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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

05
Jul09

Selhariz - Chaves - Portugal


 

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Costuma-se dizer que à terceira é de vez, e assim aconteceu com Selhariz, pois nas anteriores tentativas de fotografar Selhariz, não o consegui, da primeira vez porque o temporal de chuva não mo permitiu e da segunda, problemas com a máquina fotográfica, fizeram com que voltasse sem fotos, mas não foram idas em vão, pois, é sempre agradável passar por esta aldeia e sempre fui anotando pormenores a fotografar para a derradeira visita fotográfica.

 

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Embora Selhariz não fique nos itinerários de passagem para os principais pontos do concelho ou por ela passe uma das estradas principais, amiúde, faço ou forço com que calhe nos meus itinerários, pois através de Selhariz consegue-se fazer uma das viagens mais interessantes dentro do nosso concelho.

 

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Ir de Chaves até Vidago, ou vice-versa,  pela Auto-Estrada, pela Nacional 2 ou via 314 com desvio para Loivos, é coisa corriqueira, já muito batida em que quase ou nada de interessante se vê, talvez com uma excepção para o trajecto 314/Loivos, mas fazer Vidago-Chaves ou vice-versa, via Selhariz, com viagem forçosamente mais demorada, já não é para todos, primeiro porque tem de se conhecer o trajecto, depois, porque nem todos apreciam velocidades lentas de apreciação da paisagem, que muitas vezes nos obriga a parar, principalmente se forçarmos também o nosso itinerário a uma passagem por Santa Bárbara e Ventuzelos, sem deixar de deitar olho a Vilas Boas ou parar, para entre sobreiros, espreitar para Loivos ou mais além, até terras de Agrações quase que camufladas ou diluídas por completo na Serra da Padrela. São daqueles lugares onde dezenas de vezes já parei, são os meus miradouros de mirar em êxtase a beleza com que a natureza nos quis brindar, e desses lugares de mirar belezas, há umas boas dezenas deles no nosso concelho, basta descobri-los.

 

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É assim que Selhariz tem calhado no meu caminho e vai continuar a calhar enquanto a vida me calhar também.

 

Em tempos neste blog fiz uma divisão territorial (a minha maneira) onde uma dessas regiões, ligada por características semelhantes, era o grande triângulo de Vidago, triângulo esse com vértices em Vidago, Chaves e Peto de Lagarelhos. Selhariz fica dentro desse triângulo, mais perto de Vidago que de Chaves e com Vila Verde de Oura ou Fornos, como vizinhos mais próximos.

 

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A SW de Chaves, Selhariz dista desta 16 quilómetros, distância oficial, pois poderá ficar mais distante ou mais próxima, conforme o caminho, já de Vidago, em linha recta, são apenas 3 quilómetros, por estrada, cresce mais 1,5 quilómetros.

 

Selhariz é rodeada por importantes manchas verdes de pinheiros, que têm resistido aos fogos, pese embora recentemente nas proximidades tivesse ocorrido um incêndio (entre Fornos e Valverde), mesmo assim, vão-se mantendo, mas a principal actividade da aldeia ainda é a agricultura.

 

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Selhariz é sede freguesia, à qual pertencem as povoações de Fornos, Valverde e Vila Rei(l) e embora em Selhariz, aldeia, ainda haja muita vida e gente nas ruas, tem na sua freguesia a primeira aldeia desabitada do concelho – Vila Rei ou Rel. Certo que era um pequeno aglomerado ou nem isso, de casas, mas onde viveram algumas famílias e ainda continua a constar oficialmente como uma aldeia do concelho. Hoje aldeia fantasma, pois não tem gente e as suas casas estão em ruínas.

 

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Vila Rei ou Rel sem gente que contrasta com a vida que Selhariz tem, vida de fazer inveja a muitas aldeias e a muitas freguesias embora os números (da freguesia) até digam o contrário, pois os 311 habitantes residentes actuais (Censos 2001) andam bem longe dos 593 habitantes de 1950, quase metade, mas temos que contabilizar esta perda contando com as restantes três aldeias da freguesia, incluindo a que desapareceu.

 

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Um sinónimo de vida nas aldeias, são os cafés que têm portas abertas e se há aldeias ou quilómetros de estrada onde não se encontra um único café, em Selhariz vi pelo menos três, com portas abertas em com gente, um deles, suponho ser de uma Associação que penso será a mesma que tem um grupo de Danças Tradicionais ou Rancho Folclórico, se preferirem. Associações e grupos de danças que são também sinónimo de vida e salutar, das aldeias, grupo que aliás é comum vir à cidade mostrar como se dança.

 

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Quanto ao casario, há uma mistura de casario típico e tradicional em granito, novas intervenções, algumas intervenções de meados do século passado mas também casario com alguma nobreza, senhoriais e centenárias, com pátios interiores e convertidas em casas de Turismo Rural e conhecidas pela Casa de Selhariz e pela Casa da Lai, mas não é da nossa Lai blogueira de Valdanta, esta é da Lai de Selhariz. Casas turísticas, bem no centro da aldeia mas também dentro do sossego e interesse que os nossos centros das aldeias têm. Não tive oportunidade de conhecer estas casas no seu interior, mas pela certa que serão interessantes, pelo menos pelo que deixam transparecer desde o exterior, mas também pela sua história.

 

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De facto a História de Selhariz parece ter sido rica, havendo ainda por lá restos de uma torre medieval e uma casa cujos beirais (parte deles) são compostos por cachorrada idêntica à que se encontra nas nossa Igrejas Românicas e no meio de uma quinta, uma curiosa adega adornada com um brasão.

 

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De facto, fazem menção os historiadores locais, que em toda freguesia é envolvida por castros com povoamentos pré históricos ou proto históricos, mas indica-se como data mais provável do actual povoamento de Selhariz o Século IX e associado às famílias do Bispo Oduário como associado está à história da aldeia o nome de um homem rico que dava pelo nome de Sallaricirs, que casou com D.Oura. Seria deste Sallaricirs que Selhariz teria retirado o topónimo. Existem contudo também referências a que estas terras teriam sido de um herói visigodo que dava pelo nome de Salarico e a ele lhe é atribuído o castelo que por Selhariz teria existido. Não sei se este Salarico será o mesmo Sallaricirs de D.Oura, qual a relação deles com o Bispo Oduário onde a páginas tantas também aparece Afonso III das Astúrias que dizem ter povoado algumas vilas nos limites de Chaves…admito que toda a pouca literatura dispersa que existe sobre a história de Selhariz é confusa e suportada por hipóteses, não havendo (que eu saiba) documentos que possam confirmar a veracidade das hipóteses levantadas, mas tudo indica que coisas importantes estão ligadas à aldeia e que por lá, há vestígios de alguma coisas importantes, lá isso há… mas como eu não sou historiador e só me dedico a coisas sem importância e nomes esquecidos pela história, fico-me por aqui.

 

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Os ilustres historiadores locais, pela certa terão uma palavra a dizer sobre o assunto, eu, só fiquei mesmo curioso foi em saber o que faz o raio de um Brasão na parede de uma adega. Já sei que Selhariz é terra de bom vinho, mas não seria caso para tanto. Existem também referências a um brasão de armas, que segundo a literatura que existe parece estar associadas às casas senhoriais da aldeia, e talvez esteja e delas tivesse sido retirado quando essas casas (hipoteticamente) mudaram de dono, pois era usual retirarem-lhe ou destruir o brasão de família, contudo consultado o mestre dos brasões, J.G.Calvão Borges, o mesmo brasão, que actualmente se encontra na tal adega, é referenciado pelo autor como pertencente à família Sousa Machado, podendo os Sousas ser do Prado ou de Chichorros no entanto o especialista diz que o filete usado no brasão é dos Sousas de Arronches, mas rodeado que está de silvas, mais parece dos Sousas e Silvas... Claro que a culpa foi do pedreiro que pelos vistos confundiu o filete dos Chichorros com o dos Arronches. Resumindo, o brasão é da família Sousa Machado, mas não está colocado numa casa senhorial, mas numa adega, que pela certa já teve bom vinho, pois hoje, já não há por lá vinho, pois a quinta, está praticamente abandonada.

 

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E resta-nos a religião e a padroeira, que é a Senhora da Expectação, no entanto, na minha última deslocação à aldeia (no dia do Corpo de Deus) estava anunciada a festa de Santo António para o fim de Semana, ou seja mais uma aldeia, com santa padroeira diferente do santo da festa.

 

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E por terras de Selhariz hoje é tudo, mas em breve fará por aqui outra passagem, com o mosaico da freguesia e as 4 aldeias da freguesia: Selhariz, Fornos, Valverde e Vila Rei, Rel ou também Real ou como alguém de Vila Boas uma vez me disse, é Vila Reles, que já nem sequer existe.

 

2 comentários

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    Etelvina Paulino Vaz

    13.06.16

    Fiquei muito contante em ver este blog, eu nasci nessa alteia em 1968 não me lembro de muitas coisas, mas tenho uma irmã que ainda vive la junto com primos.
    Meus pais são da geração de 1920 1930, onde se casaram e tiveram 10 filhos...gostaria muito de encontrar minhas amigas da escola da epoca Cristina....
    Etelvina
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