Já nem sei que dizer
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Já nem sei que dizer. Talvez quem esteja errado seja eu em querer ver as aldeias com vida, com crianças, gente, animais. Talvez o esvaziamento das aldeias seja coisa natural e num futuro próximo apenas existam cidades, grandes cidades com gente entalada entre ou dentro de grandes torres de betão, plastificadas, macambúzias ou drogadas de urbanidades, circunscritas a bolas de luz nocturnas e acordares em névoas de fumos e tudo o resto, o que vai para além ou entre cidades, sejam finalmente paisagem, selva ou a grande coutada apenas atravessada por corredores também plastificados, betumados, gradeados …
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Já nem sei que dizer e nem me apetece dizer nada, quase já nem se estranha e depois, nas cidades, está-se demasiado ocupado com as cidades, em complicações e descomplicações, urbanidades, as modernidades que todos apregoam, conspirações de todo um mundo, muitos mundos dentro de um mundo.
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Já nem sei que dizer, não me apetece dizer nada e começo a ficar farto de andar por aqui a gastar as palavras e depois, se todos assistem impávidos e serenos à modernidade, aplaudem, ajoelham ao passar a procissão, comungam e dizem ámen, quem sou eu para andar para aqui com estas coisas…