Vilas Boas - Chaves - Portugal
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Então hoje vamos até Vilas Boas e diga-se desde já que se tornou uma aldeia difícil de fotografar, não por falta de conteúdo, mas pelo mau tempo ou falta dele, que sempre ia brindando as minhas visitas à aldeia. Mas entre 3 ou 4 visitas, consegui trazer um pouco em imagem de Vilas Boas.
Pois naquela classificação e divisão do concelho que há dias deixei por aqui, Vilas Boas é uma das aldeias da região de Vidago.
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Por motivos profissionais, conheço a aldeia há mais de 20 anos, ainda do tempo em que era um bocado complicado chegar até ela. Hoje, graças ás ligações que tem até Valverde/Vidago ou Valverde/Pereira de Selão/Chaves, ou Selhariz/Vidago ou até Chaves via Seixo, já não se pode dizer que seja complicado chegar até Vilas Boas. Talvez se estes e outros acessos existissem há muito mais tempo, a aldeia não teria perdido tantos habitantes e a vila vizinha de Vila Rel (que passou pelo blog há dias) ainda estivesse habitada. É aquilo que costumo dizer por aqui de que quando as aldeias tinham muita gente, não tinham água canalizada, nem electricidade, nem saneamento, nem telefones e quase que nem vias de comunicação. Agora que têm tudo, faltam-lhes as pessoas, principalmente as mais jovens para darem vida, alegria e ar de festa às aldeias.
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Mas Vilas Boas até nem é das aldeias mais desertificadas, graças a ser uma aldeia (comparativamente com as restantes) grande e a ter terrenos agrícolas férteis.
Vilas Boas é uma daquelas aldeias às quais para se conhecerem se tem que se ir lá quase de propósito, pois fica bem no miolo e entre as vias de comunicação e estradas nacionais mais importantes de ligação do concelho. Eu diria que fica no centro de um triangulo cujos lados são feitos pela estrada Vidago-Chaves, Chaves-Peto de Lagarelhos e Vidago-Peto de Lagarelhos. Dentro deste triângulo, todas as estradas vão dar e passam por Vilas Boas e, sinceramente, qualquer uma delas faz parte de um trajecto paradisíaco de paisagens naturais e de montanha dignas de serem apreciadas feitas de um constante para e arranca para melhor nos podermos deleitar com as vistas.
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Deleite que nos é oferecido também pelas ruas e casario da aldeia e do seu núcleo. Sem grandes casas senhoriais (pelo menos que eu tivesse visto ou tenha conhecimento), nota-se que nunca foi uma aldeia pobre e humilde. O seu casario demonstra ter sido e ser ainda uma importante aldeia do concelho, onde as novas construções e intervenções ainda não fizeram grandes asneiras, antes pelo contrário, pois constata-se a recuperação de algum do seu casario, feito com gosto e com recurso aos materiais tradicionais ou novos matérias muito bem integrados e disfarçados.
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Quanto às suas gentes, tenho pena de o tempo não ter ajudado e em todas as visitas ter ido em tempo de labuta nos campos, mesmo que na cidade fosse fim-de-semana. Mas já todos sabemos que nas aldeias do campo e onde a agricultura ainda tem alguma importância, todo o tempo é pouco e há que aproveitar a luz dos dias, e descansar só mesmo aos Domingos e, só quando se pode. Pois tive pena de não me poder demorar por lá em conversa com as tais enciclopédias não editadas que geralmente os mais idosos albergam e que muito gosto têm em contar e partilhar. Fica para uma próxima oportunidade.
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Mas vamos oficialmente até Vilas Boas.
Vilas Boas fica a
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Em termos de dados estatísticos e segundo os Censos
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A freguesia tem uma área de 6,97 km2, nos quais as produções agricolas mais relevantes são a batata, centeio e cereais, alguma vinha e olival, algumas pastagens e as características hortas à volta dos núcleos.
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O povoamento do monte de Santa Bárbara, pertencente à freguesia, segundo Argote, será no mínimo, do tempo do domínio romano, constatado pelas construções existentes e pelas muitas moedas romanas encontradas na freguesia.
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Como dados curiosos e que enobrecem a aldeia, Vilas Boas foi na primeira década do século XX, a povoação do concelho de Chaves com o menor grau de analfabetismo e, que deu origem a que dela partiram vários indivíduos que se notabilizaram em diversas áreas, sobretudo como oficiais do exército que chegaram quase a duas centenas (seria digno de um estudo sério este fenómeno que talvez não esteja alheio à história militar de Chaves e das invasões à cidade).
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Tal como já referi, a maioria do casario apresenta uma traça reveladora da importância desta aldeia relativamente a outras que lhe são próximas. Entre o casario situa-se uma interessante fonte de mergulho conhecida pela Fonte de Chousas que, durante longos anos, deu de beber à população.
.A igreja de estilo barroco muito simples, construída em 1790, tem por orago São Gonçalo, no entanto e como já costuma ser habitual em muitas aldeias do concelho, esta festeja anualmente a Santa Bárbara no mês de Maio.
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E sobre Vilas Boas é tudo. Para quem não conhece, pode tomar uma das estradas que nos levam até lá, pois pela certa não se arrependerá de conhecer esta aldeia e, se ficar encantado com ela, até pode pernoitar na aldeia, pois é dotada de uma casa de Turismo Rural, que dá pelo nome de Quinta do Olival, mesmo na entrada da aldeia. Não conheço a casa, mas uma espreitadela rápida quase de passagem deu para observar que tem bom aspecto e que, com certeza, como quase todas as casas do género, permitirá umas pernoitas agradáveis. Mas como disse não conheço e pela certa que a pernoita precisará da devida reserva.
Até amanhã em mais uma aldeia.