Cidade de Chaves em passeios de Outono
Neste caminhar do dia para o fim-de-semana, ficamos no entretanto com caminhar pelo Outono, poe entre a magia das suas cores.
Um bom fim-de-semana!
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Neste caminhar do dia para o fim-de-semana, ficamos no entretanto com caminhar pelo Outono, poe entre a magia das suas cores.
Um bom fim-de-semana!
Hoje fazemos um regresso ao ano de 1960, onde hoje é a rua Joaquim José Delgado
Cá estamos com mais um regresso à cidade, um regresso de Outono, com uma imagem a condizer, mas não vos quero enganar, embora tudo que deixei dito seja verdade, e o engano poderia estar na imagem, que é do dia 17 de novembro, e isto também é verdade, só que é do ano passado. Pois é, eu um fiel amante da magia das cores de Outono, este ano, ainda nenhum colorido me despertou o olhar e, das duas uma, ou tenho andado distraído, ou então o Outono deste ano, em termos de colorido, tem estado um bocado choucho.
Uma boa semana!
Os rumores estão por todo o lado. Eu que de músico nada tenho, aprendi com Schoenberg, o que ele designou como de “die Emanzipation der Dissonanz”, ou seja, em português normativo, “a emancipação da dissonância”. Esse é o meu princípio orientador, enquanto criador de ficção. Por incrível que pareça, eu não pretendo romper com a tradição, mas expandi-la. Tal como o mestre Suzuki, professor de filosofia de John Cage, evito discussões e conclusões. Ser persuasivo é uma questão diferente. Não é em vão que se lê o livro do filósofo alemão Eugen Herrigel, Zen in the Art of Archery [Zen in der Kunst des Bogenschießens – O zen na arte do tiro ao arco]. E também não é em vão que se passa várias vezes o olhar pela peça de Rauschenberg Automobile Tire Print [Marca de Pneu de Automóvel], feita com vinte enormes folhas de papel onde foi despejada tinta de parede preta e onde Cage fez depois passar lentamente o seu carro por cima delas. A obra tem seis metros e setenta de comprimento. É preciso enfatizar o acaso. E o desassossego. A minha escrita é quase uma emergência. Daí as contradições. Há sempre algo para dizer, para contar. O sentido do que se escreve muda consoante o leitor. Ou seja, desde que exista um leitor, existe motivo. Depois basta deixar coexistir estímulos não relacionados e a obra começa a fazer sentido. A ordem aleatória pode descrever, ou deixar escrever, uma estética. A escrita tem desses desenvolvimentos. As ruturas têm de ser sensíveis. Tudo o que é espirituoso não discrimina. Os meus romances não são romances. Apesar de serem romances. A identidade tem de permanecer a mesma. Mas o leitor é quem lha confere. Eu quero que os meus romances sejam livres. Mas isso depende de quem os lê. Nos meus romances não existe hierarquia. As personagens estão à disposição dos leitores. Nada neles é subserviente. Apenas subversivo. Apesar de não parecer. Os meus romances, não são neorrealistas, nem pós-realistas nem nouveau roman. São outra coisa. O problema dos escritores é a tradição. Terem de lutar contra ela e terem de a aproveitar. Olhem que não é fácil. Não se pode rejeitar a tradição, mas também não se pode depender dela. Se não for bem aplicada, e temperada, é uma coisa inerte. É uma maquinaria pesada. Não deixa progredir. Os estetas do romance querem fazer do seu estilo uma opressão. Cada um escolhe o seu caminho e desenvolve a sua própria voz. A sua forma de expressividade. O meu método aprendi-o com Steinberg, pois assenta na perplexidade. Eu não julgo, limito-me a observar e escrever. A escrever a minha perplexidade perante aquilo que observo. Se me limitasse à verdade dos factos, a prosa sairia demasiado pálida, e por isso não conseguiria transmitir aquilo que sinto. Boccaccio achava que eram as paixões que mandavam no mundo. E deixou isso bem expresso no Decameron. Eu não sou tão diletante. Sou apenas aquele rapaz eternamente surpreendido por ser levado a sério. Afinal, tudo o que rabisco é a brincar. Não há grandes explicações para aquilo que escrevo. Acontece. E é tudo. Ou quase tudo. Escrever não é um ato inocente. Mas o prazer que por vezes sinto ao fazê-lo, é verdadeiro. E até legítimo. A consciência do tempo é o que nos mata. O esforço – literário neste caso – tem consequências colaterais que não deixam de me surpreender. A boa prosa costuma apoderar-se de todos os espaços onde entra. A luz que imana é encorajadora. Todavia, é avisado evitarmos os golpes de sol. A outra deixa sempre algo de postiço pendurado nas páginas dos livros. As coisas escritas só saem bem a quem sente motivação. Sou um discípulo do Javista, esse génio cómico que trabalhava onde não esperamos o cómico, sempre cheio de alegria e exuberância traquinas. Não é fácil dizer uma coisa querendo, e conseguindo, dizer outra. A ironia não pode ser retórica, nem dramática. Se o for. Deixa de o ser. Irónica. A ironia diz uma coisa e quer significar outra, ou seja, é uma forma de comunicação indireta. Por incrível que pareça, Confúcio, Sócrates e o mesmíssimo Jesus foram assumidamente ironistas. Assim que sentimos que já entendemos o que produzimos, temos de mudar de forma e de fórmula. Não é avisado andar a convencer convencidos.
João Madureira
Os rios impossíveis
15
Luca Argel esteve em Chaves. Quanta sorte e quanta honra! Num espectáculo promovido pelo Indieror.
Há um videoclip dele, no YouTube, " O rio que passa", um dos melhores que eu vi.
Fez renascer o impossível, sob a forma de um rio.
Assim nasceu, para a mesma melodia, este meu rio. ,
O rio que nasce, cura
Na imensidão dum olhar
Esta profunda amargura
Deste impossível lugar
Eu sinto que suas águas
Lavam e levam pro mar
Tristezas que não acabam
Nem terminam de chegar
Pode ser que nos teus olhos
As mágoas façam correr
Ondas de sabor salgado
Que nunca ninguém vai ver
Só o rastro que elas deixam
Como neve no Verão
Caída na tua pele
Caiada por tua mão
Manuel Cunha
Mais um olhar sobre a cidade de Chaves, no presente caso da Rua de Santo António em pelo dia de verão de São Martinho que parecer estar para acabar, isto segundo as previsões meteorológicas para os próximos dias, parece que vem aí o frio... e chuva, e diga-se a verdade, já começa a ser tempo dele e dela. Quanto à rua de Santo António, continuo a pensar, na minha modesta opinião, que os passeios deveriam ser para os peões, aliás, penso mesmo que deveria ser toda a rua, mas para começar, as malgas de hortências poderiam ir para outro lado qualquer onde incomodassem menos que anda, a pé, pela rua.
Até amanhã!
O antigo Mercado Municipal, a "praça", em 1973, localizado entre as Ruas das Longras e a Rua do Olival.
Tanto a inércia como o otimismo são forças poderosas. Daí pensarmos há séculos que tudo no nosso país se vai resolver, só não sabemos quando. Apesar das tendências serem facilmente identificáveis, os resultados não o são. A fé num futuro risonho do país, bem assim como na democracia, está em estilhaços. Não é pelo facto de as projeções serem más notícias, que elas deixam de ser reais. Não, para mal dos nossos pecados, esses estudos não são fantasias.
Algumas concentrações políticas parecem desfiles de carnaval. Outras, o dia das bruxas. Outras, ainda, chegam a provocar náuseas. Umas atraem grupos de fanáticos zangados. As restantes expõem-se ao ridículo. Sejam contra o orgulho da sua putativa identidade, seja a favor dele. Por vezes, muitos dos participantes desfazem-se em lágrimas como se estivessem a representar o papel principal de um filme comercial. Uns são rufias, outros são grupos de desenraizados que apenas dão largas à sua insatisfação.
A violência da retórica tem vindo a aumentar. O problema é que muitas vezes esta costuma anteceder o surgimento da outra. E se repararmos em vários períodos da nossa história, fácil é concluir que isso de Portugal ser um país de brandos costumes é uma ideia falsa. Um mito urbano baseado na falta de informação, na desinformação, ou simplesmente na ignorância.
As fontes de desinformação tanto alimentam quem tem o poder real como aqueles que a ele aspiram. A verdade é, para eles, um eufemismo. Na era do Facebook, as visões fantasiosas contaminam a política real. Tanto os mentirosos de um lado, como os do outro, utilizam a desinformação a seu bel-prazer, para poderem progredir e impor-se no espaço mediático.
Muita desta gente tudo faz para desencadear o ódio e a cólera, tudo investe para espalhar o sentimento de que estamos sob uma ameaça de contornos indefinidos, no sentido de reforçar a crença na fantasia de que existe um tipo de violência purificadora. Mas é a mais estúpida das ilusões. A violência não purifica, destrói. A raiva provoca mais raiva, a cólera mais cólera e o ódio mais ódio.
E o espetáculo mais espetáculo.
O espetáculo é o motor das sociedades ditas modernas e democráticas.
A direita concorda. A esquerda discorda. E o centro nem concorda nem discorda. Antes pelo contrário. A caricatura transformou-se em lenda e a lenda em caricatura. Todos se dizem humildes. Essa é uma nova forma de arrogância.
Os novos patriotas afirmam-se antigovernamentais. Dizem odiar o governo, mas amar o país. Já os partidários do governo dizem odiar esses neopatriotas, por amor ao país, que, parecendo ser o mesmo a nível teórico, é um país diferente.
Convenhamos que, para democratas, os democratas são um pouco coxos de argumentação.
Por isso é que os vigilantes de fronteiras, de costumes, da identidade sexual, da cor da pele, da orientação religiosa, proliferam por aí como níscarros depois das chuvadas.
Tentar entender a ideologia destes “vigilantes” é como tentar adivinhar a progressão da fissura provocada pelo embate da gravilha num para-brisas. Podem ser ideologicamente incoerentes, até no ódio aos impostos, mas são ferozmente determinados. É a incoerência ideológica o que os torna atraentes.
Será que os “vigilantes” também se vigiam a eles próprios?
Ser ou não ser… pois.
De um lado o vermelho e as foices e martelos e punhos erguidos e outras armas simbólicas da revolução proletária e solidária e cada vez mais solitária.
Do outro o preto, as suásticas, as runas, os sóis negros, as cruzes de ferro, as caveiras.
Uns a gritarem o seu ódio à burguesia e ao capital.
E os outros a bradarem o seu ódio aos judeus, aos pretos e aos ciganos.
Uns de rastas, cabelos compridos, barbas, calças e saias cheias de buracos.
Os outros de cabeça rapada, bem escanhoados, vestidos de cabedal preto por cima da camisola de manga curta para poderem mostrar a musculatura eugénica.
Ambos os lados trouxeram câmaras digitais para filmarem o desempenho de cada grupo. E vigiarem-se mutuamente.
O combate já não é por terras e pontes, mas por uma narrativa.
A batalha vai ter lugar, logo após as manifestações, na internet, televisão e órgãos sociais.
Geram depois memes que se tornam virais, repletos de meias verdades e outras mentiras adjacentes.
Os insultos são mútuos. “Como é maravilhosa a liberdade de expressão!”, pensamos nós enquanto os vemos desfilar nas ruas aos gritos.
Estas extraordinárias explosões de liberdade provocam-nos cada vez mais dores de cabeça.
Já se vendem por aí cursos sobre a arte de bater em retirada em caso de colapso civilizacional.
João Madureira
Marcos e fronteiras
Pergunta: “Que ligação existe entre estas duas fotografias?”.
fotografias Google Street
A primeira fotografia é bem conhecida de todos os Flavienses, pois é a nossa porta de entrada na Galiza – a ponte da fronteira de Vila Verde da Raia, na Estrada Nacional 103.
A segunda fotografia, pelo contrário, será desconhecida para a maioria dos Flavienses. É também uma zona de fronteira, mas a quase 400 km de Chaves, mais concretamente nas proximidades de Salvaterra do Extremo, uma pequena aldeia nos confins orientais do concelho de Idanha-a-Nova. Aqui, um pontão sobre o Rio Erges (um afluente do Tejo, que delimita a fronteira ao longo de 50 km) leva-nos de Portugal para Espanha, exceto nos meses de Inverno, quando fica submerso pelas águas. E é também por aqui que passa o trajeto mais curto entre Leiria e Madrid (na verdade, apenas seis quilómetros mais curto do que subindo até às Termas de Monfortinho e por uma estrada onde não se conseguem cruzar dois carros). Mas é um sítio por onde gosto de passar e sempre com uma paragem do lado de cá do rio, só para apreciar o silêncio, ver a paisagem e pensar nas semelhanças com a nossa fronteira, em Chaves: dois países, duas línguas, dois povos, um curso de água de poucos metros a marcar a fronteira, e uma passagem… E, desta vez, penso também que se fosse possível chegar a meio do rio e virar para a esquerda, em direção a norte, pairando de forma contínua sobre a linha de fronteira, por rios, montes e vales, seguindo os marcos, chegaria a Vila Verde da Raia… E depois, querendo continuar, ainda seria possível chegar a Cevide, no Alto Minho, onde está o marco fronteiriço número um da nossa fronteira… Se fosse possível, seria uma bela viagem…
Luís Filipe M. Anjos
Leiria, setembro de 2024
Os rios impossíveis
14
E um dia até os rios impossíveis chegam ao fim.
Talvez aterrorizados com o significado da vitória de Trump nas eleições americanas.
Os últimos poemas sobreviventes extinguem-se nesta folha
Poema 1
Lá
Onde me procuro
E não consigo
Ser contigo
Rio, para sempre
Poema 2
Rio
Onde te procuro
E não consigo
Ver-me livro
Na corrente
Poema 3
Outro rio
Tanto te procuro
E não consigo
Ver-me livre
Das correntes
Manuel Cunha
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BOAS FESTAS!E se ainda por aí houver filhozinhas d...
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