“PIROLITO e BOLAS-DE-UNTO!”
*A Democracia não pode ser
a arte do mal menor,
só pode ser
a arte do melhor possível*.
- Claude Julien
O voto é o grande pirolito que dá ao «Zé Pagode» a ilusão de estar associado ao poder.
A trupe de governantes eleitos bem aldraba os governados, atirando-lhes com a «complexidade técnica» das suas opções ditas políticas.
Os deputados-membros da Assembleia da República, os membros (abusiva e pedantemente auto-intitulados «deputados») das Assembleias Municipais e os membros das Assembleias de Freguesia (de caminho também serão titulados «deputados freguesiais») apenas servem, e têm servido, para salvaguardar a fachada democrática: fazem que fazem que debatem competindo entre si a ver qual deles consegue a melhor piada, e, no final, deixam pra lá ou apoiam as politiquices dos governantes e governadores.
A frase que faz rir tem mais alcance do que aquela que compromete!
A preocupação dos candidatos está em exacerbar as paixões dominantes em vez de esclarecer a opinião.
Os padrões morais da «nossa» democracia são demasiados baixos.
Como lembra Freud, as multidões jamais têm sede da verdade: procuram ilusões às quais não são capazes de renunciar.
Os portugueses continuam a contentar-se serem cidadãos apenas nos dias de Eleições. Nesse entretempo, rendem-se à condição de trabalhadores, de consumidores e de pagadores de impostos.
“Os tugaleses” (Ai! E os «tugas» e «tugazinhos»! Ai, os flavienses!) contentam-se com o boletim de voto e o direito à greve! Contentam-se com pouco! Não dão conta que a sua liberdade é, e está, afinal, apertadíssima pela, cada vez maior, burocracia!
Uns, «Zé Pagode», e outros, governantes, enchem a boca de futuro, mas abarrotam o toutiço com desejos, preocupações e anseios imediatos!
É grande a incapacidade de uns e outros verem mais longe do que a oportunidade a que deitar a mão e meter p’rò saco!
“A Democracia entra em decadência no espírito dos cidadãos quando estes vêem na competição eleitoral não um meio de preparar o mundo que consideram melhor, mas o meio de evitar o que eles julgam pior”.
“A democracia entra em decadência quando o único poder reconhecido é o de depositar, de quatro em quatro anos, um boletim numa urna”.
Que adianta votar?
Os «lobbies» decidem por nós!
Nós, eleitores, somos apenas um número, um código!
O Estado serve apenas para criar, aumentar e manter os privilégios de moinantes, cretinos e parasitas e fazerem estes passar por elites!
As eleições são divertimentos pré-fabricados para distrair o povoléu.
Por cá, pelo “Jardim das Berlengas”, as Eleições são um desgarrado leilão para cargos públicos, destinados a lucros privados e a despesas públicas!
São um ritual.
Deveriam ser uma escolha!
Os eleitores, na sua maioria, são apenas fiéis servidores de um poder de quem esperam favores, o tal «jeito», o cúmplice «mexer dos cordelinhos»! Mal se dão conta de que elegem desmancha-prazeres!
O rebanho tem medo da reflexão, pois esta determinaria um certo afastamento entre os seus membros e uma exposição da idiotice e da mediocridade de cada um.
O Povo português, a maioria dos portugueses, continua ensopada por preconceitos, superstições e irracionalidade da religião.
Quanto vale um Boletim de voto?
“Numa DEMOCRACIA, o único direito que o Povo reserva é o privilégio ridículo de eleger periodicamente um grupo de amos” – dizia V. Considerant.
Por cá, as campanhas eleitorais são realizadas com pinceladas à «Fest» (escrevo assim porque a modernice pimbeira proibiu e excomungou a palavra portuguesa «Festival»), à «Woodstock” ou à «Isle of Wight» (bem, com um cheiretezinho do «Fest» de «Vilar de Mouros!,…); os candidatos, em vez de convencerem os eleitores explicando os temas dos seus programas, preocupam-se em deslumbrá-los com pantomina, cantilenas e fantasias. E entremeiam todo esse espalhafato com promessas ridículas e falsas, e outras jaculatórias políticas!
Nos comícios, nas passeatas, nas mesas redondas, ovais ou poliédricas, não se discutem ideias nem projectos: - discutem-se bandeiras e propaganda!
A democracia terá o seu fato de cerimónia no corte e na fazenda como são feitas as campanhas eleitorais?!
Tendo por bem também entender-se a democracia em assíduo diálogo entre eleitores e candidatos e eleitores e eleitos, a que conversa se assiste, por cá, entre uns e outros?
Os candidatos, cobertos com o chapéu da virtude, visitam Aldeias e freguesias; creches, escolas e refúgios sociais, passeiam pelas feiras e entram em tabernas certificadas - mas só lhes toca o coração as vezes que emprenham pelos ouvidos!
Coitados! Fazem-me pena!
Imensa pena!
De «bimbos» e cretinos militantes está Portugal cheio!
Andasse, hoje, por aí Platão e mais firmemente ficaria convencido de que os discursos, as decisões e acções dos nossos políticos - e dos que fazem há-de conta sê-lo!... - são «movimentos de títeres accionados por mão invisível oculta nos bastidores» [Numa Democracia autêntica, a diferença entre o poder político e o poder económico (e financeiro) terá de ser nítida e evidente. A aldrabada «sempre jovem» democracia portuguesa está cheia, cheiinha, de rugas de promiscuidade e poucas-vergonhas que, mesmo até, descaradamente faz questão em alardear]!
Ambicionando por uma reputação falsamente importante - «presidentes» da … Junta, da Câmara, ou de comissões; vereadores, chefes de gabinete, vices-de-qualquer-coisa; deputados anónimos ou ignorados; delegados a Convenções ou a Congressos partidários (com o glorioso proveito de uma passeata e de manjedouras de «tit-bits» - para ser mais fino!) - fora desse mundo de sórdida politiquice, viveriam «tristes e sós», pois não saberiam suportar-se mutuamente nem manter a auto-sobrevivência!
E por aí, por CHAVES, medra o culto da adulação!
Na realidade, esses aduladores, que têm levado na bebida e no paleio, engrampado, os flavienses, afinal de contas têm conseguido atingir o seu objectivo de ocupar o Executivo Camarário sem se importarem com os Flavienses!
Está mais que visto que esses pingentes pendurados nas seitas partidárias não têm mesmo nenhuma afeição à Cidade, a CHAVES, aos Flavienses!
Eles têm sido os arquiduques da destruição da NOSSA TERRA, da NOSSA Cidade!
Têm todos muita conversa, mas não têm palavra!
A seriedade das suas apregoadas intenções, dos seus propósitos, das suas promessas, dos seus compromissos, das suas juras, mal apanhados no poleiro, logo se desvanece: foi um ar que lhes deu!
Pudera! Os passos que diziam ir dar são bem maiores do que as pernas que têm!
Só têm gola!
É verdade, sim, senhor, eles ficam sempre a ganhar! Mas a Cidade, CHAVES, os Flavienses estão sempre a perder!
[Um dia destes ainda peço a uma beata e a dois beatos que, numa das missas cantadas da sua maior devoção, entre a elevação da hóstia e do cálice - a maldição fervorosamente implorada neste ocasião nunca deixa de se cumprir - roguem uma valente praga a esses aldrabões, impostores, gosmistas e embaucadores de gente simples, sincera!].
Aquilo que nos simples cidadãos é pecado, nos militantes da política partidária passa a ser um mérito moral.
Os Partidos políticos, raramente democráticos nas suas estruturas internas, constituem mais aparelhos de recolha de votos do que propriamente instrumentos de um diálogo permanente com o público.
Os Partidos políticos estão transformados em tribos de gente medíocre!
Lembrando um autor «gringo» - E. Fromm conclui que “ O homem ordinário com poder extraordinário é o principal perigo para a Humanidade, e não o malvado ou o sádico” - direi que a Democracia «tuga» produz muitas coisas inúteis e, ao mesmo tempo, muita gente inútil!
Já em 1972, outro autor (C. Julien) escrevia: - “As sociedades modernas conseguiram o milagre de aperfeiçoar extraordinariamente os meios de comunicação, e ao mesmo tempo intensificar o anonimato que tornou a comunicação quase impossível”!
Na administração da nossa «Causa Pública» anda demasiada gente que, incompetente para conduzir e realizar a sua própria vida, se arvora competente para governar a vida dos outros; gente que assoma a poderes sobre causas e ministérios que não conhece e para os quais nem para corneteiro ou recoveiro presta!
Os governantes, de cima a baixo, entendem que a sua missão é preocuparem-se com o saldo do Deve e Haver na luta pelos compromissos e interesses partidários e nas suas vantagens pessoais!
Como cegos e supremos egoístas que são nada mais os preocupa senão tratar da sua vidinha!
Exercem o mandato com indecente mediocridade, mas com óptimos resultados para si próprios! Querem lá eles saber que o Futuro seja determinado, construído, com o Presente!...
Não se olham ao espelho: sabem que se o fizessem veriam a cara de um hipócrita e impostor.
A maioria dos «portugas» que tomam e têm tomado assento na política usa a mentira e a falsidade como método e o gamanço como propósito. Elevaram-se a aristocratas da mentira, da manha e da fraude.
A ruindade dessa gente é o seu meio de sobrevivência.
Para essa gentinha gentalha, o cargo público é a grande oportunidade para levar a vida sem canseiras!
As Escolas «Jotinhas» e as «Universidades de Verão» aquilo a que melhor se prestam e que melhor fazem é converter estudantes e «bacharelizados-à-pressa» em «cretinos militantes» - na entrega do diploma, os padrinhos lembram-lhes: “O fanatismo é a única forma de vontade que pode ser incutida nos fracos e nos tímidos”!
A casa dos Partidos políticos «tugas» está transformada numa central de tráfego de favores.
Os Partidos políticos estão a esvaziar-se, já quase vazios, de ideologia; os seus régulos nacionais e regionais vivem para ocupar e manter a gamela que os resultados eleitorais lhes servem!
Mefistofelicamente, no reino da portugalândia, persiste o credo e a crença em que o sucesso, a fortuna, a fama e a riqueza resultam mais da capacidade de engrampar os outros do que pelos benefícios da cooperação e entreajuda.
Os tugaleses, hoje mais que nunca, precisam (olhe-se o panorama e espectáculo que os media diariamente exibem, com as «habilidades» as cumplicidades e a desfaçatez dos mais ilustres, ilustrados e (en)comendados da vida pública, partidária e política; de chefes, chefezinhos; presidentes, presidentezinhos; comandantes, comandantezinhos; deputados, deputadozinhos, deputadinhos; ministros, ministrozinhos, ministrinhos) de líderes verdadeiramente dignos de confiança e de respeito!
Por aí, por CHAVES, é pena que a desbotada cor política - desbotada, sim, porque a cor política da maior parte dos flavienses é mesmo muito pálida, têm-na como se sofressem de icterícia - separe tão levianamente quem reunido devia estar à volta de tantos objectivos e interesses comuns.
Sabemos que os seres humanos tendem para uma predisposição pelas alternativas que não implicam uma ruptura, isto é, estão mais inclinados a perpetuar o «in statu quo ante», a situação de um menor risco psicológico: é o conformismo!
Sair, deixar esta situação é assumir uma responsabilidade, ficar sujeito a críticas e arrependimentos. Então, aparecem as desculpas «esfarrapadas», como: - “Oh! Os políticos são todos iguais!”. E o «Zé Pagode» agarra-se (por preguiça mental, também) a informações e acontecimentos que o confirmam, desinteressando-se das informações e actos que o refutam.
“Marretas”, insistem em decisões anteriores mesmo que provadas como erradas!
Os «tugas» apreciam muito as (más) imitações. Cheios de papo «militarista» (veja-se a paixão assolapada que mostram por uma farda!), quais generais «cabeçudos», protagonistas das mais pesadas derrotas, optam por «estratégias» que lhe trazem sempre maus resultados.
É de assustar a invasão de tanta incompetência e de tanta mediocridade na Administração da Nação Portuguesa.
Não admira que, dentro em pouco, Portugal esteja conquistado e maioritariamente habitado por gosmistas, mendigos e incapazes!
“A primeira razão da servidão voluntária é o hábito” – já, em 1549, avisava Étienne de La Boétie.
Nem tudo se passa na cabina onde o eleitor escolhe uma lista.
A maioria dos portugueses parece estar a viver ainda no tempo, no clima e no contexto do velho Estado Novo, talvez porque à Democracia Portuguesa se diga dela, abusiva e exaustivamente, ser sempre jovem!
A igualdade política ainda nem vai a meio!....
Quem os ouve, aos nossos (ditos) políticos - lá no púlpito do Parlamento; sentados nas cadeiras dos (seus) Gabinetes ou … das mesas das Televisões e das Rádios; ou dos palanques das suas bazófias eleiçoeiras - é levado, cheio de espanto e admiração, a exclamar:
- Que gente de tão nobres ideais!
Cedo ou tarde, as notícias, a justiça, e, ou, ….. as rasteiras que nos são passadas ou as maldades que nos são feitas por essa trupe de melquetrefes, trazem-nos a surpresa de revelações de condutas imorais desses mesmos políticos que nos haviam deslumbrado!
O fundador do Liceu – um tal Aristóteles de Estagira, não concebia a Política afastada da Ética: Na sua “Política”, exigia, aos que exercem as magistraturas superiores, afeição ao regime, grande competência no desempenho das suas funções, sentido de justiça e uma conduta virtuosa. Mal ele imaginava que, vinte e cinco séculos depois, aqui, num palmito de terra da Europa, uma caterva de cretinos resolve criar Universidades a torto e a direito, onde, contrariando-o e afrontando-o, só diplomam e honorificam os seus pupilos quando estes juram solenemente a separação daquelas.
E não é que andam por aí convencidos que vão poder olhar o mundo … a cidade, com os olhos de uma figura de bronze montada num cavalo lusitano ou Clydesdale?!
Só têm gola!
M., treze de Setembro de 2019
Luís Henrique Fernandes, da Granginha