Pedra de Toque
Sem ti
Não percebo nem aceito o teu desaparecimento súbito.
Pareceu-me um milagre que em vez de benesse, carreou tristeza.
Interrogo-me, questiono-me mas não vislumbro explicação.
A tua tez pálida de branca, a tua boca contrastantemente rubra, o teu sorriso que se adivinhava radioso quando a abrias,
Continuam uma obsessão!...
A tua pele ficou e permanece colada aos meus dedos.
Não me canso da tua imagem embrulhada na música que tocas e que nunca ouvi.
Os teus sonhos permanecem agitados dentro de mim.
E quando a noite era desejada e a ansiedade indescritível já feria, chegou o eclipse sombrio.
Sem mais deixaste-me, após uma breve troca de mensagens, agarrado à saudade.
Não sei teu paradeiro.
Não sei se ficaste com alguma coisa dos nossos momentos.
Adorava desvendar os mistérios que povoam tua cabeça e o que estremece bem fundo no centro do teu peito.
Nunca deixei de te ver espelhada nas águas do meu rio.
Creio que também.
Sinto-te ainda quando lanço o meu olhar baço às montanhas distantes.
Gostava que me ouvisses na escuridão do quarto onde te espero.
Que sentisses o meu amor que sobrevive na ternura dos lençóis em que te envolves.
Eu vou-me quedando, triste,
Por vezes, momentaneamente feliz,
E dolorosamente, SEM TI!...
António Roque