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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

09
Set18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

Uma crónica de felicidade e cautela

 

Da minha janela, imagino Shakespeare a gritar, lá para as três da madrugada ajeitando de esguelha o seu colarinho felpudo tão másculo: - Puto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga um raminho de flores, aquelas que até fazem chorar os paralelepípedos da calçada. Isto acontece-me sempre quando reflito na insipida e rápida vida que temos e o quanto somos tão vulneráveis e impotentes perante ela, ou todas as vezes que recebo notícias que sobreaquecem o coração, algo do género: “Resultado: Colocado”. Então aí, nestes pequenos momentos, não precisamos de mais nada do que ler Shakespeare às escuras ou de tomar um banho de humildade, nunca descorando a sábia frase do meu tio, “vamos todos morrer, não te estejas para aí a gabar”. É verdade tio, é preciso ter cautela.

 

Entrei em Teatro e Artes Performativas, primeiro porque se não for pela Arte ainda fico como toda a gente. Segundo, como sou jovem ainda tenho muita energia para me masturbar de criatividade. Terceiro, para um dia fazer pouco dos meus colegas bem-sucedidos enquanto exponho com toda a criatividade a minha apetência em fazer de Rei Lear enquanto tiro uns finos no Avante. Vida de artista, é o que é.

 

Os meus pais ficaram muito contentes, viram no filho uma vontade exacerbada de nunca mais desejarem outro. “Este chega”, diziam eles e agora percebo o porquê. Há que ter um orgulho naquilo que o filho poderia ter sido. Agora estão na fase de adaptação, parece que têm um chacal em casa a recitar teatros de Bretch. Tenho que entrar no drama e nos recitais agora. Estou tão feliz que parece que vou fazer de Alladin num musical da Broadway.

 

A minha mulher permanece hirta e cheia de dúvidas num futuro próximo. Já lhe chegou aos ouvidos que – dizem –  me meti nisto do teatro e assim porque era a via mais infalível de adormecer nos lábios da madrinha de praxe. Tudo mentira, é claro. Vão dizer isso a ela. Para não dizer que – segundo ela – já era tempo de parar de me coçar e fazer-me à vida.

 

Em suma, é tudo muito divertido isto de ser universitário, eu que tinha uma opinião tão própria acerca dos transeuntes que lá estudavam. Bem, agora é matricular-me o mais rápido possível e começar o bem-bom. Espero é que esse bem-bom não venha com muito álcool, senão já estou a prever o desfecho. Mas como sou um rapaz equilibrado misturo sumo e bebe-se que nem ginja.

 

Estou a brincar, achavam mesmo que imaginava Shakespeare de colarinho felpudo?

 

Herman JC

 

 

 

02
Set18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

Pão e Circo

 

Tudo ou quase tudo o que aprendi, foram os mestres que me ensinaram

 

Estou numa cilada que não desejaria a ninguém. Hoje é sexta e tenho que escrever uma crónica que só vai ser publicada no domingo, falando sobre alguma situação que aconteceu no sábado. Estou num paradoxo temporal: tenho que falar no passado para leitores do futuro sobre algo que é passado para eles, mas futuro para mim. Não sei exatamente se tenho que prever o passado ou lembrar do futuro. É melhor escrever qualquer coisa que seja intemporal. Mas também não quero arriscar na pedofilia perpetrada por padres ou bispos ou sacerdotes ou qualquer tipo de entidade religiosa que tenha como centro das suas taras a vontade de exercer uma santa copulação a crianças que – segundo um sacerdote italiano a uma entrevista ao jornal, à La 7, em 2015 – estão a pedi-las. É engraçado como alguns padres se assemelham a alguns taxistas. Aqueles que têm a opinião que “as leis são como as meninas virgens, são para ser violadas” ou “se estava de mini saia estava a pedi-las”.

 

Com isto tudo já preenchi meia-dúzia de linhas, vomitei algumas ideias e o leitor, neste preciso momento, está a cuspir o dedo indicador e a virar a página. É legítimo. Os mais grosseiros dirão “se não tens nada para dizer, não digas” seguido de um impropério grotesco que o católico tanto repudia, os outros, os poucos que ainda mantêm alguma esperança que venha a dizer alguma coisa que os faça continuar a ler as minhas crónicas, continuam e continuam e é para eles que no fim entrego de borla um nome de um filósofo pré-socrático para que a leitura desta crónica e o tempo que disponibilizaram a lê-la não seja vã ou inútil.

 

É incrível como as palavras desapareceram sem avisar a hora de regresso, e vocês continuam com um invejável entusiamo como se estivessem a ver pornografia às escuras.

 

Já que eu não tenho assim grande coisa para vos oferecer a nível de aforismos, citações ou “bocas” que vos ajude a levar uma vida mais calma, mais serena, feliz e recheada de narcisismo, porque são quase quatro horas da manhã e o sono devia de ser o ópio para a inspiração e não o é, deixo-vos aqui algumas coisas que eu aprendi com inúmeros sábios, desde de Péricles à minha avó. Como estão a ver, tudo de grande qualidade. Cá vai:

 

Não há homem que não elogie a virtude e o esforço dos que morreram. Obrigado, Péricles.

 

Conhece-te a ti mesmo. Obrigado Sócrates.

 

Cada um de vós dará o seu melhor para um país mais justo, para um país mais pobre. Obrigado Sócrates.

 

            As mulheres são como as sardinhas, o avô come-as a todas. Obrigado avô.

 

            A vida é bela se a souberes viver. Obrigado mãe.

 

Não tenho invejo da juventude, mais cedo ou mais tarde morrerão como eu. Obrigado avó.

 

Para trás nem para pegar impulso, seu bosta. Obrigado Professor Clóvis.

 

Tens que perceber o seguinte: sabes se a gaja está interessada em ti quando ela ao olhar para ti mexe nos cabelos. Obrigado primo Zé.

 

O casamento é uma tragédia em dois atos: civil e religioso. Obrigado Barão de Itarare

 

Se trabalho em grupo fosse bom, os Beatles não tinham acabado. Obrigado Danilo Gentili.

 

O amor da minha vida sou eu. Ponto final, parágrafo. Obrigado G. Santos.

 

Se for para consumir é sempre mais barato porque são doses pequenas. Obrigado rapaz que não posso dizer o nome.

 

Em suma, queria só referir que as palavras já estão a começar a chegar, mas agora já tenho tudo escrito e seria de uma imbecilidade deletar isto tudo. Fica para a próxima, maltinha.

 

Como prometido o nome de um filósofo pré-socrático: Tales de Mileto.

 

De nada.

 

Herman JC

 

 

26
Ago18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

 

Peço desculpa. Voltei e prometo nunca mais ir.

 

 

Eu escrevo, não porque gosto, não por vaidade – seria embaraçoso escrever por vaidade – mas sim por irremediavelmente não me sentir bem se não o fizer.   

 

Sempre fui muito dado a todo o tipo de arte. Comecei desde novo a jogar futebol. Aprendi a tocar guitarra desde muito cedo. Estudei artes visuais quando percebi que só havia um caminho para a minha formação, contrariando toda a psicologia dos orientadores. Sempre gostei de ler e de escrever. Só comecei a dar a conhecer o que escrevia há muito pouco tempo. Eu escrevia para estar sozinho, para saber estar sozinho. Para me encontrar. Escrevia e desfazia o que escrevia logo que acabava de escrever. Eu vivia afastado de mim, até à hora que me sentava e olhava para o papel em branco que suplicava tinta. Matava saudades de mim mesmo num papel que estivesse à mão.

 

Desde muito cedo que me fazia acompanhar de velhos e de mortos. Saramago, na altura, por exemplo e Oscar Wilde ocupavam os meus dias mais lúgubres. Mas nunca deixei de viver, de me sujar na terra moída depois de um grande jogo de berlindes, de me apaixonar, de brincar, de foder, de chorar, de aproveitar tudo o que tinha direito. O que fiz, e o que faço é na ausência de mim. Só a escrever e quando estou na presença da pessoa mais importante da minha vida, a minha mulher, é que me sinto capaz, é aí que me encontro.

 

Fui bom em tudo o que fiz. Pode-se ser muito bom a fazer uma coisa, mas é legitimo procurar outras coisas que te completem ou que te deixem inconfortável. Escrever foi uma delas. Engraçado que só percebi isso quando me deparei que o que procurava estava mesmo de frente dos meus olhos. Eu procurava o que já estava encontrado. Uma busca sem sentido. De facto, escrever sempre me foi difícil, mas só tomei atenção depois de muito procurar. E agora escrevo porque encontrei a coisa que me faz perder o sentido na vida quando a deixo de fazer por um dia.

 

E agora escrevo. Escrevo porque quando escrevo ninguém me ouve, ninguém me vê. Fixo o olhar perante o abismo e tento me libertar das amarras da vida. Escrever é dançar o tango com a nossa própria consciência numa sintonia binária e compasso de dois por quatro. Escrevo porque a minha relação com as palavras é de um ódio tão particular que se transforma em amor quando as mesmas se debruçam no papel deixando-me completamente derretido de tanta beleza que nelas contém.

 

Eu vou continuar a escrever, a viver, e a aprender. Já deixei de procurar a razão pela qual me sinto útil. Agora é escrever e viver o resto do tempo com a mulher da minha vida.

 

Herman JC

 

 

 

05
Ago18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

Pão e Circo

 

Um pequeno latejar em nome dos melhores amigos do Homem

 

Tenho dois sonhos: um é instituir a paz no mundo. O outro é tocar pandeiro com o meu gigantesco falo no Marés Vivas – a solo. Nada disso interessa porque a paz no mundo é uma utopia e o tocar pandeiro com o falo é uma paródia grotesca de chavascal imundo só para entreter as mentes femininas que leem esta repelente crónica.

 

            Fora isso, confesso que entendo o exuberante entusiasmo do povo em geral quando em determinada altura começa a tocar a nova música do Toy. É perturbador esse êxtase, mas consegue-se compreender dado ao enorme bom gosto que normalmente a massa tem. Por exemplo, sabemos bem que as Variações de Goldberg de Bach está muito aquém da mestria e erudição do Coração Não Tem Idade do Toy, e reparem na fortíssima comparação que uso, vê-se que o autor, erudito como só ele sabe ser, domina tranquilamente cada género musical.

 

Agora: instituições de animais – os chamados canis – que continuam a não encontrar soluções para recolher animais abandonados deixando-os à deriva numa terra pecaminosa desde do inicio dos tempos, é que é de lamentar. Quem tem a possibilidade de ajudar estes pobres animais que chegam a ser mais humanos que os próprios humanos e mesmo assim não o faz é tão asqueroso e nojento (usei sinónimos propositadamente) como imaginar a Cicciolina com os seus sessenta e cinco anos a conceder uma copulação a um Equídeo.

 

Primeiro, os animais não têm culpa que os humanos sejam uma mixórdia de vários tipos de caca; segundo, se eu fosse um cão preferia ser capado três vezes sem anestesia do que alojar-me em alguns canis que por aí andam, canis esses que a única condição que eles têm é não ter condições. Aquilo não são canis, são barracões pré-fabricados de calhaus e arame farpado para dar a ilusão que os animais estão protegidíssimos e com um terreno de três metros por cinco para trezentos cães. Uma pessoa dirige-se ao canil para adotar um cão e aproveita e assiste a um tetris de matilha. Se observarmos bem percebemos que aquilo não são cães, são legos que ladram. Há mais cães abandonados do que vergonha na cara de quem tem a responsabilidade de mudar esta realidade.

 

Eu desfaço-me em risos com tanta instituição que proclama a boa ética da mesma nas redes sociais. Exerce em mim uma vontade imensa de tocar uma sarapitola enquanto reflito e chego à conclusão que, essas instituições percebem tanto de ética como eu de bijutaria. O problema de alguns canis é serem geridos por pessoas que gostam tanto de animais como eu gosto de escalar o Monte Evereste descalço.

 

Mas tudo isto, reparem, tem origem, direta ou indiretamente, numa coisa que se chama capitalismo. A miséria, a pobreza mental e financeira, a deficiência das instituições são o viagra de cada capitalista. Como a religião é o ópio do povo. Como a democracia é essencial na boa gestão do mundo. Como o feche éclair da braguilha é de uma extrema inutilidade, que devia acabar porque aleija, por vezes parece que morde aquando acabado de mictar.

 

 Observem, já que agora uma pessoa está tão entusiasmada neste assunto, também o descalabre que subsiste neste momento na sociedade, onde o capitalismo se ergue mais do que o meu pífaro em dias de orgia. Entrego-vos uma solução: uma suruba com todos os operários indignados tendo o prazer mais jucundo na aberta greta da burguesia. E assim poderia começar a despoletar um momento histórico na luta de classes. Confessem lá se não gostavam de enraber les burgeois como se fossem o Karl Marx da festa rija.

 

Em suma, o que realmente me preocupa a sério são aquelas pessoas que em determinado local fechado ainda continuam a usar os seus óculos escuros como se fossem o Pedro Abrunhosa no hipermercado de Mafamude.

 

Compreenderão agora a razão pela qual os animais são a única coisa que prevalece de bom na nossa humanidade?

 

Herman JC

 

 

29
Jul18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

Quanto vale um chavascal.

 

Meus respeitáveis leitores, não fiquem indignados.

 

Muitas das vezes – e são inúmeras – que me sento num banco de jardim e começo a contemplar a lua, dá-me uma vontade imensa de ser poeta, sentir tudo de todas as maneiras, fingir-me de dor e banhar-me de nalguedos bons e eruditos de burguesas ociosas, esperando – como um bom guardador de rabanhos espera - pacientemente a sua compaixão ao meu recatado operário. Perguntam-me vocês: só gostas se forem burguesas? Responder-vos-ei que sim. O proletariado já sofreu o bastante para que o meu marsápo indígena recaia sobre eles. Para além do mais, Marx enquanto escrevia o capital de ceroulas e cachimbo experimentava, nos pequenos intervalos, o prazer mais jocundo na aberta greta da sua burguesinha.

 

Para quem tem a perceção do descalabre – e assim alerto ao leitor – que existe neste momento na sociedade, onde o capitalismo se ergue mais que um tarolo africano em dias de orgia, deixo aqui um repto de esperança: façamos ainda mais a atividade fodangal em cima das filhas dos vermes capitalistas fazendo-as olhar para o proletariado de trás e obrigando-as a ler o primeiro volume do capital enquanto encetamos valentes bofetadas nas dobradiças de ouro ao mesmo tempo que gritamos “encontrei a minha pátria” seguido de um “aí que rica propriedade privada a ser invadida pelo meu comuna”, e assim podemos assistir a um momento histórico na luta de classes.

 

E vocês, novamente, teimosos como só vocês sabem ser: ah e tal, és contra a exploração do proletariado, mas a ti só te interessam as burguesas. Bom argumento, mas fácil de arrebata-lo. Então é assim: as burguesas são alimentadas à base de um cardápio exigente, umas boas horas de ginásio, outras tantas sem fazer nenhum e as restantes em partilhar o pequeno-almoço no Instagram, são leitoras assíduas de livros do Gustavo Santos, vestem jeans e proclamam-se influencers. Quem não gosta de um bom chavascal immundo com fidalgas que possuem milhares de seguidores? E digam-me lá se não gostavam de enraber les burgeois como se fossem o Karl Marx da festa rija. Não obstante, o proletariado baseia a sua insignificância em digerir alimentos do Mac Donalds, assistir ao Você na TV e ouvir músicas do Marante e Diapasão enquanto toma banho com o cão na cave do burguês, e isso tem tanto de interesse como o meu pífaro em dias de maior neblina.

 

Posto isto, só me resta desejar-vos um bom domingo repleto de baldes e baldes de felicidade. Até para a semana.

 

Herman JC

 

 

 

22
Jul18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

Uma breve irritação sobre a humanidade

 

Somos todos coleópteros rotos e repugnantes que necessitam de atenção, que arrotam egoísmo pelos sovacos, vaidade pelos inúmeros orifícios que restam e rastejam perante a terra destruindo-a com a sua existência de merda.

 

Saramago dizia que “nós, os seres humanos, matamos mais que a morte” e tal como em tudo o velho comunista e prémio nobel soltou uma bufa bem ao jeito de um materialista ciente da terra movediça que pisava e prevendo, digo eu, a hecatombe musical a que assistimos em pleno século XXI.

 

Temos que terminar com os queixumes e lamentos, ou porque a nossa vida vai de mal a pior uma vez que não sobrou dinheiro para pintar o cabelo de roxo e sendo assim temos que continuar com o amarelo oxigenado ou porque somos muito infelizes por não termos aquele smartphone da moda que precisávamos tanto como um cão ao dono.

 

Mudando de assunto que preciso de desabafar: de acordo com a RTP notícias, o Hospital de Chaves perdeu quarenta e oito camas, como se as camas fossem um elemento muito importante dentro do panorama hospitalar. Onde já se viu quererem que os doentes tenham toda uma panóplia de boas condições? Uma coisa é estar doente e ir ao Hospital para obter uma suposta cura, outra é fazer um retiro espiritual numa luxuosa pensão do estado onde existe, como todos sabemos, comida da boa, um mestre que às quintas faz workshop de yoga e a Nicole Kidman como terapeuta de spa. Em relação ainda ao tipo de decoração interior que são as camas, todos sabemos os gastos que elas acarretam para o governo, são inúmeras as queixas que têm recebido ou porque algum doente se lembra de começar a roer os pés da cama como se fossem os quadris da Fafá de Belém e estraga-as ou porque uma comunidade de doentes acha-se trapezistas do Cirque du Soleil e fazem piruetas perigosíssimas em cima da cama.

 

Na minha opinião, substituíam as quarenta e oito camas por catorze campas, seis velas a fazerem de candeeiros, três pneus só porque sim, uma biblioteca de livros do Gustavo Santos com tradução para todas as línguas berberes e uma sede da IMEL e tínhamos mais um bom e prestigiado cemitério público.

 

A razão pela qual isto tudo está a acontecer é derivado à nossa acarinhada humanidade que está de tal maneira lotada no departamento dos queixumes e da vaidade que o Hospital de Chaves cedeu as respetivas quarenta e oito camas para observação e internamento de rotos egoístas na Sibéria.

 

Mas não vamos dramatizar com isto e nem percamos o tema principal que guia esta belíssima e impactante crónica que visa a alertar a todos os leitores que somos, nada mais nada menos, uns animais asquerosos, indivíduos repletos de qualidades malfeitoras, isentos de qualquer bondade para com o próximo e isso é tão vergonhoso quanto em clima de verão usar aqueles calções até à canela com sandália e meia branca. Não merecemos o sol nem a vida. A existência da humanidade é uma paródia grotesca que Deus criou só para se poder lembrar que não é perfeito. Nós somos os outros e esse imaginário para alguns provoca um chavascal interior que só apetece falecer a ouvir Celine Dion.

 

Contudo, não há razões para ficarmos angustiados uma vez que sabemos que nada dura para sempre e tudo é finito. Um dia a luz apagar-se-á e não há nenhum IKEA que nos valha. Ficará tudo escuro e nessa altura penduramos as chuteiras da crueldade, do egoísmo e da vaidade. O jogo terminou. Até lá, procuremos cada vez mais o que é ser-se humano e corrijamos aos poucos as nossas atitudes de bichos solitários e imundos. Precisamos de ser úteis. No final, restar-nos-á cheirar o pó da eterna igualdade.

 

Herman JC

 

 

15
Jul18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

O barco do amor desfez-se com a repetição monótona da vida

 

 

Aquando miúdo a vida inteira ainda um mar de sonhos possíveis, o cheiro a amora do quintal do Sr. Domingos ou o cheiro da terra molhada que cheirando ainda era a melhor coisa do mundo, a casa da minha avó onde morei onze anos da minha vida num suplicio gritante de choro de alegria e onde o pátio e os vasos com girassóis jacintos se vergavam perante a circunspeção da minha avó quando em dias de falta de pão fresco na mesa ela se mostrava desolada criando logo alternativas, aquele molete do dia anterior transformado em tosta mista era a melhor coisa da existência, aí que saudades dos melhores momentos da vida, depois de passar anos a gente recorda como se fossem ontem, a vóvó a gritar

 

                 aí meu netinho sai daí que ainda te vais aleijar

 

quando eu em cima de uma árvore buscava o fruto impossível e algumas nêsperas perdidas, maduras, bem laranjinhas que já se podiam comer com agrado gosto

 

                avó achei meia dúzia que ainda estão boas para comer

 

e ela perdida em mil sorrisos e agarrada à parede que segurava a porta da entrada abanando a cabeça ficando com tonturas de orgulho por me ver, seu neto, a ter uma infância, a vóvó a dizer-me baixinho

 

                pega este docinho mas não digas à tua mãe

 

e eu logo consentia, abanava a cabeça como um soldado ao capitão e então corria para os braços da minha mãe perguntando-lhe se podia comer e obviamente não podia, a minha mãe para mim

 

                isto não é bom para os dentinhos filho

 

e eu acreditando como se eu também possuísse os poderes dos desenhos animados que via quando acordado de manhã

 

                eu também tenho aqueles poderes mamã

 

e ela dizia-me que tinha esses e muitos mais numa voz que ainda recordo esboçando uma saudade baça defronte dos meus olhos espelhados agora, no final

 

                mãe eu sou diferente de todos

 

e corria logo para os vários cadernos deitados no chão como se me estivessem esperando e escrevia ao mesmo tempo que tocava na sala Sinatra, o homem da vida da minha avó, e o que escrevia deitava sempre ao lixo tal como agora esperando a minha Memória de Elefante do António que apareça e comece a escrever-se sozinha e eu olhando imaginando eu pequeno, de pés sujos de terra e mãos pintadas devido à caneta permanente do meu pai, escrevendo escrevendo e sem que ninguém soubesse imaginando futuros para mim e eu já certo que isto seria tudo o quanto desperdiçaria a minha vida, escrevendo escrevendo, o meu pai para mim

 

                ainda vais ser um Ronaldo

 

e todos os pais querem que os filhos sejam imortais, eu para o meu pai

 

                não quero ser nenhum Ronaldo quero apenas morrer como o Sr. Domingos

 

e o Sr. Domingos que morrera de velhice já com os seus noventa e dois anos, uma vida repleta de dicotomias já distante agora, quero apenas morrer como o Sr. Domingos ter pouca gente na despedida tal como tive na vida porque a vida e a morte são parentes próximos mais do que cada um imagina, a minha avó morreu como o Sr. Domingos num anonimato conhecido por pouca gente pois nunca se morre de verdade no coração de quem julga ser eterno, eu para o meu pai

 

                quero viver muitos anos mas ter poucos amigos

 

já sabendo naquela idade que a quantidade manipula a qualidade, e nisto resumia-me à Catarina vizinha mais velha o primeiro beijo foi a ela atrás do campo de hortaliças da minha avó, rápido e molhado, um gosto distante e próprio daquela idade, e na minha lápide uma frase de Maiakovski:

 

              O barco do amor desfez-se com a repetição monótona da vida

 

enquanto roubo as amoras ao Sr. Domingos e fujo para o nosso pátio que agora é terra molhada e desprezada por todos aqueles que a pisam como se nunca tivesse existido um neto e uma avó.

 

Herman JC

 

 

08
Jul18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

Portugal. Tempo. E outras coisas.

 

 

Upa, Upa. Olhem para eles todos felizes por chegar a sexta-feira. Cá estamos nós outra vez, meus estimados leitores. Esperemos continuar com este mútuo sentimento genuíno, não é? É tão fofinho quando se constrói assim uma amizade tão bonita e platónica que só dá vontade de correr todo nu a trote com as cores da nossa seleção. Por falar na nossa seleção, alguém a viu? Bem, esqueçamos esse facto que deixou dói dói nos nossos corações e sigamos em frente. Esqueçamos tudo. Sim, tudo. Não não não. Brasil, o Roberto Leal é vosso.

 

Este tempo é que está uma chatice. Parece que anda a brincar connosco. Uma pessoa sai de casa para ir passear e chove. Regressa a casa, que a chuva aleija, e fica sol. Nunca percebi as pessoas que dizem que a chuva aleija, dizem isso porque nunca apanharam o autocarro das sete e quarenta e cinco em plena semana de aulas com a sensação de um possível capotamento ou passaram setenta e duas horas em pé no Hospital só para saber se aquela tosse que tinham era tuberculose ou constipação normal. Por mim, não me importava que Deus acabasse com a chuva, com as moscas e com aquelas pessoas que roem as unhas dos pés. Parecem títeres a fazerem contorcionismo.

 

Eu sei como se sentem, não é fácil para ninguém. É sempre uma chatice quando a inícios do mês de julho a única piscina a que podemos ir é aquele passeio de pouca profundidade em frente à nossa casa. Os únicos chinelos são aquelas botas de equitação do nosso avô. Praia, só mesmo aquela lama das obras em fase de acabamento já há trezentos anos antes de cristo. E onde andam elas e eles? Que nos fazem a delícia do Verão e que nos deixam invejosos com aqueles corpos tonificados como se nos estivessem a convidar para um gin tónico na discoteca Platz, bem junto ao rio. Andar a comprimidos de Vitamina D enquanto podia estar a apanhar sol e a reclamar que a imperial está quente – o copo tem que vir bem frio – ou passar uma boa quarta-feira a falar mal de quem passa “Olha só para ele, olha, anda aí todo pimpão armado em escritor só porque escreve para o jornal”. Podia vir uma valente diarreia e abraçá-los de forma que os levassem a todos para um Domingo à Tarde na TVI.

 

Continuo a escrever, e o sol ainda nada. Às vezes ainda espreita por detrás do algodão, mas não nos concede a tal alegria. É preciso ter paciência. Enquanto isso, continuo.

 

Já alguma vez pararam para pensar no porquê das pessoas dizerem que ao seu animal de estimação só lhe falta falar? É um bocado esquisito para quem tem cágados. Imaginem-no a gritar “Ó Lurdes, já paravas de coçar a bexiga enquanto vês a casa dos segredos. Muda lá isso para o National Geographic, acho que é hoje que passa a reportagem da minha extinção”. Era um bocado chato. Ou para quem domestica um porco, como o caso da porca Joana tão bem conhecida “só lhe falta falar de resto faz tudo”, só faltava dizer que também faz o pino ao mesmo tempo que muda uma lâmpada com o nariz, lê Os Mais detrás para a frente e ainda monta o cubo mágico 4x4x4 com os óculos do Abrunhosa. Temos que parar com isso. Não só estamos a ofender o nosso pobre animal de estimação porque a função dele não é falar muito menos dar a pata quando pedem, mas sim fingir que dorme o dia todo enquanto nos roga pragas em silêncio, faz cocó no sítio mais difícil de limpar e chichi que só descobrimos passados doze anos, como também nos estamos a ofender porque somos de tal maneira ignorantes que acreditamos no que dizemos e deparámo-nos, a meio da noite, a ter um monólogo shakespeariano com o raio do animal que não tem qualquer apreço pelo o criador do Rei Lear. Por exemplo, eu tenho um cão e quando chego a casa, ora bem, como é que vos posso explicar para vocês bem entenderem, fica onde está ignorando-me completamente. Estavam a pensar no quê, que se levantava, punha-me coleira e levava-me a passear, era? Parem lá com isso por favor, antes que vos obrigue a ver a Tarde É Sua ao mesmo tempo que dão uns valentes linguadões ao vosso periquito que só lhe falta falar.

 

Vá, agora podem ir. Até daqui a quinze dias.

 

Herman JC

 

 

 

01
Jul18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

Agora que me perguntam...

 

A ideia de morrer e de mudar de residência para o céu assusta-me muito mais do que morrer e não existir para sempre. É-me insuportável saber que depois da minha morte vou reaver os putos da minha turma do primeiro ao sexto ano ou só de imaginar que todas as minhas ex-namoradas agora são santas e possuem duas asas brancas de flanela, isso aflige-me tanto como quando acabado de acordar projeto o meu mindinho na esquina da cama. A morte tem hálito de Facebook e gonorreia de Instagram. Quando morrer, quero mesmo morrer, não quero morrer a brincar.

 

A morte em si, a verdadeira morte, assusta-me um bocadinho. Tem aparência de Betty Grafstein e música de Marial Leal.

 

A morte parece que anda sempre de olho em mim, durante a noite ainda cedo, antes de chegar a casa, vejo-a sempre numa janela do sétimo andar direito. Desculpem, erro meu, afinal é dona Clotilde. A morte levou toda a sua família e esqueceu-se dela. Faz amanhã o seu nonagésimo novo aniversário, e nada. A morte quase se esquecia também de Manoel de Oliveira e possivelmente – faço votos para que isso aconteça – se esqueça de mim. Nem que vá a Fátima a pé. Agora que estou a ver, essa ideia parece machucar um bocadinho e é só estúpida para quem não mora a menos de cinco metros de Fátima. É isso, dou três voltas de joelhos ao santuário enquanto salto à corda com um fio de lã. Não, esqueçam. Essas pessoas que fazem isso também pensam que quando morrerem subirão ao céu e vão estar a vigiar-nos como se fossem a raposa Swiper ou como se tudo isto fosse um espetáculo de títeres, enquanto comem pão e sardinhas na companhia de tipos com asas e sem género. Uma vez falei para um que não tinha asas nem género, pensando eu que tudo o que acreditava até então não passaria de um irremediável erro, mas vim a comprovar que afinal se tratava de uma figura tão carismática no mundo dos vivos, José Castelo Branco. Não me enganam mais. Patifes.

 

Se ainda assim não estiverem convencidos de como é a morte, pensem naquele miúdo do décimo segundo ano que só tem boas notas e só aos quarenta e três quando deparado com um poster da Juliana Paes é que finalmente descobre que existem mulheres e que afinal a historia da cegonha tinha sido uma mentira. É mais ou menos assim que se assemelha a morte.

 

Não me censurem. Admito que tenho um fraquinho pela morte. Não quer dizer que me masturbe a olhar para ela, não sou assim tão Bibi quanto pensam. É que ela às vezes dá tiros certeiros. Por exemplo, tive uma vizinha que dizia sempre ao seu cão, quando este se enrolava na sua coleira velha, “sai da minha trás” querendo dizer “sai de trás de mim”, veio um AVC e deu-lhe um valente abraço. Disponibilizou uma casa para alugar e hoje vivem duas loiras bem vistosas, solteiras e com uns deleitosos seios bicudos com os seus trinta e poucos anos.

 

(Quem sentir pena da minha vizinha é porque ainda continua a ser o imbecil do décimo segundo ano.)

 

Agora - peço um pouco de confidencialidade – dirijo-me apenas à Morte.

 

Morte, como se atreve a levar os imbecis e as boas pessoas para o mesmo lugar? Acha justo que no futuro vá comer um corneto com o Hitler com esta existência tão bonita que estou a ter? Já agora, ele ainda mantém aqueles cabelos todos a saírem do nariz ou aquilo era mesmo um bigode? E o Kim Jong-un, não o quer levar já? E o Carlos Castro, voltou a ter o (ainda bem que me interrompeu). Já agora, a Teresa Guilherme chegou bem?

 

E já que começamos a falar no destino pós-morte, quero já alertar para algumas coisas. Primeiro, perceba que quero ficar bem perto da minha mulher, dos meus pais, do meu cão e dos meus gatos. Quero um parque de diversões e peito de peru ao almoço, um quintal para brincar e uma boa moradia para receber Deus, já que ele, penso eu, me vá receber maravilhosamente bem na sua. Pode ser peito de frango. Tenho que manter um especto pujante e jovem já que a morte é para sempre. Leite, só sem lactose. Sou intolerante. Há eleições por aí? Se há, abstenho-me. Vivos e mortos, são todos iguais. E o Trump? Vão ficar com ele? Por mim, leve-o já também. Insira-o num programa de reabilitação e leve-o para a casa do Mandela como boneca insuflável.

 

As pessoas aí, ainda percebem a ironia ou são circunspectas como estas? Há censura? E homofobia? Machismo? Feminismo não pergunto porque não sou dado a modernismos. Muitos preconceitos? Bullying? Xenofobia? Existe racismo aí?

 

Responda-me. Se existe, vá se foder.  

 

Herman JC

 

 

24
Jun18

Pergaminho dobrado em dois


pergaminho

 

A vida de um Hipocondríaco.

 

Acho que estou muito doente. Não quero virar todas as atenções para mim, mas necessito de dizê-lo. Ser doente tem sempre os seus benefícios como a morte ou o estar vivo.

 

Confesso, sou hipocondríaco. Ou seja, não há dia em que não pense que sou o indivíduo que possui todas as doenças do mundo ou que a morte está mesmo ao virar da esquina vestida de lingerie vermelha e salto alto. E de facto está sempre. A morte é uma puta.

 

As pessoas olham-me com a leve sensação de ser um jovem saudável. Poucas sabem quem é este menino. Ser hipocondríaco é uma experiência por demais. Olha-se para o espelho e sente-se aquela febre amarela bem de fronte logo pela manhã, só para começar bem o dia. Uns lavam a cara e sentem-se como novos, eu lavo a cara e sinto-me igual, mas sem colesterol e diabetes. De resto tenho tudo.

 

Sinto aqui uma dorzita que me está a ajudar a fazer esta crónica. Ainda bem que apareceu que não sabia o que dizer. É uma dor na parte direita do abdómen. Digo eu. Talvez seja apendicite aguda ou uma valente diarreia por vir. Ébola é pouco provável, mas não é impossível. No verão passado a Ébola era a minha doença de eleição. Não havia dia em que não a contraísse. Já tive tuberculose cinco vezes. Princípios de tuberculose, vá. Depois foi-se a ver e afinal era uma constipação. Mas os sintomas de tuberculose tinha-os a todos, diga-se.

 

Pelo que já pesquisei falta-me um sintoma para contrair a Síndrome do Ovário Poliquístico (ah, não. Isso só acontece ao público feminino) talvez sarampo, e três para contrair cárie dentária. Com sorte ainda hoje consigo adquira-las a todas. É sempre difícil e nunca sei como gerir a emoção de saber o que realmente tenho. Possivelmente, tenho tudo menos sinusite. Mas agora que estou a pensar, porque raio não consegui adquirir sinusite? Qual é problema que ela tem comigo? Daqui a ter tiroide é num fechar de olhos. Parece-me a doença da moda, completamente banalíssima. Todos têm, porque não eu. Agora que falamos nisso, devo possuir tiroidite crónica, gosto de doenças dignas, não me satisfaz uma tiroidite meio-termo.

 

Não devo ter nada, mas talvez até tenha alguma hipótese em obter uma imensidão de doenças visto que sou um rapaz novo. Tenho, tenho. Esta dor não é vã. Aí, que agora deu-me uma pontada valente perto da virilha. Tu queres ver que se deve ao tabagismo? Lembrei-me agora que não tenho tendências fumadoras. Excluímos essa parte. E o abuso de bebidas alcoólicas? Possivelmente até tem haver, mas eu nem bebo. Bebi uma vez, diga-se de passagem, mas senti-me tão mal que contraí aço úrico. Talvez vá mesmo ao médico. Senhor doutor, diga-me exatamente o que eu tenho. Você não tem nada, é completamente saudável. São problemas de cabeça, menino. Eu já previa o desfecho. Problema neurológico, pois claro.

 

No fim de tudo concluiu-se que afinal não possuía nenhuma doença. Estava completamente curado de todas as doenças que nunca existiram. É bom quando não se tem nada, mas é uma solidão imensa que se sofre com a ausência delas.

 

Escrevo-vos esta crónica no espaço onde trabalho. Ainda vou apanhar uma valente doença com esta brincadeira de ser explorado. Melhor, era ficar em casa deitado no sofá só a contrair diabetes.

 

Findo isto, vou andando, meus deleitosos leitores. Foi um prazer.

 

Calma! Agora que me levantei para ajudar o capitalismo a ser mais capitalista, senti uma comichãozite aguda por baixo da traqueia. Tu queres ver que acabei de contrair alzheimer? O que é que eu acabei de contrair? Estávamos a falar do quê mesmo?

 

Herman JC

 

 

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