fecho do trânsito. Por sua vez, os comerciantes que como sempre se lamentam pelo fraco negócio, preferem ver passar carros do que pessoas. Pois agora nem carros nem pessoas, a ponte caiu. Não se adivinhava, mas já se temia.
Logo no inicio das obras, os técnicos do IPAR, detectaram uma fissura num dos arcos da ponte. Sem porem as obras em causa, alertaram para o risco daquele arco receber cargas pesadas e recomendaram que enquanto não se procedesse ao reforço do arco, não deveriam passar cargas sobre ele, devendo as lajes de pedra a utilizar no pavimento, serem descarregadas de um e outro lado do arco, sem passar por ele.
Sei que a fiscalização da obra recomendou que as descargas fossem feitas fora do tabuleiro da ponte e que as lajes de pedra fossem transportadas em pequenas quantidades até ao local da sua colocação. Pelo que sei assim tem sido feito, pelo menos durante os períodos em que a fiscalização se encontra na obra, mas ontem, pelos vistos, a recomendação não foi seguida.
Adivinha-se que o empreiteiro pressionado pelos comerciantes queria acelerar as obras e de vez em quando punha de parte as recomendações dos técnicos. Embora as obras tivesse parado logo após o acidente que ocorreu durante a hora de almoço (13H18 – segundo testemunhas que apanharam um susto de morte) e a ponte vedada em todo o seu tabuleiro para apuramento das causas do acidente, que segundo consta foi aberto um inquérito que irá ser conduzido pelo LNEC + IPAR, que segundo comunicado da Câmara Municipal deverá demorar de
Claro que desculpas há muitos, o facto é que a ponte caiu. Mas do mal o menos, pois não houve qualquer vitima, nem sequer feridos, apenas alguns sustos de morte, pois ao que dizem que disseram, o condutor do camião tinha-o saído dele para ir perguntar ao encarregado da obra onde e que queria que a descarga das lajes de pedra fosse feita. Sorte para o condutor, azar para a ponte, mas isto não deixa de fora as responsabilidades do empreiteiro, pois se o arco apresentava deficiências, deveria estar vedado a qualquer acesso, inclusive dos peões que mesmo assim continuaram a passar por lá. E digo bem, continuaram, porque agora ninguém passa, e conhecendo a burocracia dos inquéritos, a ponte vai transformar-se num segundo baluarte do cavaleiro e vai demorar anos a que tenhamos de novo o arco de pé.
Fica um requiem pela nossa Top Model.
Prometo vir por aqui dar novidades da nossa (bi)milenar ponte.
Até amanhã, espero que com boas notícias.