Discursos Sobre a Cidade - Por Isabel Seixas
Discursos sobre a cidade
Sentei-me na zona pesqueira
Ventilei um ar mais que puro
Assumi uma expressão prazenteira
Senti necessidade da linguagem brejeira
Boa vida! Bem estar! Mais que tudo…
Daqui fiquei céptica ao buraco do ozono
Inebriada pelas fontes dei lugar ao sono
Pensei num suculento pastel de Chaves
Peixinhos indiferentes nadam… tão suaves
Estiquei as pernas olhos semicerrados
Saudosismo bom. Pensei nos antepassados
Que trabalho árduo a construção de cidades
Olhei em redor – Madalena, S. Roque
Um homem sai dos Ferreiros traz na mão um pote
Lá ao fundo pescadores com canas inertes
Parecem grandes pensadores! Alheios às gentes
Este lugar feito à medida do sonhar
Acordado sonolento oh! Sei lá. Divagar
Só sei que estou em Chaves a viver e a dormitar
Conheci um pescador que ia à pesca para sonhar
De forma livre e de livre vontade poder pensar
Sem a presença da mulher a reclamar
A sua atenção constante assédio irritante
Em voz de galinha que fez um euforizante
Ia àquele cenário em busca da sua liberdade individual
Que o casamento confuso e burro quer a toda a força alienar
E os peixes que pescava novamente atiravam à água
Como quem atirava de volta o casamento e a mágoa
Libertando-se do engodo do relacionamento
Que da felicidade só capturou o tormento
Do medir forças da disputa do poder sem tréguas
Só a “pesca” lhe permite pôr estas amarras a léguas…
Isabel Seixas
In Chaves Musa Inspiradora



