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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

17
Dez12

Quem conta um ponto...


 

Pérolas e diamantes (16): as doenças e a pobreza

 

Veio na capa dos jornais uma notícia que está a alarmar os médicos pelo que significa de retrocesso social. O número de crianças infetadas com tosse convulsa desde janeiro é seis vezes superior ao verificado no ano de 2011 e o maior dos últimos 23 anos. Até à passada semana, foram registados 189 casos e notificados três óbitos.

 

Se juntarmos a estes dados alarmantes doenças como a tuberculose e a fome que se vai estendendo pelo país, tudo indica que em cerca de ano e meio o nosso retrocesso social foi de décadas.

 

Eu ainda sou do tempo em que grassavam pelo país, além da tuberculose, doenças como a citada tosse convulsa, o garrotilho, o tétano, o sarampo, a rubéola e o raquitismo, que dizimavam milhares e milhares de crianças pobres, porque a pobreza era muita, a fome imensa e os cuidados básicos de saúde quase inexistentes. Os casais tinham imensos filhos mas apenas alguns conseguiam sobreviver até à idade adulta. Era a seleção natural a funcionar em todo o seu esplendor, como acontece entre os animais.

 

Estes são os primeiros sinais do que aí está para vir devido à política antissocial levada a cabo pelo governo de Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar.

 

Além da disseminação da pobreza e de uma nova proliferação de doenças erradicadas há décadas, este governo condena a nova geração de portugueses ao empobrecimento definitivo e ao desespero social.

 

Ou seja, a minha geração sabe que os filhos vão viver pior do que os pais, que, já por si, também não vivem bem. Ora isso gera um sentimento de falhanço pessoal a raiar o absurdo. Estamos em crer que se não houver perspetivas de futuro, até mesmo o presente está ameaçado pela convulsão e pelo caos social.

 

A título de exemplo, pode referir-se que as previsões do governo para o desemprego em 2013 correm o sério risco de ser ultrapassadas já em 2012. E no meio de todo este revisionismo histórico e social, Pedro Passos Coelho, deixando fugir a boca para o seu verdadeiro pensamento político ultraconservador, chegou a admitir uma espécie de “taxas moderadoras” na educação, tendo em vista regular o acesso obrigatório dos estudantes às escolas. Pois sabe que todos os estudantes do ensino obrigatório são iguais nos seus direitos, só que uns são mais iguais do que outros.

 

Claro que o primeiro-ministro foi de imediato desmentido pelo seu ministro da Educação, o que, pensamos, é caso único nos governos da democracia, mas isso apenas serve para demonstrar o desnorte absoluto que reina neste governo de triste figura. É o sinal trágico de mais uma pretendida reforma do Estado e ainda da total irresponsabilidade da forma como esta está a ser conduzida pelo governo do PSD e do CDS.

 

Na sua última entrevista televisiva, Pedro Passos Coelho disse para a entrevistadora: “Eu devo ter um problema de comunicação.” Nós pensamos que o problema do senhor primeiro-ministro não é com a comunicação. É, isso sim, com a verdade. E, porque não dizê-lo, com a realidade.

 

Vendo o país a afundar-se em recessão, não cede um milímetro na sua receita de austeridade, não se lhe ouve uma palavra relativa a incentivos ao crescimento, não se lhe conhece uma posição definida relativamente à possível valorização dos benefícios para Portugal do acordo celebrado entre a União Europeia e a Grécia e não admite erro no calamitoso caminho das Finanças. Este autoritarismo vai-nos sair caríssimo.

 

O primeiro-ministro, numa sua célebre frase, afirmou, a sorrir, que se tivesse de escolher entre o triunfo nas próximas eleições e o país, ele escolhia o país. Mas o que ele queria dizer é que se tiver de escolher entre a sua teimosia política e a realidade do país, ele escolhe definitivamente a sua teimosia.

 

Hoje, mais do que nunca em tempos de democracia, ou do que dela resta, a liberdade é coragem, a coragem que temos de ter para enfrentar este descalabro político que nos tocou em sorte. Nós queremos a nossa vida de volta. Nós queremos ter futuro.

 

João Madureira


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