A Eurocidade Chaves-Verin e o Entróido
E como hoje é carnaval e em Chaves não há tradição do seu festejo, vamos passar por Verin, onde o carnaval, ou entrudo, por lá, já é festa grande com tradição. Em Chaves não há tradição e também de pouco nos valeria que houvesse, pois com a adesão de Chaves (instituições públicas) à não tolerância de ponto, hoje é dia de trabalho, embora por parte do poder local, conhecendo-os como conheço, não estranhe o gesto, mas nem por isso lhes fica muito bem. Eu explico já os porquês, mas primeiro uma imagem do Entróido de Verin, ao qual fui no Domingo, quebrando a minha tradição de ir lá hoje.
Pois dizia eu que o gesto não lhes fica muito bem por duas razões. A primeira por falta de solidariedade com a grande maioria dos municípios que se marimbaram para as recomendações do governo e deram tolerância de ponto e, neste momento de crise a tolerância justifica-se ainda mais que nos anos de não crise, mas pelos vistos parece que além de nos quererem pobres também nos querem tristes e de castigo, como se nós fossemos os culpados da crise para a qual eles nos conduziram e continuam a enterrar, os números não mentem e, se os contabilistas do poder fizerem contas a quanto se perde com a não tolerância verão que é muito mais do que aquilo que vão ganhar e, se a intenção era castigar (mais uma vez a função pública) quem fica a perder (mais uma vez) são os privados. Penso que não será necessário explicar porquê.
Mas esta primeira razão até nem é a que fica mal ao poder local. Então a Eurocidade Chaves-Verin que tanto se apregoa no papel? Então as festas de Verin (tal como se anunciam na agenda cultural), agora, não são também as festas de Chaves? Então sabendo que grande número das gentes que enche as ruas de Verin nos desfiles de Entróido são flavienses, não os deixam ir ao desfile?
Claro que as perguntas são para ficar sem resposta e depois todos sabemos que a Eurocidade, que já existe desde 2007, ainda não saiu das intenções do papel e da publicidade, pelo menos que seja visível e que se note, tendo em vista a única meta a alcançar pela Eurocidade, ou seja (fica o copy-past daquilo que se diz na página oficial) :
Meta:
- Proporcionar uma maior qualidade de vida à população dos municípios de Chaves e de Verín através da promoção do desenvolvimento sustentado.
Pois, é tão fácil escrever palavras, mas analisando a frio, a eurocidade já existe há 5 anos e quanto a uma maior qualidade de vida da população, está à vista – estamos mais pobres e mais tristes e a eurocidade em nada tem contribuído para a nossa felicidade, pois continua tudo igual ou pior que antes da sua existência e o resto é blá.blá,blá…e a crise, claro. As obras não se veem nos papéis, é no terreno. No papel apenas ficam ou projetam intenções, no terreno é que se vê a realidade e, tomemos esta tão simples como é a do Entróido, pois as festas e tradições também promovem o desenvolvimento sustentado, mas para isso, têm de se abrir à participação de todos.
A teoria da eurocidade é engraçada mas a realidade é que não tem graça nenhuma ou usando linguagem de entrudo – a cara não condiz com a careta.
Mas deixemos a tristeza de lado e já que não podemos ir ao desfile de Verin fiquemos ao menos com algumas imagens daquilo que por lá vai desfilar, num desfile que é único graças aos Cigarróns, para além das críticas sociais e políticas que este ano, como não poderia deixar de ser, andam à volta da crise e da justiça…sim, não é só por cá... mas com muito colorido, alegria e música, afinal como se diz por cá, tristezas não pagam dívidas.
Ainda hoje, ao meio dia, vamos ter por aqui a Pedra de Toque, de António Roque, com "Todos Temos Uma Cruz"