CHAVES

No Liceu , em tempos…Que já lá vão.

 (…)“Continuação”

Já no quinto ano

O nono actual

Tentávamos algumas com sacrifício

O aprender a fumar

A percepção de dano

Ausente e banal

Naquela idade era o mesmo indício

Da fase de crescimento no ciclo vital

A curiosidade aliada ao risco a despoletar

Alguns fumavam liamba

Para alucinar

Tinham dificuldades em curtir

Ou com intensidade se divertir

Ou para num grupo entrar

Como forma de associativismo em banda

Outros com fraca tolerância à frustração

Sem robustez emocional para dizer o Não

Eram os protagonistas da influência

Das más influências 

Comprovando a necessidade de advertências

E a obrigatória vigilância dos pais em supervisão

O cinco Chaves era o café de moda

Moderno e airoso

Com mesas de acrílico e comboios

Restaurante com pista de dança

Acolhia a população estudantil da melhor forma

O fixe e o engenhoso

Em frente ao campo do liceu

Matavam-se algumas aulas à custa da conversa

Era uma sala de estar de socialização que durou… até que morreu

Transitávamos de ano

Com colegas comuns

E nos intervalos escutávamos os zun zuns

Nas freiras discutíamos assuntos sem importância nem dano

Existiam os alunos

Com prestigio e carisma

Por razões diversas

Impunham-se pelas competências cognitivas

Pela aquisição do saber

Porque ostentavam o ter

Pela grandeza do ser

Pela popularidade e competências sociais positivas

Pelas amizades e rumos

Os melhores do nosso tempo

Com critérios de exemplo

Tiravam boas notas

E eram bons estudantes

Quase sempre inteligentes

E bem comportados

Constituíam a fasquia

Dos desejos aguardados

Pelas promessas dos desnaturados

Que pra borga eram danados

Mas a estudar quem os via

Lembro – me de alguns promissores

Que já se afiguravam doutores

Quase todos se formaram

Em cursos médios e superiores

Conforme assim se ajudaram

 Isabel Seixas