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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

20
Jul08

Oura - Chaves - Portugal


 

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E se a nossa aldeia de ontem foi Mairos, hoje vamos até Oura, ou seja, precisamente

até ao lado oposto do concelho, pois Oura e a sua freguesia faz fronteira com o concelho de Vila Pouca de Aguiar e com as freguesias flavienses de Arcossó,  Vidago, Selhariz e Loivos.

 

Oura é sede de freguesia à qual pertence também a aldeia de Vila Verde de Oura, fica a 22 Km de Chaves e a 4 de Vidago. A freguesia desenvolve-se ao longo da Ribeira de Oura e da Estrada Nacional 2 e  pelos 11.93 km2 que possui de área entre o Monte Meão, o início do Monte Reigaz

 

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Em termos de população, dados dos Censos 2001 para a freguesia, Oura tinha 652 habitantes, contra os 892 habitantes que possuía em 1981. Embora se note uma perda de população na freguesia, penso que a mesma se deve a Vila Verde de Oura e não a Oura, pois esta é uma das freguesias (rurais) que em termos mobiliários mais tem crescido nos últimos anos, existindo mesmo quase duas aldeias dentro da aldeia, ou seja a aldeia antiga a nascente da estrada nacional e a aldeia nova, com moradias recentes e que se desenvolve desde o antigo apeadeiro da CP, até Salus, onde existem umas boas dezenas de moradias unifamiliares. Crescimento este que não é de estranhar, dada a sua proximidade a Vidago e os bons acessos automóveis garantidos quer pela EN 2, quer pela proximidade do nó de Vidago da Auto-estrada. Pena é que não tenha o velho comboio também a passar-lhe pelo meio e do qual resta, para recordação, apenas o velho apeadeiro, o único que eu conhecia na linha do corgo construído na totalidade em madeira. Hoje em vez de recolher  pessoas, recolhe roupa e protege-a destes sol dos verões de inferno e dos 9 meses de Inverno.

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Ainda bem que temos uma aldeia no concelho que contraria a tendência do despovoamento. Claro que dessa tendência também se excluem quase todas as aldeias que vivem à volta da cidade, e em Oura temos agora metade de aldeia dormitório e metade de aldeia rural.

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Oura hoje é mais uma das freguesias de Chaves, mas nem sempre foi assim, pois no seu passado a freguesia pertenceu à  Reitoria de Moreiras e constituía uma Vigairaria. Passou a Freguesia independente com o título Reitoria, tendo sido anexada ao Concelho de Vila Pouca de Aguiar em 31 de Dezembro de 1853, regressando ao domínio do Concelho de Chaves, dois anos depois, em 24.10.1855.

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É também na freguesia de Oura que existem as nascentes de águas minerais de Areal, Fonte Maria e Salus, águas ricas com propriedades mineromedicinais, amplamente conhecidas, às quais se juntam as de Vidago e Campilho. Mas hoje em dia são apenas conhecidas, e já não são comercializadas com o rótulo de Vidago, não fosse o negócio da água um dos negócios mais rentáveis do século e onde o que interessa mesmo é que seja negócio e rentável, pouco importando a sua origem, o nome das terras que a produzem e as suas características medicinais, que agora até são alteradas com sabores da fruta que estiver na moda. Lá se vai a cura das más disposições ou digestões difíceis com um quarto de águas de Vidago, por exemplo. Pois todas estas águas estão concessionadas a um grupo, que agora optou por engarrafá-las nas Pedras Salgadas, desistindo do rótulo Vidago. Pelo menos não as há no mercado ou no circuito comercial.

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Mas voltemos a Oura e à sua ribeira, com terrenos muito férteis, produzindo bom e afamado vinho, batata, milho, fruta, feijão e todos os tipos de hortaliças.

 

Quanto ao seu topónimo é considerado como proveniente do nome de uma senhora com este nome, D. Oura,  natural desta povoação. À falta de melhor explicação para o seu topónimo, aceito este, e aliás só vem reforçar aquele que inventei para Pereira de Veiga, em que esta aldeia teria adoptado o nome do Sr. Pereira… curiosidades. O que é facto é que em toda a literatura que encontrei dispersa sobre a aldeia, é mencionada a tal Senhora D. Oura a dar nome à aldeia e freguesia.

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Quanto ao casario, já atrás referi que a aldeia se divide no casario novo, pouco interessante para esta crónicas, pois já se adivinha como todo diferente, mas todo igual, tal como as casas dos meados do século passado, de risca à meio, com cozinha na entrada, sala do outro lado, depois os quartos e casa de banho ao fundo do corredor.

 

O casario interessante da aldeia, está mesmo do lado antigo, aquele que se situa ao longo das ruas estreitas, junto à belíssima capela, ou à igreja e que seguindo a rua em direcção à veiga, se encontra um dos solares mais bonitos da região. Um solar que foi recuperado e reconstruído recentemente, actualmente propriedade de Ricardo Sá Fernandes, com ligações familiares à aldeia e ao concelho de Chaves, Advogado bem conhecido por todos, pois é um dos ilustres cuja figura passa regularmente pela televisão, pelos jornais e que já passou até por um governo como ministro.

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Mas e embora o actual proprietário já há muito tenha nome conhecido na praça, o seu solar é conhecido como o Solar dos Azeredos, antigos e abastados morgados da ilustre família Antas Morais Puga e Magalhães, representada em 1950 pelo Dr. António Firmo Azeredo Antas, senador da República. Esta família, originária do Minho, estendeu-se a Montalegre e depois a Santiago de Oura. O solar estende-se desde a casa dos caseiros à imponente casa solarenga com a capela anexa. Na fachada destaca-se a pedra de armas, que datará da segunda metade do século XVIII, a capela com a imagem de Cristo crucificado,  interiormente, no tecto subsiste uma pintura de Santo António e na parede um altar de bela talha dourada e,  por toda uma estrutura característica de um solar, com varandas, salões, alpendres, antigos jardins, bem como por uma outra capela encimada por uma torre sineira, que em muito enriquece a fachada deste magnífico solar.

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Claro que só podemos dar os parabéns ao actual proprietário, pois além de o recuperar da ruína quase certa em que se encontrava há poucos anos atrás, respeitou toda a dignidade e beleza da sua traça original.

 

 

 

Também é no conjunto do antigo casario que encontramos a Igreja Matriz de Oura, de linhas barrocas, com uma torre sineira galaico portuguesa de dois sinos (embora só tenha um), tem por orago São Tiago.

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É de referenciar ainda e percorrendo as tais ruas do antigo casario,  o ancestral pelourinho em granito, artisticamente trabalhado e encimado por uma imagem de Cristo. Está situado junto à antiga capela da aldeia, a capela da Srª da Piedade ou do Cruzeiro,  datada do Séc. XXVIII (1759) por sinal bem mais bonita que a Igreja Matriz, e localizada no denominado Largo do Cruzeiro. De realçar o conjunto escultórico em granito, representando a “pietá”, inserido em nicho na respectiva frontaria.

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Se seguirmos a rua do cruzeiro, em direcção a Vila Verde de Oura teremos umas centenas de metros mais à frente um belo exemplar de ponte sobre a Ribeira de Oura em cujos escritos a que tive acesso, tanto se defende ser medieval como romana, e quem sou eu para desempatar, e pelos vistos para alguns historiadores cá da terra, entre outros, também pouca diferença deve fazer, pelo menos para aqueles que até defendem a introdução de materiais modernos nas pontes romanas e que pensam, que a melhor homenagem que se lhes pode prestar, é mantendo-as com trânsito automóvel.

 

Assim sendo, ficamos com a bela ponte da Ribeira de Oura , uma interessante ponte de um arco e tabuleiro com corcova, toda de granito.

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E só falta mesmo referir o orago da aldeia, que é São Tiago devido, talvez, (dizem os entendidos) ao facto de a Ribeira de Oura ter sido sempre uma região vinhateira de bom e reconhecido vinho. Poderei não ser entendido em santos, mas quanto aos bons e reconhecidos vinhos da Ribeira de Oura, posso garantir-vos que quase todos são bons. Aliás.

 

E por hoje é tudo. Amanhã estamos de regresso à cidade.

 

Fica só, e mais uma vez, a nota de que hoje é publicada uma reportagem sobre o Cambedo da Raia e os acontecimento de 1946 daquela aldeia, na Revista Pública, do Jornal Público e de autoria do Jornalista Carlos Pessoa.

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