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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

26
Jul09

Rebordondo - Chaves - Portugal


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Hoje, bem mais tarde do que é habitual, vamos até mais uma aldeia – Rebordondo.

 

Embora este blog já tivesse feito umas passagens breves por esta aldeia, faltava este post alargado, mas vai continuar a faltar o prometido post sobre a família “Bragança”, pois esse continuará em fila de espera, pois pelo seu passado e pela sua história, merece um estudo mais aprofundado. Entretanto, vamos lá até Rebordondo.

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Esta aldeia tem um nome sonante, embora até se esconda ali por terras que não se sabe bem se descaem para os lados de Vidago, se para os lados “das Boticas” ou se, mesmo, aproveitando as vertentes que descaem para o Tâmega, não são terras de um baixo planalto que espreita para o grande vale de Chaves.

 

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Na realidade Rebordondo fica a 15 quilómetros de Chaves e embora pertença à freguesia de Anelhe, o acesso à aldeia (para quem está em Chaves) é comum fazer-se pela Nacional 103, via Curalha e Casas Novas, embora hoje também se possa fazer via Anelhe, para a qual, comummente utilizamos a Nacional 2 ou agora a Auto-estrada.

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Tenho consciência de que este blog geralmente é crítico em relação às coisas que o poder autárquico não faz ou faz mal feito (no meu entender – claro) e que, embora aborde esses temas com consciência crítica, é a minha opinião, ou seja, uma opinião de quem gostava de ter e ver melhor, porque tal é possível. Também é certo que algumas vezes cometemos o pecado da omissão com a tendência de ignorar sem enaltecer aquilo que de bom se vai fazendo, talvez porque aquilo que essas coisas trazem de bem para todos, sejam assimiladas naturalmente como uma coisa que foi feita e está bem feita,  porque naturalmente, assim também era sugerido e,  quem manda, apenas fez aquilo que lhes competia e lhes é exigido. Ou seja, se votamos nos nossos autarcas, acreditamos neles, mas também exigimos deles o melhor que têm para dar e oferecer. Eles, voluntariamente, candidataram-se para representar e servir a população, toda, e,  é também por isso,  que a população olha com naturalidade para as coisas que vão fazendo de bem, pois afinal para isso foram eleitos e para isso lhes pagam, mas, não esquece nem perdoa quando lhes viram as costas e os ignoram. O prémio, têm-no nas urnas, quando a elas se sujeitam e o contrário, democraticamente, também deveria ser verdade.

 

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Devaneios à parte,  ia eu dizendo que esquecemos de enaltecer aquilo que os nossos autarcas fazem de bem. Pois também o vão fazendo e,  uma dessas coisas boas que foram acontecendo desde que nos tocou uma fatia dos fundos comunitários, foram a melhoria das acessibilidades entre povoações, pois há coisa de 20 a 25 anos atrás, apenas as principais ligações estavam pavimentadas, ou seja, apenas as Estradas Nacionais e as principais Estradas Municipais tinham direito a pavimentação, maioritariamente em paralelos e com traçados que deixavam muito a desejar.

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Neste capítulo temos que enaltecer o trabalho que foi feito pela autarquia, mas também pelas juntas de freguesia que fizeram com que, neste momento, quase todas as aldeias estejam interligadas por estradas e caminhos pavimentados, havendo apenas um ou outro caso, que ainda não dispensou a atenção da Autarquia.

 

Pois tudo isto para chegar à antiga ligação da nossa aldeia de hoje, Rebordondo e a sua sede de freguesia Anelhe, pois até há coisa de 15 anos atrás, essa ligação era feita por um estradão de montanha que, se de Verão lá ia permitindo aos mais ousados a sua circulação automóvel, de inverno e em tempo de chuva, essa  circulação tornava-se praticamente impossível , tendo a ligação de fazer-se via Chaves, ou seja, ter-se-ia que percorrer cerca de 30 quilómetros, quando as duas aldeias apenas distam 2 quilómetros uma da outra.

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Como dizia no início Rebordondo é um nome sonante, e essa sonoridade deve-a à música que a sua Banda Musical (de Rebordondo) tem debitado por tudo quanto é festa e arraial da região, pois desde sempre, na minha memória, a Banda Musical de Rebordondo faz parte de muito cartaz de festas.

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Pois também desde sempre esta Banda musical existe. Não será bem desde sempre, mas pelo menos na aldeia, já não há memória do início da sua existência. Diziam-me na aldeia, que já quando nasceram os seus  avós, a Banda já existia, e que a estes, os pais, também lhe contavam que a Banda sempre existiu.

 

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Então e mesmo sem memória de uma data de início desta Banda Musical, sem uma data comemorativa, podemos afirmar que será a Banda Musical mais antiga do concelho e pelas contas feitas na aldeia, terá mais de 300 anos. Uma terra de músicos, portanto, com músicos em todas as gerações das famílias da aldeia. Actualmente a Banda tem cerca de 50 elementos, dos dois sexos e maioritariamente da aldeia. Anualmente, em média, fazem 30 actuações, só possíveis, com muita carolice de todos e algumas, poucas , ajudas, de entre as quais do Conselho Directivo de Baldios e da junta de Freguesia. Quanto a subsídios do Município, não há, mas paga as actuações que faz ao seu serviço, ou seja, não faz mais que a sua obrigação. Mas embora o dinheiro ajude e seja necessário para manter com vida a Banda Musical, tocam por gosto à música e também por tradição, não fosse a sua banda a mais antiga do concelho e, pelo tempo que se crê ter de existência, é pela certa também uma das mais antigas do país.

 

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A Banda actualmente (desde há 10 anos a esta parte)  é dirigida musicalmente pelo maestro Manuel Melo, que também é músico da Banda da GNR do Porto, mas quando se fala da Banda de Rebordondo, temos que falar também de outro maestro que esteve durante longos anos ligado a ela, o Sr. Alfredo Duarte “cesteiro”.

 

E sobre a banda Musical de Rebordondo, é quase tudo e só resta mesmo agradecer ao Sr. Rui Rosa, tesoureiro da Banda mas também Primeiro Clarinete da mesma, a disponibilização dos dados e das fotos da Banda Musical. Rui Rosa que nos leva também para mais um assunto deste post – as resinas.

 

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Claro que ao se falar em Rebordondo temos que falar de uma das maiores (senão a maior) mancha de floresta de pinheiros no nosso concelho. Mancha essa que é quase na totalidade baldio que está entregue a um Conselho Directivo de Baldios, de gente da aldeia. Esta é uma das riquezas da aldeia, pois deste pinhal extraem cerca de 20 toneladas de resina por ano, cujos dinheiros que obtêm do seu rendimento, vai dando trabalho a alguma gente da aldeia que trabalha no pinhal, na sua limpeza e recolha de resinas, mas também é aplicado em benfeitorias da aldeia, tendo mesmo construído uma  Casa do Povo, também de apoio à aldeia.

 

Talvez por ainda haver trabalho na aldeia e as suas terras, para além da floresta, ser fértil, é que a aldeia ainda tem vida e gente nas ruas, com crianças que fazem com que a escola ainda se mantenha em funcionamento, mas não só, pois também tem um jardim-de-infância.

 

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Ainda se nasce em Rebordondo, ou melhor, ainda há casais em Rebordondo que têm filhos e, gente para a bola, há para duas equipas de futebol. Podemos assim considerar Rebordondo como uma aldeia que foge à regra das restantes aldeias de Chaves e também à regra do despovoamento, por isso, têm ideias e festa nas ruas. O arranjo do Largo do tanque, onde está também uma lindíssima fonte de mergulho, é uma das promessas da junta de Freguesia e, se o largo nada perde em ser arranjado, desde que seja feito com gosto, o que destoa mesmo no tanque é a sua cobertura em chapa zincada. Aquele recantozinho, de tão bonito e poético, com água tão pura, fresca e cristalina a correr por lá, com mulheres que ainda utilizam os lavadouros, merece uma cobertura digna com o que a tradição manda. Vá lá, quando arranjarem o largo do tanque, mudem também a cobertura e peçam ao vizinho da construção ao lado, que faça o mesmo. Não deixo a foto das coberturas porque em nada dignificam uma aldeia que é tão interessante.

 

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Interessante ficou também o arranjo da casa anexa à igreja, propriedade (suponho) da Câmara Municipal e entregue a uma nova Associação também do Município – A Chaves Social (penso que é assim que se chama, pois de entre tantas associações que a Câmara tem,  não lhes sei ainda os nomes). Mas, a julgar pelo que por lá se pretende fazer, a ideia não é má, desde que a actividade a desenvolver-se por lá seja também (preferencialmente) aberta à população de Rebordondo e desde que os custos/produção da Associação justifiquem a sua existência.

 

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 Quanto ao casario, recomenda-se, pesem algumas reconstruções menos felizes, mas ainda mantém um núcleo interessante de casario tradicional, e uma casa brasonada com capela e quinta anexa, que embora não seja habitação de permanência, a construção está bem conservada e as terras são cultivadas. Ouro sobre azul que só enobrece ainda mais a nobreza do solar. Junto a este solar, existem mais duas casas ligadas às respectivas quintas, também casas não habitadas em permanência, mas também bem conservadas e as respectivas quintas cultivadas. Duas destas casas (o solar e a construção vizinha) são propriedade dos familiares dos seus proprietários originais da família Bragança, a tal família que merece por aqui um post futuro.

 

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Rebordondo, uma aldeia com Banda de Música, gente nas ruas, crianças, escola aberta, cafés, terras férteis e cultivadas, a maior mancha de pinhal do concelho, casario tradicional interessante, casas solarengas, água fresca e cristalina nas fontes. Uma aldeia onde ainda se vive. Claro que também tem os seus filhos emigrados ou ausentes, mas pela vida da aldeia, deve-lhes ser sempre fácil e agradável voltar.

 

Só resta agradecer ao Tesoureiro da junta de Freguesia, Sr. Arlindo Costa, por nos ter acompanhado na visita a Rebordondo. Obrigado.

 

Até breve, com algumas Imagens, apenas imagens, da festa da pintura e do folclore de Vilas Boas.

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