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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

18
Jun17

O Barroso aqui tão perto - Cambezes do Rio


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Como de costume aos domingos vamos até terras do Barroso, hoje toca a vez a Cambeses do Rio, às vezes também grafado com Z (Cambezes)  

 

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Agora que avezamos da “Toponimia de Barroso” , vamos ao que nela consta sobre Cambeses:

 

“CAMBESES – Desde 2013 – União das freguesias de Cambezes, Donões e Mourilhe.

De facto este topónimo é nome pátrio. Trata-se de gente que veio de Camba ( Os Cambeses) ou que deram esse nome aos outeiros curvos onde moram (Cambas). Dá-se o mesmo fenómeno com Peireses, Barreses, Caldeses, Cambados, etc.  no que respeita a nomes de gente migrante.”

 

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E continua a “Toponimia de Barroso”:

O étimo é Cambe, pré-romano, e topográfico, significando elevações arredondadas, com reentrâncias e saliências curvas:

Cambe + enses > eses.  É, portanto, errónea a grafia com Z.

Têm a mesma origem: Camba, Cambia, Câmboa, Cambado, Cambados e Cambeiro.”

 

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A troca do S pelo Z nos topónimos é muito comum, e a mim deixa-me sempre na dúvida qual será a forma correta de grafar o topónimo. Por mim costumo ir pela tradição ou pela forma mais antiga de grafar o topónimo, que no caso, pelo menos no que vi em escritos mais antigos, Cambezes é grafado com Z. Mas não deixa de ser curioso que na passagem que atrás transcrevemos da “Toponimia de Barroso” se inicie assim: “CAMBESES – Desde 2013 - União das freguesias de Cambezes …” Aliás, na página oficial do Município de Montalegre, Cambezes é grafado com Z. Certo que isto são picuinhices nossas, mas mexe connosco termos de suportar o peso da decisão para não errarmos, e depois, acabamos por ser contagiados e às tantas, acabamos também por grafar o topónimo de ambas as formas, mas para que conste, eu sou mais pelo Cambezes, com Z.

 

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Ainda na “Toponimia de Barroso”, num aparte, vem a “Toponímia alegre” onde se lê:

Eu fui ao monte à carqueja,

Trouxe um molho pequenino;

Os rapazes de Cambeses

Estão marcados no focinho.

 

Vede bem o que fazeis

Se passardes em Cambeses;

As moças são camaradas,

As velhas são fraca rês.

 

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Esta da “Toponímia Alegre” leva-me até  à “Etnografia Transmontana - I” de António Lourenço Fontes, ao capítulo das  “Alcunhas ou Nomeadas” e “Nomeadas das terras e das gentes” onde  começa por dizer:

“ O nosso povo sabe caracterizar muito bem os seus vizinhos. Um defeito comum, um erro conhecido, um hábito generalizado, um facto histórico ou lendário é capaz de ser motivo suficiente para apodar todos os do mesmo povo, com o mesmo nome. (…) O povo sabe muito bem a razões de tais nomeadas, pois foi ele, com veia de poeta, que baptizou assim os seus vizinhos. Muitas aldeias já esqueceram a sua alcunha e se aqui se registam, não é para espezinhar alguém, mas apenas para dar um subsídio para a história de Barroso, suas terras e gentes”

 

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E continua:

“ Algumas aldeias têm mais que um nome, ou alcunha. Conforme o gosto de quem os nomeia e a tradição de cada um. Os de uma terra são capazes de chamar aos de Solveira escorna cruzes e outros já lhes chamam tarouqueiros. Os da Vila da Ponte gostam de se chamar fidalguinhos, mas os vizinhos já lhe chamam Chavelheiros. (…) Muitos mais nomes se poderiam recolher do povo, fiel depositário desta velhas tradições. Servem estas de amostra. Estas nomeadas, ou lengalenga como outros lhe chamam, usam-se quando se quer  espezinhar uma pessoa. Então aplica-se-lhe o nome que lhe compete. Raramente se leva a mal.”

 

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Claro que nisto das nomeadas e alcunhas das terras e gentes, Cambezes também não fica de fora, nomeadas que vão desde os “Duques de Cambezes” aos “Mandicantes  de Cambezes” ou “Doninhas de Tourém/Gameleiros em Donões/Tarouqueiros de Sabuzedo,/Colhereiros de Mourilhe,/ Há bos studantes em Frades, /Saltasebes de Paredes,/Tocafóis de Cambezes. /Os da Vila são cães de fila./Lacaios de Padroso/ Em Viade há boas moças,/ É Cambezes o ramo delas,/ As de Frades são umas putas/ Quem há-de casar com elas.” . E para terminar também se diz “Cambezes, terra dos homens portugueses”.

 

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Continuando  na “Etnografia Transmontana ” de António Lourenço Fontes, mas agora do Vol. II,  temos a transcrição de algumas actas da Junta de Cambezes, como a do dia 30-9-1923, onde se diz:

“Atendendo à grande extensão de terrenos baldios, para pastagens de gado caprino, sem prejuízo para os vegetais, a serem terrenos descampados e sem alboredo, atendendo a que os moradores desta freguesia tem grande necessidade de criar o referido gado, a fim de curtir os estrumes indispensáveis para a cultura das suas terras, sem os quais os seus frutos seriam nulos, atendendo mais a que alguns moradores já tem cortes nas terras, mais distantes para esse fim, propunha à Exma. Câmara do Concelho que cada lavrador ou morador pudesse ter pelo menos trinta cabeças do referido gado caprino, à imitação d’outras freguesias…”

 

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A acta de Cambezes de 4-1-1932 é bem curiosa, para que o povo saiba onde se põem os pontos nos is, diz assim:

“ Foi dito que hera neçairo para bem da povoação, que cada homem dera dois dias, cada comissão, de 18 anos até 60 anos, o que faltar será punido com 20$00, de multa por dia. Cada junta de gado dar dois dias. Multa de 50$00, ao faltante. Guardar os usos velhos da freguesia: aquele que não quecer o forno, quando le pertence, terá a multa de 50$00. É preciso guardar respeito à autoridade, aquele que faltar terá a multa de 15$00 por cada vez.”

Curioso que, a julgar pelo valor das multas, “quecer” o forno do povo era mais importante do que respeitar as autoridades.

 

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E o forno do povo era mesmo importante, aliás a “questão” do forno era referido noutras actas, como na Acta de Cambezes de 3 de Fevereiro de 1935, onde consta:

“ Segundo os antigos usos e costumes todo o vizinho da freguesia que se utilizar normalmente dos fornos do povo, terá de o aquecer na segunda feira da semana em que tal lhe pertencer, sob pena de multa de 30$00 por cada vez, que não cumprir.

  • único — Pode porém qualquer vizinho trocar livremente com outro, a sua vez, ou satisfazer ao encargo, colocando à porta do forno até às 4 horas da tarde de segunda feira, um carro de lenha que será utilizado pelo primeiro dos vizinhos que se apresentar a cozer a fornada.”

 

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Ainda o forno e as antigas actas de Cambezes. A de 2-1-1968 dizia:

“(…) Todo o que tiver uma junta de vacas é obrigado a aquecer o forno, o mais tardar até quarta feira, ou será multado em 100$00.”

 

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Ainda da “Etnografia Transmontana – II” , António Lourenço Fontes tem um capítulo próprio dedicado às artes e profissões, nas quais constam os Serrinhas ou Serranchins, os carpinteiros, os soqueiros, os torneiros , os peneireiros, os penteeiros, os carvoeiros, etc. Fiquemo-nos nos carvoeiros, pois também aqui há uma referência aos de Cambezes. Profissões e artes que eram atividades secundárias, pois a principal era a de lavrador onde os afazeres do campo estavam sempre primeiro. Profissões e artes que também contribuíam para o orçamento familiar e nesta arte do carvão, embora até pudesse ser rentável, não era de tarefa fácil, Ainda antes de irmos aos de Cambezes, recordo quando visitei Stº André, uma senhora já idosa quando soube que eu era de Chaves, me dizer — “Antigamente, quando era mais nova, fazíamos o carvão ali no Larourco, depois era carregado nos burros e íamos a Chaves vendê-lo “

 

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Mas voltemos aos carvoeiros de Cambezes e ao que se diz na “Etnografia Transmontana – II”:

(…) cada saca, na coroa, leva uma carqueja ou fantos para não cair o carvão ou borralho. Carregam o burro com 2, 3 ou 4 sacas e os enxadões em cima e levam à vila cedo para vender. Custa cada saca de carvão, 40 ou 50$00, e do borralho é a 20, ou a 30$00. O carvão é para fogões e ferreiros; o borralho é para as braseiras. A terra de mais carvoeiros era Outeiro e Pitões, hoje é Cambezes. Os fogões a gás e a eletricidade têm acabado muito com o carvão e borralho. Também vendem carquejas para acender o lume e as braseiras. O melhor borralho é o que se faz da lenha do forno e vende-se mais caro.”

 

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E temos vindo até aqui a transcrever passagens da “Etnografia Transmontana “ Volume I e II de António Lourenço Fontes. Penso que a maioria já sabe, e quem não souber fica a saber, que este António Lourenço Fontes, é o Padre Fontes, que por sinal nasceu em Cambezes do Rio em 22 de Fevereiro de 1940. Padre Fontes um ilustre Barrosão ou muito mais que isso, pois já pode ser considerado uma referência ou marca do Barroso.

 

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Ao longo dos tempos, este blog já lhe dedicou algumas linhas. Num dos posts ia dizendo:

“(…) todos os colares têm uma pérola principal, a maior, mais vistosa, a que ocupa o centro do colar e, também para mim, essa pérola principal está, ou vive, em Vilar de Perdizes e dá pelo nome de Padre Lourenço Fontes. Tanto assim é que me atrevo a dizer, sem qualquer pudor, que o Barroso tem duas épocas, a APF e a DPF em que a primeira é Antes do Padre Fontes e a segunda, Depois do Padre Fontes. Padre, Etnólogo, antropólogo, historiador, guia turístico, é de tudo um pouco, mas sobretudo é um grande Animador Sociocultural que abanou o Barroso e o despertou para constar no mapa de Portugal com letras grandes. No fundo e na realidade, despindo-o de todos esses rótulos, o seu segredo está em ser um Homem simples, do povo, que o ama e tem orgulho nele, que ama o berço e o enaltece partilhando com todos, a sua história, os usos e costumes, saberes e sabores de um povo, mas também as crenças e mezinhas que curavam todos os males de uma terra que sempre foi agreste e difícil de viver, terra fria onde o frio além de congelar, doía.”

 

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E continuava:

“Curiosamente vamos associando o Padre Lourenço Fontes como um Barrosão de Vilar de Perdizes quando na realidade ele é natural de Cambezes do Rio. Melhor, penso eu, será dizer que ele é filho e natural do Barroso. Para a história, além de uma basta obra publicada ficará o Padre que afrontou a Igreja com os “Congressos de Medicina Popular” e o Padre das “Noites das Bruxas” que desde 2002 acontecem em Montalegre em todas as sextas-feiras 13 e o Ecomuseu de Barroso que o Município de Montalegre atribuiu o nome de Espaço Padre Fontes, como um espaço de memória do Barroso. Para quem o conhece, é um Homem simples, divertido, amigo e sempre pronto para enaltecer e dar a conhecer o Barroso.”

 

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No livro “Montalegre” sobre Cambezes, encontrámos o seguinte:

“É uma das poucas povoações expostas ao cortante frio do setentrião, além de que, segundo a carta do Instituto Geográfico e Cadastral, de 1/50.000, é cortada a meio pela curva de nível dos 1000 metros de altitude, situação a que poucos lugares se alcandoram. O termo de freguesia é dividido a meio pelo Cávado.

Encabeça, portanto, as freguesias ditas “do Rio”. Pode dizer-se que esta freguesia barrosã mantém um altíssimo nível de rusticidade e tipicismo bem próprios para filmes medievais a que até o seu orago se adapta com enorme propriedade.

Com efeito, este mártir da Capadócia tem culto antiquíssimo na Península Ibérica. O ser advogado das mães que aleitam os filhos deve-se talvez ao facto de a mãe dele (Santa Rufina) o ter parido quando ela e o marido estavam na prisão, durante a perseguição do feroz e tresloucado imperador Aureliano, nos fins do terceiro quarteirão do século II.”

 

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Cambezes do Rio, pelo “apelido” do topónimo já ficamos a saber que é uma das povoações da proximidade do Rio Cávado, localizada após Montalegre (para quem vai de Chaves) e um pouco antes da Barragem de Sezelhe. Como já atrás se referiu encontra-se na cota dos 1000 metros de altitude. Para sermos mais precisos na sua localização, ficam as coordenadas do largo do tanque, junto à Igreja:

41º 48’ 13.29” N

7º 50’ 19.06” O

Mas como sempre, fica o nosso mapa com a localização.

 

mapa-cambeses.jpg

 

Para os que gostam de caminhadas, Cambezes do Rio faz parte do trilho do Ourigo que parte de Montalegre passa por Torgueda, Castanheira da Chã, Cambezes para regressar a Montalegre.  Sem qualquer  dúvida que é um trilho que se recomenda a quem gosta de caminhar.

 

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Havia mais umas coisas para dizer sobre Cambezes mas não sei onde param os apontamentos que tirei aquando em 9 de dezembro de 2016 fui à aldeia. Recordo estar um lindo dia de sol mas frio, aliás o frio está presente em algumas fotos com os idosos a aproveitar os rais de sol mas sem dispensar a capa de burel. As palavras que lamento não encontrar tinham referências a duas das pessoas que aparecem em imagem, recordo apenas que a senhora com capa de burel já era centenária.

 

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Quanto à aldeia, vai-se desenvolvendo ao longo da rua principal. Notoriamente despovoada e com a sua população envelhecida, mas não deixa de ser interessante, merece uma visita e umas conversas com os seus habitantes, com paisagens verdejantes ao seu redor  e com agradáveis vistas para o vale do Cávado onde se avistam algumas das aldeias mais próximas.

 

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Bibliografia

 

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Edição do Município de Montalegre.

FONTES, António Lourenço,  (1974), Etnografia Transmontana – I Crenças e Tradições de Barroso. Edição de Autor.

FONTES, António Lourenço,  (1977), Etnografia Transmontana – I I O Comunitarismo de Barroso. Edição de Autor.

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

C

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Contim - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-contim-1546192

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

R

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

U

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

12
Jun17

O Barroso aqui tão perto - Contim


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Sei que o habitual é o “Barroso aqui tão perto” calhar aqui no blog aos domingos, mas nem sempre nos é possível, mas como não queremos deixar de cumprir as nossas promessas, não conseguimos ao domingo, mas segunda-feira também serve. Assim, na nossa peregrinação pelo Barroso, hoje toca a vez à aldeia de Contim ou Guntim se quisermos regressar um pouco no tempo, mas já lá vamos.

 

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Iniciemos então pela origem do topónimo que segundo a “Toponimia de Barroso” - “Vem do genitivo do nome pessoal Guntinus, de origem germânica. A terra foi, portanto, uma vila, casal, abegoaria ou herdade  de um tal Guntinus: Villa Guntini – Terra de Gontim, como há poucos séculos ainda se dizia. Agora, por reforço, substituímos a branda G pela forte C e dizemos Contim. Não aparece nas inquisições.”  E sem sequer ousarmos por em dúvida a origem do topónimo o “Guntim” é reforçado ou confirmado pelo menos numa referência do Arquivo Nacional da Torre do Tombo onde se menciona o “Dicionário geográfico de Portugal, Tomo 18, G 2, H, J" 1758/1758, 142 Guntim (Contim), Montalegre 1758/1758”.

 

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Depois da origem do topónimo, passemos à localização de Contim. Segundo a minha análise fica entre as terras da chã e as do rio, mais a cair para as terras rio, ou então é mais uma aldeia entre os rios Cávado e Rabagão, mas se quisermos ser ainda mais precisos, localiza-se entre as barragens dos Pisões e a de Paradela, sensivelmente a meio. Mas precisão mesmo são as das suas coordenadas geográficas, que aqui ficam, do centro da aldeia: 41º 46’ 59.47” N e 7º 53’ 33.77” O. Mas para não haver qualquer dúvida, fica também o nosso habitual mapa do concelho de Montalegre com a sinalização de Contim.

 

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Quanto à altitude já sabemos que as terras do Barroso anda todas próximas dos 1000 metros de altitude. 100 ou 200 metros acima ou abaixo há sempre uma aldeia barrosã. Contim não é exceção e no local onde tomámos as coordenadas estva a 961m de altitude, mas se quisermos ser mais precisos, a construção mais alta da aldeia está na cota dos 998 metros e a mais baixa nos 945 metros.

 

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Quanto à paisagem predominante vamos tendo o verde vivo nas pastagens a contrastar com um verde mais discreto da floresta que em terras de Barroso faz questão de ser autóctone na sua grande maioria, com o carvalho a ser rei e senhor. Contudo há outras espécies e até o eucalipto já marca presença no Barroso… mas tenhamos fé em que o carvalho continuará por lá, com o seu verde discreto do verão e o seu misto de castanho avermelhado/esverdeado do inverno, dependendo da localização dos carvalhais e do estarem mais ou menos tomados pelos líquenes.

 

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Quanto às nossas pesquisas ficámos a saber que até 2013, Contim era sede de freguesia à qual pertenciam também as aldeias de S.Pedro de Vilaça, e sobre esta ex-freguesia, ,  encontrámos alguma informação num site do Governo (entre muita informação indisponível) (http://www.acessibilidade.gov.pt/), assinada pelo então presidente da Junta. Não sabemos a data da informação, mas lá diz o seguinte:

 

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“A nossa freguesia, composta pelas localidades de Contim, São Pedro e Vilaça, fica situada na margem sul do Rio Cavado, no concelho de Montalegre, e tem vários pontos de interesse que pode consultar nesta página. A primeira referência histórica à nossa freguesia, de que temos conhecimento, data do século XII e refere-se à localidade de Vilaça. No entanto, há historiadores que apontam para a possível existência de um castro, no Facho, onde hoje está situada a localidade de São Pedro. Assim, provavelmente, esta área já teria sido habitada na era antes de Cristo. “

 

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E continua:

“Hoje, devido à emigração, a nossa freguesia tem muito menos população do que no passado recente. Contudo, o nosso povo continua a viver da agricultura. Embora grande parte do trabalho seja, agora, feito com meios mecânicos, o nosso gado continua a pastar diariamente nos lameiros e os nossos terrenos continuam a ser estrumados da mesma forma que faziam os nossos antepassados. No nosso espaço há uma harmonia perfeita entre o tradicional e o moderno, entre o homem e a natureza. “

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E remata:


“Assim, esperamos que este sítio sirva para dar a conhecer a todos os interessados este maravilhoso canto do planalto barrosão e que sirva, também, como mais um elo de ligação à sua terra para todos os nossos conterrâneos espalhados pelo mundo. Esperamos a vossa visita. "

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E embora no referido site do Governo existissem sinalizados links para a história, fotografias e outros de interesse da freguesia, a realidade é que os links não funcionavam, mas tinha a mensagem do Presidente da Junta, que já era alguma coisa.

 

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Mas sobre a referida extinta freguesia apurámos o seguinte: “Todas as três povoações que formavam a freguesia já serviram de sede: em todas se rezou missa e se ergueu baptistério capaz. Metade de São Pedro, aldeia fundada sobre um castro onde ainda continua, pertenceu à Comenda de São Tiago de Mourilhe. Porém, o mais idílico recanto de todo o planalto talvez seja a capela de Nossa Senhora da Vila de Abril que foi ermitério medieval carregadinho de religiosidade e lendas. É uma das “Sete Senhoras” festejadas a 8 de Setembro de cada ano. Vejam bem a poesia desta lenda:

 

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Consta que um ermitão (os ermitães, como possíveis vestígios de algum antigo mosteiro que aí tivesse havido, habitaram no local, pelo menos até ao século XVIII), um belo dia de há séculos atrás, ao abrir a porta da capela aos peregrinos, deu pela falta da imagem da Senhora no seu altar. Convenceu então os assistentes a juntarem-se a ele em orações que se prolongaram por todo o dia. Ao cair do sol no horizonte, sobre o Alto de São Pedro do Rio, uma sombra triangular alongou-se pelo corpo do edifício… Era a Senhora que regressava muito cansadinha…

 

O ermitão franziu a sobrancelha e repreendeu-a:

 

“ – Maria, então como é..

 

que me deixas tão aflito,

preocupado e doente?

E a senhora regressou ao seu altar ante a estupefacção dos presentes. Era assim, sem cerimónias, que o último pároco da

freguesia contava a poética lenda.

E a Senhora respondeu:

 

- Ó homem de pouca fé,

que te zangas sem motivo,

… fui às portas do poente

pra salvar um marinheiro

que no mar estava perdido!”

 

E a senhora regressou ao seu altar ante a estupefacção dos presentes. Era assim, sem cerimónias, que o último pároco da freguesia contava a poética lenda.

 

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Em 2013, os de Lisboa, com a desculpa da Troica e da poupança,  lembrara-se de fazer uma suposta reforma administrativa do território, mas apenas se ficaram pelas freguesias, ou seja, por aquelas que menos despesas davam, por aqueles que menos força política têm e por aqueles que mais honestos são no fazer política e que mais próximos estão da população.

 

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Dessa reforma levada a eito, muitas vezes de uma forma cega e sem ter em conta a história das freguesias e a vontade dos fregueses, cometeram-se verdadeiros atentados contra as populações locais e muitas das suas tradições e viveres. Sorte dos de Lisboa já não haver braços novos e fortes nas freguesias para manejarem estadulhos… senão, pela certa, outro galo cantaria. Mas resumindo, pouparam-se uns míseros euros na união de algumas freguesias, sem qualquer significado económico, , e uniram-se aldeias, que tradicionalmente sempre estiveram separadas e que mesmo com boa vizinhança, tinham as suas particularidades que fazia da sua freguesia, a sua freguesia, com o seu orago, o seu boi do povo (no tempo em que os havia), a sua festa, etc.

 

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Quanto a Contim, é uma aldeia pequena, notoriamente  despovoada mas onde ainda há alguma vida e até a modernidade já chegou, com algum impacto e contraste, sem grande respeito pelo existente, pois a imagem da marca vale muito mais, ó se vale, e fora de tempo, aliás às nossas aldeias tudo chegou fora de tempo…

 

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E para terminar . Nas nossas pesquisas encontrámos várias referências à Senhora de Vila Abril e ao seu Santuário, e atrás, neste post, até deixámos alguma informação e  a lenda sobre a mesma, mas a verdade é que, lá na freguesia, nem a vimos nem havia qualquer  indicação da sua existência, e se havia, passou-nos despercebida, mas, penso que já sei onde ela para, e se não estiver enganado, um dia destes também a deixarei por aqui.   

 

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Ficam as habituais  referências para as nossas consultas e os links para os posts anteriores com aldeias ou temas do Barroso.

 

Bibliografia

 

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso

BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Edição do Município de Montalegre.

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-arcos-1543113

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

C

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

R

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

U

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

 

 

 

05
Jun17

O Barroso aqui tão perto - Arcos


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Já o disse aqui várias vezes que as minhas ligações ao Barroso acontecem desde criança. De início as minhas idas a Montalegre eram feitas via Estrada Nacional 103 e só mais tarde, anos oitenta, a opção passou a ser via Soutelinho da Raia. Pensava eu que entre ambos os trajetos pouco ou nada existiria para além de montes, serras e planaltos.

 

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Na minha curiosidade de jovem nunca tive os mapas e cartas geográficas na agenda, então havia outras descobertas mais interessantes a fazer e depois tudo tem o seu tempo nos nossos interesses. O meu/nosso território, o nosso passado e a nossa história só em adulto é que começou a despertar interesse. Primeiro por aquilo que me estava mais próximo, depois, naturalmente comecei a alargar os territórios de descoberta.

 

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Primeiro com cartas militares e outras cartas mais ou menos rigorosas, mais ou menos interessantes. Com o boom da informação disponível na internet tudo se tornou mais fácil e a nossa curiosidade foi-se aguçando e refinando, passando a andar por terras nunca antes vistas, visíveis quase ao pormenor com a disponibilização de fotografia aérea de todo o planeta. Se inicialmente andámos perdidos noutros continentes e noutras paragens, depressa passámos à descoberta do desconhecido mais próximo. Nesse desconhecido estava o tal território Barrosão e em especial aquele que mais curiosidade nos despertava.

 

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Como disse no início, pensava eu que entre os meus dois trajetos conhecidos para Montalegre pouco ou nada existiria, mas graças à fotografia aérea fui-me dando conta de como estava enganado e se de facto os montes, serras e planalto estavam lá, também havia alguns aglomerados de casas, aldeias,  caminhos e estradas que as interligavam.

 

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Mas mesmo com todo o pormenor da fotografia aérea, a realidade apresenta-se bem diferente. Certo que as imagens digitais nos podem indicar alguns pontos de interesse e a localização dos aglomerados, mas para os conhecer verdadeiramente há que ir lá, sentir as sensações in loco, fazer parte das três dimensões, sentir a sombra das fachadas das casas, o vento a bater-nos nas faces, o frio ou calor a invadi-nos os corpos, desfrutar das melodias dos sons da natureza ou dos chocalhos dos animais domésticos, falar com os residentes, descobrir as suas tradições, apreciar a arquitetura tradicional, eu sei lá, um montão de coisas onde tudo é possível, sobretudo sermos constantemente surpreendidos.

 

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Felizmente temos sido surpreendidos muitas vezes com agradáveis descobertas e nesse tal território que eu pensava ser apenas de montes, serras e planaltos, aconteceram algumas das descobertas mais surpreendentes e a nossa aldeia de hoje, Arcos, foi uma delas. Passemos então a arcos, iniciando pela sua localização e pela forma de chegarmos até lá, como sempre a partir de Chaves.

 

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Iniciemos pelas coordenadas que são 41º 35’ 38.02” N e 7º 40’ 22.86” O,  a uma altitude de 900 m a aldeia, mas mesmo ao lado a Srª do Campo a 970m de altura. Para chegarmos até Arcos a partir de Chaves podemos utilizar a Nacional 103 ou a Municipal via Soutelinho da Raia. Se a opção for a Nacional 103, poucos quilómetros a seguir à entrada no concelho de Montalegre e antes do Barracão, quando aparecer a indicação à direita de Vilarinho de Arcos, devemos tomar essa estrada e logo a seguir a Vilarinho temos a aldeia de Arcos.

 

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Se a opção for via Soutelinho, logo após a primeira aldeia de Montalegre, Meixide, devemos optar pela estrada da esquerda em direção a Sarraquinhos e nesta aldeia fazer o desvio para o Antigo de Sarraquinhos e a seguir a esta é Arcos. Mas como sempre aqui fica o nosso mapa com a localização.

 

mapa-arcos.jpg

 

E a partir de hoje vamos deixar aqui, sempre, alguma coisa sobre o topónimo da aldeia convidada, tudo graças a uma edição do Ecomuseu – Associação de Barroso,  intitulada “Toponímia de Barroso”,  de autoria de José Dias Baptista, com um agradecimento especial a Sofia Dias, sem a qual não teríamos chegado ao conhecimento desta importante obra.

 

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Pois na “Toponímia de Barroso”,  sobre Arcos, encontrámos o seguinte:

“ Do nome comum latino arcu < arco a que se prendem vários significados e que tem dilatado campo semântico. Todavia, o sentido mais corrente alia-se a objectos arqueados, arredondados, normalmente arcos de pontes, de portas de homenagens, de túmulos. Ora, em Barroso temos arcos de tudo isso: temos o arco do túmulo (arco bem mais recente que este topónimo, na Igreja de Covas do Barroso); de homenagem como é passadiço de Vilarinho Seco (neste caso ao santinho predilecto de quem o erigiu) e eram os arcos que os romanos levantavam mas mais vistos nas praças das cidades aos seus deuses de pés de barro como foram os seus imperadores;  de portas, como foi o arco de volta inteira; e arcos de pontes das mais diversas formas. “

 

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E continua:

 “Em Arcos não há arcos nenhuns. Mas há um topónimo, não longe da povoação que terá deixado atónitos os primeiros invasores do sítio. Foram os Miomentos, palavra que nos chega pelo latino Monimentu (monumento) e que só pode ser referido a uma quantidade de túmulos. Os romanos gostavam de ser lembrados depois de mortos e, por isso, levantavam os seus túmulos junto das principais vias para que os viandantes  os recordassem. Acredito piamente nesta hipótese visto que ali passava a Via Romana. Com o determinativo de Arcos houve mais duas povoações, Vilarinho de Arcos (que ainda existe) e Antigo de Arcos que foi Antigo de Espinho (…) e agora é Antigo de Sarraquinhos por ter mudado da freguesia de Cervos para a de Sarraquinhos.”

 

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E a “Toponímia de Barroso”,  conclui:

“- Em 1258 « de villa de Arcos est medietas Domini Regi» INQ 1524. Aparece três vezes nessa forma, como topónimo perfeitamente estabelecido.

Da citação se conclui que metade de Arcos era do rei no princípio da nossa monarquia”

  

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Pois quanto às nossas impressões pessoais sobre esta aldeia, como já atrás o dissemos, foi uma das que nos surpreendeu pela positiva. Primeiro pela sua localização arrumadinha por baixo de uma pequena montanha na croa da qual existe uma capela, como se fosse a cereja em cima do bolo.

 

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Surpreendeu-nos também o conjunto da aldeia e as suas construções típicas transmontanas e barrosas,  com o largo da fonte de mergulho/tanque/forno e restante casario a provocarem-nos com tanta beleza, principalmente a fonte e o forno típico do Alto-Barroso com a sua cobertura em grandes lajes de granito e os seus arcos estruturantes interiores com prolongamento saliente nos alçados laterais.

 

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Por último as vistas que desde a aldeia se alcançam e que quase alcançam todo o Barroso, pelo menos vão além da Barragem dos Pisões, chegam até ao Larouco e atingem os concelhos de Chaves e de Boticas. Olhares que se alcançam desde a aldeia, sim, mas é necessário subir até à Capela da Srª do Campo.

 

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E por hoje é tudo. Em palavras e informações sobre a aldeia fomos um pouco parcos mas em compensação fomos generosos na quantidade de imagens, mas o mais impressionante desta aldeia  é a de que poderíamos ainda duplicar as imagens e continuariam a ser interessantes. Há aldeias assim, aldeias maravilha aqui tão perto e poucos dão por elas.

 

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Ficam as habituais  referências para as nossas consultas e os links para os posts anteriores com aldeias ou temas do Barroso.

 

Bibliografia

 

BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

C

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Ormeche - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ormeche-1540443

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

R

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

U

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

 

28
Mai17

O Barroso aqui tão perto ... Ormeche


1600-ormeche-nslivr

montalegre (549)

 

Finais de julho de 2016, quatro da tarde, muito calor, já depois de um intenso dia, desde manhãzinha, à recolha de imagens dentro do Barroso chegámos a Ormeche, sem gente na rua, o que não era de admirar pois o intenso calor convidava mesmo à frescura do interior das casas.

 

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Primeira imagem de recolha na aldeia, mais que a aldeia, foi mais uma para a nossa coleção de alminhas, esta por sinal muito curiosa e singular, um dois em um – alminhas e cruzeiro, confesso que nunca tinha visto e se calha é mesmo caso único, não o sei, pois a nossa imaginação, a portuguesa, é mesmo muito rica, e aqui fica engrandecida, não fossem os cruzeiros e alminhas traços da cultura portuguesa. Nem que fosse só por esta imagem e já tinha valido a pena ter ido a Ormeche, pena o popó estar estacionado junto a esta preciosidade e ter complicado a composição como se não bastassem os habituais postes e cabos aéreos que tem de estar sempre lá a estragar belíssimas imagens da nossa ruralidade. Coisas dos nossos tempos, mas mesmo assim, poderia haver mais um bocadinho de respeito pelo nosso passado.

 

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Bastava a imagem do cruzeiro com alminhas mas quisemos mais e assim adentramos a aldeia. Dizíamos no início que à chegada não vimos gente na rua, mas afinal estávamos enganados, havia mesmo gente na rua, curiosamente num cenário que penso também poder considerar-se um traço da cultura portuguesa, gente sentada à sombra à porta de casa, nos bancos de pedra que geralmente se deixavam encostados às fachadas das casas, precisamente para isso… para aproveitar as sombras de verão ou o sol de inverno, bancos de encontros, de conversas e de convívio.

 

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Mas não era tudo, pois os homens mais novos, também à sombra, da capela,  mas à volta de uma mesa, jogavam às cartas, com o habitual “público” e os habituais líquidos de hidratação, o calor a isso convidava. Mais uma vez penso que este cenário de homens, cartas, calor/sombras e vinho, são mais um traço da nossa cultura portuguesa. Ou seja, se alguma dúvida houvesse, bastavam estes três cenários para saber sem qualquer dúvida que estava numa aldeia portuguesa, mas a este respeito, ainda não era tudo.

 

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As capelas na croa dos montes, aí está outro dos nossos traços culturais, e este era avistado desde o largo em que nos encontrávamos. Achámos muito curiosa a localização e estava traçado o nosso destino a seguir a Ormeche, ainda para mais que calhava próxima de um dos nossos destinos Pai(o) Afonso. Tratava-se da capela de Nossa Senhora da Livração, que já deixámos aqui no respetivo post de Pai(o) Afonso, mas que penso que a festa/celebrações à Nossa Senhora da Livração são mesmo da aldeia de Ormeche.

 

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Continuemos nos traços da nossa cultura e este se não o é, merecia sê-lo, embora hoje um pouco em desuso por ser também uma vítima do despovoamento rural e da globalização. Refiro-me aos antigos comércios locais ou antigas tabernas, que também elas se foram adaptando aos novos tempos, isto quando existiam, e que além serem um lugar para se beber, jogar cartas foram também um local onde se podia comprar de tudo que fizesse falta em casa, mesmo tudo, sem qualquer exagero. Eram os centros comerciais rurais mas também centros de convívio das aldeias e dos bairros de Portugal. Em Ormeche ainda existe um comércio muito próximo daquilo que aqui se descreveu, um comércio local onde se vende de tudo que faz falta em casa, mesmo de tudo.

 

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E a nossa visita que estava para ser breve em Ormeche acabou por se prolongar um pouco mais, a convidava a ficar um pouco, descansar um pouco e um pouco de conversa com a gente local também é agradável e aprendemos sempre qualquer coisa e às vezes, até nos surpreendemos.

 

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Em Ormeche a surpresa estava sentada à sombra, um antigo militar, reformado, que passou a vida a fazer fotografia aérea nas ex-colónias, dias e dias a fotografar, revelar e montar fotografias aéreas, tanto que se tornou um especialista na matéria que deu para desenrascar situações mais complicadas, mérito que foi reconhecido pelo estado português dando-lhe gratuitidade na obtenção de estudos, que ele e a família aproveitaram.

 

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Ainda antes das nossas pesquisas sobre a aldeia, passemos agora à sua localização.  Iniciando pela coordenadas: 41º 42’ 08.31” N e 7º 54´39.91” O. Altitude 850m. É mais uma da aldeias de proximidade da Estrada Nacional 103 e da proximidade da Barragem da Venda Nova (900m) mas também próxima da Barragem dos Pisões (6 km – distâncias em linha reta). Mas fica o nosso habitual mapa.

 

mapa-ormeche.jpg

 

Agora sim, passemos às nossas pesquisas. Bibliograficamente falando, nada encontrámos para além de menções à sua localização, freguesia e concelho, mas na internet encontrámos dois sítios que queremos mencionar e que se referem diretamente à aldeia, para além de uma referência na página oficial do município a uma natural de Ormeche – Ana Albuquerque.

 

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Pois aqui fica a referência/notícia, conforme a encontrámos na página oficial do Município na internet:

“Atleta de Ormeche na Seleção Nacional (Sub-16)

Ana Albuquerque, atleta de Ormeche, concelho de Montalegre, que representa atualmente o Arsenal de Londres, está convocada para o estágio de preparação da Seleção Nacional de sub-16 de futebol feminino. Os trabalhos de preparação, agendados para a Cidade do Futebol, iniciam segunda-feira. O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, fala em «regozijo e agrado geral» pelo feito desta jogadora com raízes no município.”

 

 A notícia é mais ou menos recente, mais propriamente de 25/01/2017. Fica o link para a notícia onde está também a foto da alteleta: https://www.cm-montalegre.pt/showNT.php?Id=3484

 

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Nas nossas pesquisas na NET ficámos também a saber que o padroeiro de Ormeche é o S.Mateus, segundo o que consta num blog dedicado à aldeia (referência no final do post). Blog que parece estar ligado a uma Associação da aldeia  a A.C.R.A.O. - Associação Cultural e Recreativa dos Amigos de Ormeche que existe desde 2006. Associação que se assume em defesas das tradições da aldeia e que segundo consta nos post do blog assim é. Matança do porco, cantar dos reis, recreação de segadas à moda antiga, entre outras atividades. Pela certa uma Associação que é uma mais valia para a aldeia, ou era, pois a última publicação no referido blog foi dia 12 de janeiro de 2011 e a partir de aí não encontrámos mais notícias sobre a atividade da ACRAO. Se já não existe, temos pena, por outro lado e por experiência própria,  compreendo que não é fácil manter com vida este tipo de associações, principalmente quando não têm qualquer apoio de quem as deve apoiar. Não sei se é ou foi o caso, mas espero que esteja tudo bem e seja só suposições nossas.

 

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Por outro lado encontrámos outro sítio na Internet dedicado a Ormeche, mais propriamente no facebook, e este sim, está ativo com publicações regulares (referência no final do post, já a seguir).

 

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E é tudo por hoje e sobre Ormeche foi a reportagem possível. Lamentamos sempre não ter mais informações sobre as aldeias, mas fazemos o que podemos.

 

Ficam as habituais referências às nossas consultas e também os habituais links para os posts de outras aldeias e temas do Barroso.

 

Sítios da WEB consultados:

- Um blog de Ormeche: http://ormeche.blogspot.pt/

- Um sitio no facebook: https://www.facebook.com/aldeia.deormeche

- Página oficial do Município de Montalegre: https://www.cm-montalegre.pt/showNT.php?Id=3484

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

A

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Algures no Barroso: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1533459

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

B

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

C

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

D

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

F

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

G

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Gralhós - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhos-1531210

L

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

M

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

N

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

P

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

R

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

S

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

T

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

U

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

V

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

X

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Z

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

14
Mai17

O Barroso aqui tão perto...


1600-algures, entre Pitoes e Tourem

montalegre (549)

 

Depois de um dia tão intenso como o de ontem em que a nossa atenção se repartiu por vários e importantes acontecimentos, tal como previa, não houve tempo para preparar mais uma aldeia do Barroso para trazer aqui, pois além da escolha e tratamento de imagens, há as habituais pesquisas de procura de informação para podermos deixar mais alguma coisa sobre a identidade e particularidades dessas mesmas aldeias, e isso demora algum tempo, tempo que não sobrou para tal.

 

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Mas promessas são promessas e o blog gosta de as cumprir. Não temos uma aldeia barrosã mas temos algumas paisagens do Barroso, e alguma flora e fauna selvagem barrosa. Motivos que nos despertam o clique por locais onde vamos passando, geralmente nos itinerários entre aldeias, em terras de “ninguém” e algumas que às vezes nem nós que as obtivemos as conseguimos localizar, pois quando partimos à caça de imagens, os momentos captados são tantos, tal como as nossas voltas, que algumas delas não conseguimos localizá-las com exatidão. Sabemos  mais ou menos por onde foi, mas não exatamente. São as tais que guardo religiosamente numa pasta chamada “algures no Barroso”.

 

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Tal acontece com pelo menos três imagens de hoje que não sei bem de onde são. As restantes são localizáveis, mas para o post de hoje a localização até nem interessa, pois interessa mais mostrar a beleza da paisagem menos humanizada, alguma dela mesmo selvagem e singular, única embora variada. Pode parecer uma contradição, mas não é.

 

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Sendo o Barroso composto maioritariamente por terras altas, todas a rondar os 1000 metros de altitude, é natural que se tenha dele uma ideia errada de terra fria e agreste, e se de facto isto é verdade, o contrário também o é, com os seus micro climas das terras mais baixas e do Baixo Barroso, com paisagens cobertas de verde, hoje em dia mais verde que nunca com as terras de cultivo a dar lugar a pastagens.

 

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Já o disse aqui e repito, porque nunca é demais repeti-lo, o Barroso é uma pérola dentro do Reino Maravilhoso e realmente o que surpreende é a variedade que vai desde o mais agreste do Alto Barroso e que rodeia e sobe ao mais alto da Serra do Larouco, da Serra do Barroso e da Serra do Gerês, território do penedio,  da urze, da carqueja e até da trufa.

 

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Por outro lado, ao descermos ao Baixo Barroso o verde é rei e senhor, não só nos prados mas também na floresta e no cultivo de subsistência ao redor das aldeias onde é possível cultivar de tudo, imaginem que nesta última passagem pelo Barroso até bananeiras e orquídeas ao ar livre vi. Claro que as bananeiras embora cheguem a dar fruto não chegam a vingar para amadurar, mas vingam para enfeitar e marcar presença no Barroso.

 

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Podemos afirmar que as singularidades do Barroso se complementam para termos um só Barroso no seu todo e no seu melhor. Se o verde surpreende e é agradável conviver com ele, o agreste não se fica atrás, na sua simplicidade complexa, na resistência das espécies que por lá resistem e o modo como convivem e se protegem umas às outras, mas sobretudo sãos as sensações de se poder pisar estas terras e as paisagens que desde lá se deslumbram.

 

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Continuando no surpreendente Barroso o que mais surpreende é a variedade e proximidade dos matizes, principalmente nesta época de primavera em que as serras se enchem de colorido amarelo da carqueja ou o também amarelo e branco das giestas a contrastar com o púrpura da urze e um pouco por todo o lado minúsculas flores de plantas também minúsculas que chegam a formar autênticos tapetes com os mais belos bordados.

 

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Mas tudo isto esta ali à mão de semear, pois se agora estamos no meio dos matizes das terras mais agrestes, descemos um pouco e logo entramos nos mantos verdes rodeados da floresta igualmente verde para logo a seguir esbarrarmos com o azul de uma albufeira ou o aconchego de uma aldeia, tudo isto é o inconfundível Barroso

 

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Por último a água, a sua transparência e abundância, não as que está nas albufeiras mas a que brota por todo o lado, cristalina, a atravessar caminhos, a correr nos lameiros ou a cair em cascatas, então quando chove com abundância, como foi nesta sexta-feira passada, é surpreendente como onde menos se espera nascem pequenas cascatas.

 

Só queria mesmo  que as imagens fizessem justiça às palavras que hoje vos deixo, mas isso é impossível, pois por muito que me esforce faltam-lhe os aromas e as melodias dos cantares das aves ou mesmo que seja e só do sussurrar do vento à sua passagem.

 

 

 

07
Mai17

O Barroso aqui tão perto... Gralhós


1600-gralhos (84)

montalegre (549)

 

GRALHÓS 

 

Hoje em dia, apetece-nos ir até Montalegre, pegamos no popó e ala, viramos em direção ao S.Caetano, subimos a Soutelinho e depois é seguir a estrada pelo planalto do Alto Barroso que logo a seguir estamos em Montalegre. E se dúvidas houvessem, bastava chegar ao Planalto ou a Soutelinho da Raia, que é a mesma coisa, e seguirmos em direção à Serra da Larouco que a certo ponto as torres do Castelo de Montalegre indicam-nos onde é a vila.

 

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Mas nem sempre foi assim e no meu tempo de criança, ter popó ainda era um luxo e as idas a Montalegre faziam-se nas camionetas de Braga ou carreiras do “tio” Magalhães, que também é a mesma coisa, com escala no Barracão para mudar para a segunda camioneta que nos levaria até Montalegre pois a outra seguia para Braga.

 

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Essa segunda camioneta, logo a seguir ao Barracão abandonava a EN 103 para entrar na estrada Municipal 308 e logo, logo a seguir fazer a primeira paragem em Gralhós, a nossa aldeia de hoje.

 

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Lembro-me dessas paragens e pouco mais, pois a memória neste tempo que passou deu prioridade a outros registos mas também porque a partir de certa altura, aí por meados ou finais dos anos setenta, a escala das carreiras de Braga passou a fazer-se em S.Vicente da Chã e Gralhós foi ficando ao lado, ou bem ao lado, pois a partir dos finais dos anos setenta as nossas idas à Vila de Montalegre passaram-se a fazer via Soutelinho da Raia.

 

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Sinceramente penso que desde criança que já não passava por Gralhós e se passei, penso que o fiz ao lado, pois parece-me que entretanto foi construída uma variante que teria retirado a passagem da estrada pelo centro da aldeia, pois o que retenho na memória não é nada daquilo que se vê da atual estrada, aliás um vista que pouca justiça faz a beleza que esta aldeia tem na sua intimidade.

 

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Sim, de facto fiquei surpreendido com a aldeia pois vista a atual estrada ela engana. Já na sua intimidade somos surpreendidos pelo conjunto do casario aquele que é típico no Alto Barroso e que ainda chega a Gralhós, já terras da chã barrosã e já na transição para o Baixo Barroso.

 

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Alto e Baixo Barroso que para quem não é do Barroso pode gerar alguma confusão. Para quem conhece o Barroso, a fronteira entre os dois Barrosos é fácil de detetar, pois em termos paisagísticos são bem diferentes, isto para não estarmos a complicar mais, como eu costumo fazer, pois para mim há mais que dois Barrosos, tal como as suas fronteiras que comummente ficam limitadas aos concelhos de Boticas e Montalegre, para mim vão mais além, mas hoje não quero ser eu a divagar sobre o assunto e vou passar ao que existem em documentos escritos, tal como acontece na Etnografia Transmontana – I Crenças e Tradições de Barroso, de António Lourenço Fontes.

 

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Pois na atrás mencionada Etnografia sobre o Barroso diz-se o seguinte:

“ BARROSO – Território de montanhas que compreende todo o concelho de Montalegre, quase todo o de Boticas, diminuta parte do de Chaves (Soutelinho), parte de Cabeceiras de Basto (Magusteiro, Formigueiro, Toninha, Moscoso da freguesia de Rio de Ouro) e de Vieira (Lamalonga, Campos e Ruivães). « Etnografia Portuguesa V 3.º Leite de Vasconcelos. Divide-se esta região em duas partes: “

 

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E continua:

“ O Baixo e Alto Barroso. As terras mais altas e frias são o alto Barroso e as mais baixas e férteis são o baixo Barroso. Há quem não queira chamar-se Barrosão. Mas também se diz: são Barrosões os habitantes, da margem direita do Tâmega, desta zona.

Apesar de serem Barrosões dizem os do Baixo Barroso, quando se referem aos do Alto Barroso: lá p’ra Barroso.”

 

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Só há dias li esta descrição sobre o Barroso e foi para mim novidade o Barroso entrar em terras de Cabeceiras de Basto e de Vieira, já a dos Barrosões da margem direita do Tâmega não me surpreendeu, pois os flavienses mais antigos das montanhas da margem esquerda do Rio Tâmega dizem isso mesmo ou parecido, tal como já ouvi algumas vezes: “Para lá do Tâmega é tudo Barrosão”

 

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Curiosa esta descrição do Barroso além Tâmega (margem direita), pois a ser aí o limite do Barroso, a cidade de Chaves também é Barrosã. Quem conhecer bem a nossa região sabe que esta divisão do Rio Tâmega, que eu alargaria a toda a Veiga de Chaves, faz sentido, pois se desde a Veiga de Chaves subirmos as montanha em direção a Poente temos a Terra Fria, se as subirmos na direção contrária, para Nascente, subimos para a Terra Quente. Pessoalmente, embora a minha nascença até tivesse sido na margem esquerda do Tâmega, aceito os limites do Rio, e sem qualquer influência da minha costela materna barrosã.

 

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Passemos a Gralhós, mas antes ainda mais um dos meus devaneios e mais um regresso ao passado. Quase todos os topónimos das localidades de Montalegre me são familiares desde criança ou desde adolescente, ora por ouvir falar deles aos meus pais ou por mais tarde tomar contacto com eles em leituras, principalmente do Bento da Cruz. Acontece porem que embora conhecendo os topónimos e mesmo as localidades, por ter passado por elas, houve sempre quatro localidades que eu confundia, duas a duas, e só passando por elas é que eu verdadeiramente as localizava. Eram elas Meixide e Meixedo e Gralhas e Gralhós. Hoje já me são familiares e inconfundíveis, isto por tanto passar por elas, exceção para Gralhós, mas que, mesmo que fosse por exclusão de partes, hoje chegaria até à sua localização.

 

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Passemos então à sua localização, da qual já fomos deixando aqui alguns apontamentos, pois é mais uma aldeia das proximidades da Estrada Nacional 103, a apenas 600 metros, isto até às primeiras casas, pois até ao núcleo são cerca de 1000m. Quanto às suas coordenadas são as seguintes: 41º  47´ 14.35”N e  7º  44’ 16.39”. Já quanto a altitude, estando no planalto de terras da Chã, varia entre os 900 e os 1000m, sempre acima do primeiro e abaixo do  segundo valor. A 6Km de Montalegre (linha reta) e a 2.6 Km da Barragem dos Pisões (linha reta). Mas como sempre, para melhor localização, fica o nosso mapa.

 

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Quanto a outras referências para a aldeia há a assinalar a antiga via romana e também teria sido por Gralhós que passava uma importante via medieval. Em terras da Chã e redondezas existem ainda alguns marcos miliários e pontes romanas, o que é natural, pois por aqui passava  uma das mais importantes vias romanas as Vias Augustas, neste caso a Via XVII que ligava as então cidades de Bracara (Braga) – Aquae Flaviae (Chaves) e Asturica (Astorga), esta já em Espanha.

 

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Como nas nossas habituais pesquisas pouco ou nada encontrámos, restam-nos aquilo que por lá nós vimos e apreciámos. Logo na entrada da aldeia aquilo a que se pode chamar um conjunto de traços da nossa cultura portuguesas, mas também da cultura comunitária barrosã e transmontana. Umas alminhas, tendo a um lado de uma fonte/bebedouro e no outro um tanque comunitário. Também como traço da nossa cultura, pelo menos de outros tempos, as cores utilizadas nas portas de madeira com a cor vermelha sangue de boi que como rival só tinha o verde garrafa e às vezes o castanho escuro.

 

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Já na intimidade da aldeia, um cruzeiro, alguns tanques/bebedoros, fontes públicas com ou sem tanques  e umas ruinas da antiga capela onde mantem quase intacto o vão de entrada da porta principal em arco.

 

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No núcleo da aldeia, ou seja na aldeia antiga mantem-se a integridade do seu casario, embora quase todo abandonado e muitos em ruinas ou em mau estado de conservação. Exceção para algumas recuperações que foram mantendo a traça original. As novas construções aparecem na periferia da aldeia junto aos acessos à aldeia antiga. Pelo que se disse já se percebe que a aldeia esta fortemente despovoada, apenas alguns resistentes com alguma habitações de ocupação temporária. Aliás na nossa passagem pela aldeia antiga vimos apenas uma pessoa.

 

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Em redor da aldeia, terras da Chã, ou seja do planalto, o verde vai-se impondo, sobretudo em pastagens e alguma, pouca, floresta autóctone. Culturas, só as próprias das terras altas,  embora, como um pouco por todo o Barroso, água não falta.

 

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Como conclusão, foi uma das aldeias que, como já atrás dissemos, nos surpreendeu pelo conjunto da aldeia antiga. Gostámos do casario típico barroso (Alto Barroso) e embora lamentando o despovoamento e o abandono das casas, é uma aldeia interessante à qual recomendamos uma visita para quem gosta da ruralidade genuína barrosã.

 

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E para terminar as habituais referências e links para anteriores abordagens a localidades e temas do Barroso.

 

Bibliografia

Fontes, António Lourenço – “Etnografia Transmontana – I Crenças e Tradições de Barroso”, Montalegre, 1977 – Edição de Autor.

 

Sítios na WEB

http://www.cm-montalegre.pt/

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

Castanheira da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-castanheira-1526991

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

 

 

24
Abr17

O Barroso aqui tão perto - Castanheira da Chã


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montalegre (549)

 

Vamos então até mais uma aldeia do Barroso, do concelho de Montalegre, da Chã, mais propriamente até Castanheira ou Castanheira da Chã para não haver dúvidas ou confusões com outras localidades com o mesmo topónimo.

 

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Vamos desde já à sua localização que ao ser uma das aldeias da Chã, está mais que localizada, sendo mesmo uma terra da chã, do chão do planalto barrosão todo ele a rondar os 1000 metros de altitude, de terra coberta de verde e aparentemente fértil onde os terrenos de cultivo vão alternando com pastagens e algumas manchas de arvoredo característico das terras altas (carvalho, castanheiro…).

 

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Mas sejamos mais precisos. É mais uma aldeia das proximidades da Estrada Nacional 103, a 800 metros e também próxima da Barragem do Alto Rabagão (Pisões) com o ponto mais próximo a cerca de 1500m. A cerca de 5 300 metros da Vila de Montalegre, em linha reta pois por estrada é mais um pouco e, como não poderia deixar de ser, pertence à freguesia da Chã. Quanto a coordenadas  temos 41º 46’ 19.12” N e 7º 48’ 27.21 O, mas como sempre fica o nosso habitual mapa para uma melhor localização.

 

mapa-castanheira.jpg

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Quanto ao casario há um pouco de tudo, construções tradicionais barrosãs de granito à vista (que outrora tiveram colmo nos telhados), novas construções, construções abandonadas/degradadas e algumas também antigas que aparentemente foram grandes casas agrícolas em perpianho de granito.

 

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No livro Montalegre, de José Dias Baptista encontrámos o seguinte:

 

Riqueza paisagística

É absolutamente única e lamenta–se que há milhares de pessoas que nos visitam e não tomam conhecimento destas riquezas ! Locais a visitar:

- Margem esquerda do Alto Cávado ( entre S. Pedro e Paradela) – o carvalhal espontâneo;

- O Ourigo (entre Castanheira, Montalegre e Cambezes ) – mancha de folhosas exóticas;

 

1600-castanheira (30)

 

A respeito do Ourigo, na rede dos percursos pedestres de Motalegre existe  o Trilho do Ourigo (PR 2 – MTR) que tem como um dos pontos de passagem a nossa aldeia de hoje – Castanheira da Chã. Daí, não resistimos e fomos ao panfleto deste trilho à disposição no  Ecomuseu do Barroso retirar alguma  informação, bem interessante no que respeita à fauna e flora da região. Informação  que passamos a transcrever:

 

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Descrição do Percurso

O trilho do Ourigo é um percurso de pequena rota (PR). Tem 23 quilómetros de extensão, de forma circular, de nível médio/alto, com início e fim em Montalegre. Passa por diversos pontos de interesse, entre os quais caminhos antigos dos pastores e por núcleos rurais de Torgueda, Castanheira e Cambeses. Este percurso faz-nos atravessar paisagens verdejantes, áreas de carvalhal, manchas de arvoredo autóctone e campos de cultura.

 

1600-castanheira (3)

 

Ficha Técnica

Partida e chegada: Ecomuseu de Barroso em Montalegre

Âmbito: Cultural, ambiental e paisagístico

Tipo de percurso: PR pequena rota / Circular

Distância a percorrer: 23 km

Duração do percurso: Cerca de 8 h Grau de dificuldade: médio/alto

Desníveis: mediamente acentuados, com um grande ascendente

Altitude máxima: 1190 m

Altitude mínima: 920 m

Época aconselhada: todo o ano

 

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Património natural

Este percurso é maioritariamente florestal, atravessando manchas de carvalhal autóctone (com exemplares de azevinho e lamagueira), e extensas zonas de bosque plantados em meados do séc. XX. Neste espaço predominam as árvores exóticas, resinosas (pinheiro e cedros) e folhosas (carvalho-americano e vidoeiro). Aqui podemos encontrar aves florestais como o açor, o gavião, o pica-pau, uma enorme diversidade de pássaros e mamíferos, como o corço, o lobo, a geneta e o esquilo. Também ocorrem grandes manchas de mato alto e rasteiro, resultantes da degradação das florestas, devido ao fogo e aproveitamento de madeira. As zonas de mato são dominadas pelas giestas, tojo, queiró, urzes e carquejas onde habitam várias espécies de répteis, como o sardão e cobra-rateira, assim como de aves de rapina que deles se alimentam, como é o caso da águia-deasa-redonda e a águia-cobreira.

 

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Geologia

Deste percurso temos vários contactos geológicos. Com saída da vila é possível encontrar o granito de Montalegre, que é porfiroide, de grão grosseiro e médio. Este tem duas micas, biotite (negra) e a moscovite (branca), no entanto predomina a biotite. Na aldeia de Castanheira encontramos o granito da Vila da Ponte, semelhante ao granito de Montalegre, apresentando este grão médio. Ao passar em Cambeses do Rio podemos encontrar xistos pelíticos. Ao longo do percurso também podemos ver pegmatitos, com quartzo, feldspatos, moscovite e turmalina. É ainda importante que todos os interessados pela geologia da região se encontrem atentos às alternâncias entre o xisto e o granito durante todo o percurso, onde é possível visualizar alguns contactos.

 

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E como nas nossas pesquisas não encontrámos mais informação sobre a aldeia de Castanheira da Chã, vamos dando por finalizado o nosso post, mas ainda com tempo para deixar aqui aquilo que retivemos sobre esta aldeia.  A paisagem envolvente da aldeia é digna de realce. Muito verde e as tais manchas de arvoredo autóctone fazem o conjunto da composição agradável de ver e de registar em fotografia. Os caminhos de terra que se vão desenhando ao longo desse verde dão vontade de ser percorridos.

 

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Quanto ao casario, há pormenores que nos agradaram, mais que o conjunto que, como já dissemos atrás, é uma mistura de vários tipos de construção. Falta-lhe a harmonia do conjunto de algumas aldeias que conhecemos no barroso,  mas mesmo assim não é desinteressante, principalmente quando as ruas da aldeia são compostas com gente e animais na sua lide diária, a nosso ver o património mais valioso das aldeias barrosãs, pois sem vida, não há aldeias e na Chã, que embora também sofra desse mal do despovoamento e envelhecimento da população que ataca todas as aldeias da região, nota-se ainda ter vida quer nas ruas, quer na envolvência da aldeia, vida essa  bem espelhada na forma e na cor dos campos.

 

1600-castanheira-28-29

 

Para finalizar ficam as habituais referências às nossas consultas e os links das anteriores abordagens às aldeias e temas do Barroso.

 

Bibliografia

“Montalegre” de José Dias Baptista, edição do Município de Montalegre, 2006

 

Sítios na WEB

http://www.cm-montalegre.pt/

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Ladrugães - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ladrugaes-1520004

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

23
Abr17

O Barroso aqui tão perto


1600-castanheira-28-29

 

No último domingo como se celebrava a Páscoa, não tivemos tempo de ir até ao Barroso, hoje, sem desculpas da Páscoa ou qualquer outra, também não tivemos tempo de concluir o post, mas amanhã, cá estará mais uma aldeia do concelho de Montalegre. Fica prometido. Para já, fica uma imagem dessa aldeia, ou melhor, daquilo que existe à volta dela.

09
Abr17

O Barroso aqui tão perto... Ladrugães


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Em finais de julho do ano passado lá arrancámos nós mais uma vez em direção ao Barroso de Montalegre para recolha de imagens de mais algumas aldeias. Geralmente tentamos aproveitar o sol da manhã, quando o há, mas mesmo com sol encoberto, aproveitamos a luz.

 

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Quando o sol está a pique, batemos em retirada com destino a um local próximo onde se possa confortar o estomago, coisa que no Barroso não é tarefa complicada, antes pelo contrário, às vezes só se torna complicado escolher o local, pois quanto ao resto, já sabemos que vamos gostar.

 

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Tal como na fotografia onde não devemos andar com pressas, onde devemos deixar que o vagar nos sugira alguns cliques ou nos leve ao encontro deles, também à mesa tomamos o nosso vagar, mas mesmo com os vagares da fotografia há que repor forças e de verão, há que deixar que o sol amanse. Assim, só levantamos da mesa quando achamos que está na hora de ir rumando a casa, mas parando nas aldeias por onde passamos para mais uns cliques de recolha de imagens.

 

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Pois à nossa aldeia de hoje, Ladrugães,  já chegámos lá pelo meio da tarde. É uma aldeia cuja aproximação se faz de um modo agradável. Antes de entrar na sua intimidade deixa-se ver no seu conjunto, arrumadinha e juntinha, pelo menos aparentemente, tal como é aparente ser uma aldeia com muita construção nova e/ou novas reconstruções, senão recentes, são pelo menos do último quartel do século passado, o que, em geral, significa ser aldeia com muitos emigrantes. Talvez seja o caso, mas não temos dados para afirmar com certeza. 

 

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Depois de entrarmos na aldeia constatamos aquilo que ela mostra à distância, há de facto muita construção nova, com novos materiais, os que agora comummente se usam,  bem longe da singeleza das antigas construções de pedra de granito à vista, onde a madeira e às vezes o ferro lhes faziam companhia. Em suma, uma aldeia que mantém a sua estrutura típica de aldeia na maneira como se arruma, mas que perdeu a beleza do conjunto das construções típicas transmontanas e barrosas, principalmente daquelas que ainda mantêm o testemunho do murete de amparo às coberturas de colmo, embora hoje sem ele.

 

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Na intimidade da aldeia, quanto a pessoas, vai sendo aquilo a que já nos vamos habituando, pouca gente, aliás, que recorde, apenas vimos duas pessoas, ambas representadas na nossa recolha fotográfica. Certo que o dia estava quente e na rua, só mesmo à sombra é que se estava bem. O fresco das casas pela certa que era mais convidativo, e alguns ainda estariam na sesta que os dias quentes convidam a prolongar. Mas há por Ladrugães sinais de despovoamento e de ausência de gente jovem e crianças, pelo menos as suficientes para manter a escola a funcionar, pois hoje Casa do Povo.

 

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Com menos ou mais gente, há ainda a suficiente para cultivar os campos que rodeiam a aldeia, e dá gosto vê-los cultivados com o verde a alegrar a paisagem ou o amarelo a pedir colheita e pelo testemunho da quantidade de canastros, a terra parece ser generosa, aliás o Barroso que se vive em Ladrugães já é bem diferente do Alto Barroso, e o verde dos campos está lá para o provar, mesmo estando-se ainda em terras altas, com olhares lançados para a Serra do Barroso e bem perto, do lado oposto, aspereza das alturas da Serra do Gerês.

 

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A aldeia de Ladrugães implanta-se entre os 760 e os 860 metros de altura, encostada à montanha na vertente da margem direita do Rio Rabagão. Não muito distante, na outra margem do Rio Rabagão e quase em frente, ergue-se a Serra do Barroso com o seu cartão de visita – os cornos do Barroso – bem visíveis e a jeito da fotografia.

 

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Dentro da aldeia gostámos de ver algumas coisas que por lá existem. As latadas por cima das ruas dão sempre um certo encanto às aldeias. Os canastros são sempre agradáveis de ver na paisagem das aldeias, as alminhas também marcam presença no centro da aldeia seguindo as características de outras alminhas localizadas em circunstâncias idênticas, ou seja, incorporadas nas paredes ou muros das casas, esta de Ladrugães, com a particularidade de estar localizada nas traseiras de uma fonte/tanque/bebedouro, de frente para que se serve da água.

 

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Apreciámos como sempre  o casario típico, em Ladrugães apenas aquele  que resistiu à modernidade e a novas intervenções, mas o que existe não deixa de ser interessante. E por último a igreja, não muito grande, mas também não é muito pequena, de linhas simples, com o seu alçado principal também muito simples encimada por uma  torre sineira também simples, de um único sino, por baixo da qual foi colocado um relógio, idêntico e comum ao de outras igrejas trasmontanas. Ao contrário do que é mais comum, esta igreja na se encontra no centro da aldeia, mas sim na periferia da aldeia, em frente ao cemitério.

 

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Ao longo deste post já fomos dando uns palpites quanto à localização da nossa aldeia de hoje, mas sejamos mais precisos. Comecemos pelas coordenadas:

41º  43’  03.96” N   e 7º 55’  07.30” O

Ou seja, localizada entre as barragens dos Pisões (a 5,4 Km), de Paradela (a 5,6 Km)  e da Venda Nova (a 2,3 Km). As distâncias indicadas são em linha reta, pois por estrada aumentam ligeiramente, principalmente a distância até à barragem de paradela que por estrada passará a ser de 8 km, no mínimo, dependendo da estrada que se tome.  E se há barragens, há rios, localizando-se Ladrugães entre Rio Cávado na sua margem esquerda  e o Rio Rabagão, bem mais próximo, na sua margem direita. Tudo isto é só por uma questão de localização, pois nenhuma das barragens ou rios tem influência direta sobre a aldeia. Quanto às aldeias mais próximas,  temos a um lado Reigoso ( a 1,5 Km) e Vila da Ponte (a 2 Km) do outro lado, com a Estrada Nacional 103 a 1.700 m.

 

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Ladrugães pertence à freguesia de Reigoso, concelho de Montalegre, freguesia que nos últimos Censos (2011)  tinha 171 pessoas como população presente, ou seja o costume, aldeias cada vez mais despovoadas e envelhecidas sem quaisquer politicas que contrariem esta tendência.

 

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Já deixámos as nossas impressões pessoais sobre Ladrugães, já localizámos a aldeia estaria na hora de falar um pouco da sua história, dos seus ilustres e de outras coisas de interesse. Infelizmente essa parte não depende de nós, mas sim daquilo que existe em documentos sobre a aldeia, daquilo que está escrito sobre ela e encontrar esses documentos e informação, se existir. Tentei tudo, como sempre, mas desta vez, ou mais uma vez pouco encontrei, a não ser a referência a um castro. Já é alguma coisa.

 

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Mais ou menos entre Ladrugães e Vila da Ponte, ligeiramente mais a norte de ambas as aldeias, está referenciado um castro – o Castro do Valongo que assenta num pequeno esporão. Este morro assume uma forma quase piramidal e está ladeado pelo corgo do Valongo. Castro do Valongo que, como a grande maioria, nele só foram encontrados alguns vestígios, como a existência de vários fragmentos de cerâmica e escoria de fundição.

 

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E na ausência de mais informação, vamos ficar por aqui, com referências às nossas consultas e os habituais links para posts anteriores sobre o Barroso.

 

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Bibliografia

 

Costa, José - Povoamento e organização do território na Proto-História entre as Serras do Gerês, do Barroso e da Cabreira: o caso do Baixo Rabagão - Seminário de Projecto em Arqueologia  - Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Porto, 2006

 

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Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Sezelhe - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sezelhe-1514548

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

26
Mar17

O Barroso aqui tão perto... Sezelhe


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Hoje em “O Barroso aqui tão perto” tocou a sorte a Sezelhe ou Seselhe, não sabemos bem, pois o topónimo da aldeia aparece grafada de ambas as formas e embora o mais comum seja Sezelhe com z, no sítio da freguesia e no livro Montalegre aparece o seguinte: “Os documentos conhecidos não autorizam a grafia deste topónimo com z como por aí se vê escrever”.

 

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Mas antes de irmos mais a fundo a esta coisa do Z ou S de Sez(s)elhe, façamos uma breve abordagem pessoal à aldeia ou redondezas, pois uma coisa é passar na estrada com a aldeia ao lado ou estar na albufeira com a aldeia lá em cima e outra coisa é entrar na sua intimidade.

 

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Pois passar na estrada ou usufruir do parque de lazer da albufeira, já há muitos anos que o fazemos, penso que a primeira vez que fui por aqueles lados foi em meados dos anos setenta, à procura de uma nascente que prometiam curar os “cravos” que uma das minhas primas montalegrenses  tinha nos dedos. Fiquei sem saber se a nascente era assim tão milagrosa, mas a verdade é que deu para nunca esquecer o local.

 

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Pois sejamos sinceros, passei à beirinha de Sezelhe muitas vezes mas os nossos destinos nunca permitiram que entrasse na aldeia, isto aconteceu até dezembro passado em que um dos destinos era mesmo entrar em Sezelhe, conhecer a aldeia, trocar uma palavras com os residentes (cada vez mais difícil porque cada vez são mais difíceis de encontrar) e fazer a recolha fotográfica para este post.

 

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E com Sezelhe aconteceu o que vai acontecendo com outras aldeias que lhe vamos passando ao lado sem entrar nelas. Uma coisa é deitar-lhes um olhar ligeiro desde a estrada ou vê-las ao longe, e outra coisa é a sua intimidade, e se às vezes a aldeia ao longe promete para quando entramos nela encontrarmos outra realidade, outras vezes ao longe quase nem damos por ela e quando lá chegamos a aldeia surpreende-nos a cada passo que adentramos nela. Pois Sezelhe surpreendeu-nos pela positiva na sua integridade física de aldeia barrosã.

 

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Pessoalmente destaco o cruzeiro integrado num bebedouro no centro da aldeia, a igreja, as alminhas/rochedo na entrada da aldeia, o conjunto do casario típico transmontano/barrosão e os canastros, isto na aldeia. Desde a aldeia, sem dúvida alguma que destaco as vistas sobre o conjunto da veiga do Cávado a terminar na vila de Montalegre com o Larouco de fundo, embora ao lado. Nota positiva para a aldeia, mas com um lamento, o lamento do costume de as aldeias estarem sem vida humana que lhes alegre as ruas, as esquinas, as casas, os largos e tudo que têm de bom.  

 

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E agora regressemos à questão do S ou Z de Sez(s)elhe. Pois quanto a esta de Sezelhe com z ou Seselhe com s, desde já para não estar sempre a escrever o topónimo da aldeia de ambas as formas, passaremos a grafar o topónimo com z, pois é o mais comum.

 

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Mas antes vamos ao que se diz a respeito de Sezelhe, aldeia e ex-freguesia autónoma, agora pertencente à União de Freguesias de Sezelhe e Covelães, no sítio oficial Município de Montalegre na WEB (os sublinhados são meus):   

 

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“ União das Freguesias de Seselhe e Covelães

 

Ambos os lugares desta freguesia foram sede de freguesia, porém anexas a Santa Maria de Montalegre. Todos os edifícios de ambas as localidades estão construídos entre os novecentos e os mil metros de atitude. Como o resto do concelho são terras de produção agro-pecuária, de largos montes de caça e de boas manchas de arvoredo para madeira e lenhas. Os documentos conhecidos não autorizam a grafia deste topónimo com z como por aí se vê escrever. (…)

 

  • Área: 22.8 km2
  • Densidade Populacional:1 hab/km2
  • População Presente:254
  • Orago:Santo André(Sezelhe), Santa Maria(Covelães)
  • Pontos Turísticos:Torre do Boi (Travassos), Barragem do Alto-Cávado(Sezelhe), Moinhos, Espigueiros com relógio de sol, Pisão com engenho hidráulico (Paredes) e Relógio de Sol (Covelães),  .
  • Lugares da Freguesia(4):Travassos, Seselhe, Covelães e Paredes do Rio.
  • Morada:União de Freguesias de Seselhe e Covelães, Rua da Costa do Vale, n.º 2, Travassos do Rio,5470-472 Sezelhe - Montalegre.”

 

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Atenção que os dados que ficam atrás (área, população, etc) são dados da União das Freguesias de Sezelhe e Covelães. Mas voltemos ao topónimo de Sezelhe com Z e Seselhe com S, se repararem nos sublinhados, no primeiro diz que os documentos conhecidos não autorizam a grafia com z, mas logo da primeira vez que a seguir a aldeia é referida, onde diz  “Orago: Santo André (Sezelhe)” a aldeia é grafada com o tal z não autorizado. Como costuma dizer o povo “ foge a boca para a verdade”, neste caso a escrita. Isto pode parecer um preciosismo meu, pois tanto nos faz que seja com S ou com Z, mas uma vez que na apresentação oficial da aldeia no sítio oficial do concelho na WEB e no livro (monografia) de Montalegre também se defende o S, penso eu que em tudo que é informação escrita e na página oficial do Município de Montalegre, deveria aparecer grafada com S, no entanto que por lá predomina é o Z, basta fazer uma pesquisa dentro da página ou no que consta nos mapas turísticos do concelho, e o Z é rei e senhor para SeZelhe.

 

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O mesmo acontece no livro Montalegre, onde por exemplo na pág. 48 aparece “Vila da Ponte, Negrões, Meixedo, Sabuzedo, Santa Marinha, Santo André, Penedones, Antigo de Serraquinhos, Sezelhe, Travasços do Rio, Vila da Ponte, Bustelo e Parafita!” e a seguir na pág. 145 aparece: “Os documentos conhecidos não autorizam a grafia deste topónimo com z como por aí se vê escrever.” Resumindo, como costuma dizer o povo “A letra não condiz com a careta”.

 

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E quanto à localização de Sezelhe, o que temos a dizer? – Pois é simples, já atrás dissemos que fica no vale do Rio Cávado, na sua margem direita, a jusante do Cávado/Montalegre, junto a uma das seis albufeiras de Montalegre, a do Alto Cávado, ou Sezelhe, na única estrada  (M308) que sai de Montalegre ao longo do Cávado, a aproximadamente 7 km a poente da Vila de Montalegre. Mas para ser mais exato aqui ficam as coordenadas seguida da nosso habitual localização no nosso mapa:

 Coordenadas GPS
  - DD.DDDDDº:  41.81149º  -7.874487º
  - DDº MM.MMM':  N 41° 48.689'  W 7° 52.469'
  - DDº MM' SS":  N 41° 48' 41"  W 7° 52' 28"

 

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Nos registos paroquiais portugueses para a genealogia, a respeito de Sezelhe,  encontrámos o seguinte:

"1808

HISTÓRIA ADMINISTRATIVA/BIOGRÁFICA/FAMILIAR

Segundo a estatística parochial de 1862, Sezelhe esteve anexa à reitoria de Santa Maria da Vila de Montalegre, sendo da apresentação do reitor desta. 

Uma vez reitoria independente, esteve-lhe anexa a freguesia de São Martinho de Travancas do Rio. 

Freguesia do concelho de Montalegre composta pelos lugares de Sezelhe e Travassos. 

A paróquia de Sezelhe pertence ao arciprestado de Montalegre e à diocese de Vila Real, desde 22 de Abril de 1922. O seu orago é Santo André."

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Num outro sítio da WEB, e respeitante à igreja da aldeia, encontrámos o seguinte:

“Este Templo religioso é o mais representativo elemento da aldeia. De planta longitudinal e de uma única nave rectangular com a torre sineira encimada do portal. Ao contrário dos outros Templos das aldeias vizinhas, este sofreu uma restauração.

E como esta aldeia não foge à regra, também sofre de quase abandono, com os seus poucos habitantes, sendo escassa a passagem de visitantes, mesmo estando situada no Parque Nacional Peneda-Gerês.

Situados no lado sul da Igreja de Sezelhe, cada um foi totalmente esculpido num único bloco de granito, apresentando um formato antropomórfico.

Medem um metro e setenta e cinco e um metro e oitenta centímetros, respectivamente, estando um deles fracturado nos pés enquanto o outro está intacto.”

 

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Também na WEB encontrámos em notícias várias referência a um achado arqueológico que reproduzimos a seguir, contudo não encontrámos quaisquer referência as conclusões ou importância dos achados e se as escavações foram ou não concluídas. Mas fica a notícia datada de 3.jul.2016:

 

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“Uma equipa de arqueólogos, chefiada pela barrosã Carla Cascais, acredita que estamos perante um achado arqueológico romano na aldeia de Sezelhe, concelho de Montalegre. Os indícios, descritos ao longo do tempo pelo povo, despertaram uma curiosidade agora confirmada. O próximo passo, garante a autarquia, é estudar o melhor caminho que preserve este «documento expressivo da história do concelho».

Um terreno particular agrícola da aldeia de Sezelhe, concelho de Montalegre, escondia até há poucos dias um conjunto de vestígios romanos. O povo há muito que dizia que no lugar da “horta do padre” havia mais que terra. De quando em vez, apareciam telhas diferentes. O coro de vozes subiu de tom até chegar à Câmara de Montalegre. Esta contratou uma equipa de arqueólogos, liderada por Carla Cascais, para tirar a poeira à dúvida. Bastou um primeiro contacto, confessa a arqueóloga: «Não me surpreendeu o que encontrei, porque na primeira vez vi logo que havia aqui alguma coisa que indiciava vestígios. Agora concluímos que é verdade. O próprio caminho que está junto do terreno indicia ligações com outros sítios similares, ou até maiores, como é exemplo o castro de Frades».

A cronologia arqueológica aponta para o tempo romano, explica Carla Cascais: «Logo que fiz a primeira visita ao local, confirmei que se tratavam de telhas romanas. Resolvemos fazer uma sondagem de avaliação. O facto é que os vestígios estão cá. Aparecem estruturas, alguns pisos e muros». Uma doce constatação que empolga o trabalho. Todavia, a bola está do lado de quem decide: «O próximo passo não depende de mim. Vamos ver se a autarquia pretende que se invista um pouco mais. Quando falo em investir, falo em conhecimento. A ver se podemos alargar esta escavação para tentar perceber o que realmente aqui temos».”

 

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Nas nossas pesquisas encontrámos também a referência a alojamentos em Turismo Rural, duas casas dedicadas a esse fim: A Casa Entre-Palheiros e a Casa do Canastro. Fica apenas a referência, pois os mencionado alojamentos escaparam às nossas objetivas.

 

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E para finalizar descobrimos um Ilustre Transmontano de Sezelhe, António Dias Vieira, com a referência a um livro que publico intitulado "Histórias da Breca". Trata-se da sua mais recente publicação, um conjunto de contos de humor, a maioria relacionados com a região e as vivências passadas. António Dias Vieira que consta também no Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses, de Barroso da Fonte,  com o seguinte texto:

 

“casado com Berta de Castro Pinto Dias Vieira, tem uma filha Ana Judite. Filho de Paulino Ernesto Fernandes Vieira e Ana Amélia Dias. Nasceu em Sezelhe Montalegre em 5 de Abril de 1944. Frequentou o seminário de Vila Real, onde concluiu o 8.° ano. Incorporado na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, a 11 de Janeiro de 1996, ingressou como tenente na Guarda Nacional Republicana em 16 de Novembro de 1970. Comandou a Secção da GNR de Miranda do Douro de 20 de Janeiro de 1971 a 11 de Março de 1973. Chamado para o curso de Capitães embarcou para a Guiné. em 4 de Maio de 1974. onde lhe foi entregue o Comando da 3.a Companhia do Batalhão de Artilharia n.° 6523/73. Regressado da Guiné reingressou na GNR, em 4 de Dezembro de 1974. Comandou a Companhia de Santa Bárbara, a de Bragança desde 4 de Abril de 1975 a 31 de Março de 1979, a de Vila Real de 1 de Abril de 1979 a 30 de Junho de 1992. No ano lecti, o de 1987/88 frequentou no Instituto de Altos Estudos Militares o Curso para Oficiais Superior, sendo Promovido a Major em 1 de Julho de 1988 e a Tenente Coronel a 1 de Julho de 1992. Como Tenente Coronel chefiou, durante 1 ano, a Secção de Operações. Informações e Instrução da Brigada Territorial n.° 2 em Lisboa: comandou durante pouco mais de um ano o Agrupamento de Bela Vista no Porto: instalou o Agrupamento de Penafiel que Comandou até 4 de Fevereiro de 1996. Desde 5 de Fevereiro do mesmo ano exerce as funções de Segundo Comandante da Brigada Territorial n.º 4 da Guarda Nacional Republicana. no Porto. No campo militar foi louvado 4 vezes pelo General Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana e uma vez pelo Comandante de Brigada Territorial. Condecorado com a medalha de Assiduidade de Segurança Pública; Medalha de mérito de Segurança e Medalha de Comportamento Exemplar, grau prata. No campo literário tem colaborado em vários jornais regionais. Ganhou o primeiro prémio nos Jogos Florais de Chaves em 1970 em Reportagem Regionalista, com o trabalho "A CHEGA" e o 2.° prémio nos Jogos Florais de Chaves, em 1971 em Estudo com o trabalho "Miranda Cidade histórica". Tem vários contos publicados em jornais regionais, um estudo sobre a Cabra Selvagem do Gerez e outro sobre Os Foragidos Espanhóis da Guerra Civil em Trás os Montes que mereceu do Adido Militar da Embaixada de Espanha, Tenente Coronel Pedro Ruiz Del Castilho Y Navascues o seguinte comentário: "Exmo. Sr. Tem Coronel Inf.a A.F Dias Vieira Meu caro e respeitado T. Cor: Leio no n.°3 da Revista da GNR o seu interessante artigo "A GNR e os foragido Espanhóis da Guerra Civil em Trás os Montes", e é com muita satisfação que o felicito pelo seu conteúdo e a forma de encarar e demonstrar a realidade histórica". No campo social é sócio fundador do Lions Clube de Vila Real de que foi presidente, por três vezes, tendo lhe sido atribuída, em dois anos consecutivos, a medalha de Presidente 100%. Foi ainda Presidente de Divisão do Distrito de Lion 115, durante dois anos tendo lhe sido atribuídas as medalhas de Zone Chairman e Key Member. É sócio fundador da Casa do Concelho de Montalegre, em Lisboa e fundador da Associação de Antigos Alunos do Seminário de Vila Real. É o l.° Presidente eleito da Direcção. Em 1992, foi lhe concedida a medalha de prata do Município, pela Câmara Municipal de Montalegre.”

 

1600-sezelhe (13)

 

E ficamos por aqui com as habituais referências às nossas consultas e links para as anteriores abordagens ao Barroso de Montalegre.

 

 

Sitíos na WEB

 

http://www.cm-montalegre.pt/

http://tombo.pt/f/mtr30

https://www.visitarportugal.pt/distritos/d-vila-real/c-montalegre/sezelhe

http://diarioatual.com/montalegre-achado-romano-em-sezelhe/

 

Bibliografia

 

“Montalegre” de José Dias Baptista, edição do Município de Montalegre, 2006

 

Links para anteriores abordagens ao Barroso:

 

A Água - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-a-agua-1371257

Amial - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ameal-1484516

Amiar - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-amiar-1395724

Bagulhão - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bagulhao-1469670

Bustelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-bustelo-1505379

Cepeda - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cepeda-1406958

Cervos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cervos-1473196

Cortiço - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-1490249

Corva - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-corva-1499531

Donões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-donoes-1446125

Fervidelas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fervidelas-1429294

Fiães do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-fiaes-do-1432619

Fírvidas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-firvidas-1466833

Frades do Rio - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-frades-do-1440288

Gralhas - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-gralhas-1374100

Lapela   - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-lapela-1435209

Meixedo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixedo-1377262

Meixide - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-meixide-1496229

Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-negroes-1511302

O colorido selvagem da primavera http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-o-colorido-1390557

Olhando para e desde o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-olhando-1426886

Padornelos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padornelos-1381152

Padroso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-padroso-1384428

Paio Afonso - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paio-afonso-1451464

Parafita: http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-parafita-1443308

Paredes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-paredes-1448799

Pedrário - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pedrario-1398344

Pomar da Rainha - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-pomar-da-1415405

Ponteira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-ponteira-1481696

Roteiro para um dia de visita – 1ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104214

Roteiro para um dia de visita – 2ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1104590

Roteiro para um dia de visita – 3ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105061

Roteiro para um dia de visita – 4ª paragem - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105355

Roteiro para um dia de visita – 5ª paragem, ou não! - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-roteiro-1105510

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Tabuadela - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-tabuadela-1424376

Telhado - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-telhado-1403979

Travassos da Chã - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-travassos-1418417

Um olhar sobre o Larouco - http://chaves.blogs.sapo.pt/2016/06/19/

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Arcos - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1508489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

São Ane - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-ane-1461677

São Pedro - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sao-pedro-1411974

Sendim -  http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sendim-1387765

Solveira - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

Stº André - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-sto-andre-1368302

Vilaça - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilaca-1493232

Vilar de Perdizes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1360900

Vilar de Perdizes /Padre Fontes - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilar-de-1358489

Vilarinho de Negrões - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-vilarinho-1393643

Xertelo - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-xertelo-1458784

Zebral - http://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-zebral-1503453

 

 

 

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