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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

25
Mai09

« O Prazer e o Tédio» - Um Romance de José Carlos Barros


Hoje temos por aqui um autor e um romance a lançar brevemente (Junho), mas antes, umas palavras...

 

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Decorriam os loucos anos setenta, os primeiros anos da democracia e da liberdade, que eram vividos intensamente pela juventude da época. Houve como um despertar de muitas sensibilidades nesses loucos anos em que tudo era possível. Na música, no teatro ou simplesmente na expressão, mas também a descoberta de novas leituras e da poesia em pleno. Ondas que passaram por todos os jovens de então onde cada qual se descobria em novas formas de expressão.

 

A poesia foi uma das formas que invadiu então o Liceu de Chaves, não só na descoberta de novos autores e das suas leituras, mas também no escrever poesia, que era também apoiada, discutida, classificada e criticada por alguns professores, como acontecia com o saudoso Fernão de Magalhães Gonçalves. Poesia que conhecia a luz pública quer nos jornais locais da época, principalmente no Notícia de Chaves onde uma página, a “Janela Aberta”,  era semanalmente dedicada a estas coisas da juventude, mas também chegava a público, nalgumas publicações de edição de autor, manuscritas, batidas a máquina de escrever ou mesmo impressas em tipografia. Um movimento poético estava lançado no Liceu de Chaves e em Chaves.

 

Entre muitos nomes da poesia de então, havia alguns que pela qualidade que  apresentavam, já começavam a esboçar um futuro promissor na escrita. Francisco José Viegas era um desses nomes, que cedo se veio a revelar. Manuel Francisco Barros era outro nome para o qual estava desenhada uma interessante carreira na escrita e na prosa, mas infelizmente, também os loucos anos de 70 não permitiram que continuasse com vida para ter oportunidade de nos mostrar toda a sua arte na prosa e na escrita. Depois havia a poesia de um puto de Boticas, cabelos a fugir para o comprido e a fugir também para o encaracolado, que vivia feliz com a vida e até a gozava, que podia ter aspecto de tudo, menos de poeta, mas de quem brotava naturalmente poesia feita com a imagem dos dias. Chamava-se (e chama-se) José Carlos Barros.

 

Os anos passaram e cada um foi às suas vidas, perdemos o contacto. Do Francisco José Viegas, as notícias eram públicas, do puto de Boticas, sabia que tinha ido para o Alentejo, que por lá casara e por terras dos mouros teria ficado. Ia-lhe conhecendo algumas publicações e prémios, sobretudo em poesia e conhecia-lhe também umas palavrinhas que ia deixando nos jornais cá da terra, e pelo que ia lendo, não só em prosa, como também em poesia, continuava a não desiludir e, a sua qualidade, no âmbito nacional, ia-se revelando.

 

Com a blogosfera reencontro o José Carlos Barros. Ele com o seu blog Casa de Cacela  (http://casa-de-cacela.blogspot.com/) onde vai debitando quase diariamente a sua poesia e os seus textos, com a qualidade que já lhe conhecia. Lancei-lhe o repto de discursar sobre a cidade de Chaves, neste blog. Sinceramente receei que não aceitasse, mas hoje, é um dos discursantes do blog. Afinal, e mesmo com as responsabilidades que actualmente tem em terras algarvias, continua aquele puto porreiro, de Boticas, tal como nos nossos tempos de Liceu.

 

Mas não é por isso que hoje está aqui. A qualidade até pode tardar a ser reconhecida e até andar por caminhos paralelos antes de chegar ao seu sítio devido, mas acaba sempre por chegar lá. Depois de mais de 20 anos a publicar poesia, a ganhar prémios e a escrever diariamente, vai ter agora o seu primeiro romance publicado a convite de uma das maiores e melhores editoras nacionais. Afinal o puto de Boticas não passou despercebido em qualidade na capital.

 

Curiosamente faz-se também um regresso ao passado, pois o prefácio deste romance é de Francisco José Viegas.

 

E a partir de aqui, vamos a um pouco da vida e a obra de José Carlos Barros. Da minha parte, sinto-me honrado por o ter como colaborador deste blog, com os seus discursos sobre a cidade.       

 

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José Carlos Barros nasceu em Boticas (1963). Estudou na Escola Secundária Fernão de Magalhães (Liceu de Chaves) e na Universidade de Évora, onde se licenciou em Arquitectura Paisagista. Alguns dos seus primeiros textos foram publicados no jornal Notícias de Chaves, nomeadamente no suplemento literário «Janela Aberta», coordenado por Florêncio Freitas. Mais tarde, ainda no «Notícias de Chaves», acabou por ser o responsável pela página literária «asa de ponto», onde os textos aí publicados acabariam por ser acusados de «picassadas», e onde manteve polémicas, a esse propósito, sobre arte e literatura. Fernão de Magalhães Gonçalves, no jornal Alto Tâmega, referir-se-ia à sua poesia em termos entusiastas. Ainda em Chaves, enquanto estudante do Liceu, publicou dois livros fotocopiados que não costumam aparecer nas suas referências biográficas: «Lá em Baixo Fica o Céu» e «O Fogo das Cinzas».


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Entretanto, publicou: «Pequenas Depressões» (com Otília Monteiro Fernandes – 1984); «Uma Abstracção Inútil» (1991); «Todos os Náufragos» (1994); «Teoria do Esquecimento» (1995); «As Leis do Povoamento» (1996); «O Dia em Que o Mar Desapareceu» (2003); «Las Moradas Inútiles» (edição bilingue, Punta Umbría, 2007; edição em castelhano, La Habana, Cuba, 2009).


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Venceu vários prémios literários (o último dos quais, no passado mês de Abril, foi o «Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2009», entre 144 originais a concurso, com o livro, ainda inédito, «Os Sete Epígonos de Tebas») e está representado em várias antologias em Portugal e em Espanha. Os seus textos poéticos encontram-se publicados em vários países (nomeadamente, Espanha, Brasil, México e Cuba).

 

Nos primeiros dias de Junho, estará nas livrarias um seu romance, editado pela Oficina do Livro, intitulado «O Prazer e o Tédio». De acordo com Francisco José Viegas, que assina o prefácio, «José Carlos Barros constrói uma pequena maravilha romanesca como há muito tempo eu não lia. Perfeita, melancólica, cheia de amor. Arrebatadora pela sua delicadeza e pelo humor travesso que nos comove». Desde os finais dos anos oitenta vive no Algarve, em Vila Nova de Cacela.


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Só nos resta aguardar que Junho chegue bem depressa para podermos lançar mão de «O Prazer e o Tédio».

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