Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

21
Jun11

Pedra de Toque - O Jardim Público


 

O JARDIM PÚBLICO

 

 

         As noites de verão na cidade de Chaves tinham o seu principal palco no frondoso, florido e verdejante Jardim Público.

 

         Logo que o calor começava a apertar, as pessoas escolhiam-no para saborear a frescura que exala e para aí se deslocavam em momentos de lazer, passeando com a família e amigos.

 


 

         O verde da relva, as flores dos canteiros, os peixes coloridos da taça, os amieiros chorando para o velho Tâmega, tudo contribuía para a criação de um ambiente simpático, ameno e convidativo.

 

         O Sr. Dias, mais conhecido por Fanhonha, dada a sua fala anasalada, animava as noites, passando discos na sua cabine sonora, divulgando sucessos da época nas vozes apaixonadas de Tristão da Silva, Francisco José, Tony de Matos, entre outros.

 

         Intercaladamente o locutor de serviço, com a pronúncia que muito nos orgulha, lia curiosos anúncios.

 

 

         Aqui vão dois que a memória ainda reteve à guisa de exemplo.

 

         “Beba Bitafruta, até as bolhas sabem a fruta”

 

         “Lancia, pontualidade inglesa num relógio da Suíça. Se o seu relógio não funciona, lance-o fora e compre um Lancia”.

 

         Vinha depois o disco com música romântica, precedido de dedicatória à menina de vestido branco que passeava na ala central do jardim.

 

         Criava-se uma onda de mistério e os olhares trocavam-se na procura da feliz menina e do pretenso conquistador que pagava um escudo pela dedicatória.

 

         As avós e as mães sentadas nos bancos, com um pequeno xaile sobre os joelhos para proteger da aragem, vigiavam a prol que calcorreava o picadeiro, como então lhe chamávamos.

 

         Os mais miúdos descobriam todos os esconderijos do jardim, brincando, entusiasticamente, ao Bata-Fica e aos Policias e Ladrões.

 

         Quando apertava a sede, a Casa Portuguesa servindo refrigerantes (laranjadas) e outras bebidas, saciava os que a procuravam.

 

         Cerca das onze, o locutor na cabine anunciava o fim da emissão e despedia-se dos ouvintes até à noite seguinte.

 

 

 

Montagem sobre foto original de Dinis Ponteira

         Devagar, aos poucos, as pessoas debandavam.

 

         Os que atravessavam a velha Ponte Romana, gozavam o privilégio de escutar o som dos ralos e o coaxar das rãs, que mais pareciam uma saudação para uma noite feliz.

 

         Para nós adolescentes, esperava-nos em casa o descanso e o sono que embalávamos no sorriso enigmático e feliz da menina do vestido branco.

 

         António Roque

 

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

19-anos(34848)-1600

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    • FJR

      Esta foto maravilhosa é uma lição de história. Par...

    • Ana Afonso

      Obrigado por este trabalho que fez da minha aldeia...

    • FJR

      Rua Verde a rua da familia Xanato!!!!

    • Anónimo

      Obrigado pela gentileza. Forte abraço.João Madurei...

    • Cid Simões

      Boa crónica.

    FB