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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

13
Mar10

As varandas da memória - Chaves Rural


E porque hoje é Sábado, vamos mais uma vez até ao mundo rural de Chaves e as suas varandas, bem mais abundantes nas aldeias do que na cidade, pois a varanda era um elemento importante das casas e com muitas mais funções do que a simples passagem gradual do interior das casas para a rua ou exterior.

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Casa com varanda, em Loivos

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De facto tem além dessa função de passagem entre ambientes, outras funções. Servia, por exemplo, de recolha e local de sequeiro de alguns produtos agrícolas, principalmente o milho e o feijão, mas também de recolha, guarda e secagem das capas de chuva, sócos ou do guarda-chuva, embora este, até fosse ou seja pouco usado no mundo rural, pois ocupa as mas que são tão preciosas para o trabalho ou para transporte de outros utensílios em que o guarda-chuva era um luxo que só incomodava.

 

Era também à varanda, que o milho depois de seco, no vagar do anoitecer se ia desgranando (popularmente também se dizia “degranhar” ou “desgranhar”).

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Casa com varanda, em Pereiro de Selão

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Mas de todas as funções atribuídas às varandas, havia as mais nobres em que ela funcionava como mais um compartimento da casa, uma sala de visitas ou de receber e estar no exterior, principalmente nas noites acaloradas de verão, onde, apenas em família, ou com a companhia dos compadres, amigos ou vizinhos, se ia fazendo serão enquanto o interior da casa ia “arrefecendo” um pouco para uma merecida noite de sono. Noites memoráveis em que se falava de tudo, da vida da casa, da vida dos outros, contavam-se estórias, davam-se conselhos, reprovavam-se ou elogiavam-se atitudes, mas tudo num tom sereno, quase num murmúrio de palavras que a própria varanda abafava e pouco deixava desviar para além do silêncio, quando este, não era total. Um silêncio total que apenas o era em palavras nos corpos serenos e quase inertes, como se anestesiados, pelo cantar das cigarras e dos grilos quando o calor apertava ou, em silêncio de encanto, quando os rouxinóis impunham as suas melodias e se desafiavam na distância da noite, ainda frescas de primavera.

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Casa com varanda, em Soutelinho da Raia

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Tenho no meu imaginário de criança muitas destas noites de varanda, com sons mágicos que para sempre ficaram registados na memória dos silêncios e músicas da noite, com muitos rouxinóis que felizmente ainda hoje os oiço, mas também e sobretudo, com a música das flautas que fluíam de bem longe e me diziam ser dos pastores… pura magia que só acontecia no recolher de uma varanda…

 

(…)

E por que não galgar sobre os telhados,
os telhados vermelhos
das casas baixas com varandas verdes
e nas varandas verdes, sardinheiras?
Ai se fosse o da história que voava
com asas grandes, grandes, flutuantes,
e poisava onde bem lhe apetecia,
e espreitava pelos vidros das janelas
das casas baixas com varandas verdes!
Ai que bom seria!
Espreitar não, que é feio,
mas ir até ao longe e tocar nele,
e nele ver os seus olhos repetidos,
grandes e húmidos, vorazes e inocentes.
Como seria bom!

Descaem-se-me as pálpebras e, com isso,
(tão simples isso)
não há olhos, nem rio, nem varandas, nem nada.

 

In “Poema da Memória” de António Gedeão

 

As varandas, algumas,  ainda existem e resistem, hoje tristes e abandonadas.

12
Dez09

Chaves Rural e os Sabores dos Saberes


Estes

são os sabores e saberes da terra

os saberes da semente arrecadada

os saberes de a depositar na terra

os saberes de deixar passar os dias

os saberes dos tempos certos

os sabores das colheitas

os saberes e sabores

do chão e do grão

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Loivos - Chaves

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Se pudessem dispensar o corpo

Bastavam-lhe o saber das mãos


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Gondar - Chaves

 

E com os sabores e saberes da terra

Tiram saberes da semente arrecadada

E com saberes a fazem farinha

Com saberes ela é amassada

e no saber do deixar passar as horas

dos saberes dos tempos certos

dão aos sabores das colheitas

os sabores dos saberes

do grão que entra e sai do chão

que amassado  entra no forno

para colher o sabor do pão

 

 

Tronco - Chaves

 

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07
Mar09

 

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Mosaico da Freguesia de Loivos

 

Localização:

A 17 km da cidade de Chaves, a Sul desta, no limite do concelho,  situa-se numa faixa de território junto à famosa Ribeira de Oura (afluente do Rio Tâmega), ao longo da qual também se desenvolve uma fértil veiga.

 

Confrontações:

Confronta com as freguesias de Vilas Boas, S.Pedro de Agostém, Moreiras, Stª Leocádia, Póvoa de Agrações, Oura, Selhariz e ainda com o concelho de Vila Pouca de Aguiar.

 

Coordenadas: (Escola Primária)

41º 37’ 27.32”N

7º 30’ 38.80”W

 

Altitude:

Variável – acima dos 370m e Abaixo dos 600m

 

Orago da freguesia:

São Geraldo

 

Área:

11,20 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):

– Estrada Nacional 314 (até ao Peto de Lagarelhos) e E.N. 311-3 a partir do Peto.

 

Acessos (a partir de Vidago):

– Estrada Nacional 311-3

 

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Aldeias da freguesia:

            - Loivos

            - Seixo

 

População Residente:

            Em 1900 – 917 hab.

            Em 1920 – 927 hab.

Em 1940 – 1100 hab.

            Em 1960 – 1254 hab.

            Em 1981 – 970 hab.

            Em 2001 – 629 hab.

 

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Principal actividade:

- A agricultura que se desenvolve ao longo da fértil veiga da Ribeira de Oura.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:

Bem próxima da Ribeira de oura e de Loivos, fica uma elavação coroada por um pequeno cabeço, conhecido por “Muradal”. Aqui teria assentado outrora  um povoado fortificado castrejo. “Escavações” arqueológicas ali desenvolvidas teriam posto a descoberto um tramo de muro defensivo desse mesmo povoado, com uma espessura de 2.80m. Para os puristas, isto são referências dos livros, mais propriamente de J.B.Martins, historiador local infelizmente já falecido, pois o autor deste blog, embora lamente,  não conhece o local.

 

Quanto ao topónimo Loivos, que não é exclusivo do nosso concelho, a sua origem terá a ver como lobos que nunca foram estranhos à grande serra da Pradela, pois segundo os entendidos na matéria terá Loivos deriva do étimo “lúpus” latino (cuja evolução deu em lobo) lobos (loivos!), dizem os entendidos. O que é certo é que já no Séc. X já se documentava a grafia “lobos”.

 

Desde o povoado castrejo, que dizem ter sido depois ocupado também pelos romanos, a verdade é que há referências escritas a Loivos pelo menos desde os tempos das inquisições afonsinas, do séc. XIII, onde residia o “judex” (actual juiz) para o Julgado de Montenegro, no qual estava integrada, curato anexo à reitoria de Santa Maria de Moreiras, cujo território só terminaria junto ao Rio Tâmega em Arcossó.

 

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Quanto à Igreja Paroquial de S.Geraldo de Loivos, sóbria, tem traços de estilo Românico já tardio, tendo adossada à igreja um torreão com dupla sineira. É um templo interessante no entanto “abafado” pelo casario do núcleo da aldeia e onde se são notórias algumas intervenções levadas a efeito ao longo dos tempos, estando a última datada de 1948

 

Casario bem interessante e pitoresco que se desenvolve ao longo da encosta da serra a partir do vale e precisamente em redor da Igreja Paroquial, formando um núcleo cujo interesse o levou a ser classificado e a preservar, embora ao longo dos tempos se tenham cometido por lá alguns atentados. Mas ainda é interessante, pese o mau estado de algumas construções.

 

Núcleo interessante de construções tradicionais, no entanto a casa senhorial e solarenga a destacar encontra-se na aldeia do Seixo, também pertença desta freguesia de Loivos, numa construção que se crê setecentista, com capela anexa virada (tal como o solar) para o largo principal da aldeia.

 

 De Loivos há a salientar ainda a Banda Musical e a juventude que sempre lhe esteve associada e que aos Domingos e Feriados, ainda vai marcando presença ao longo da Estrada Nacional, embora pela perda de população acentuada a partir de 1960, os dias de hoje sejam apenas uma amostra dos grandes dias de loivos, a tal grande aldeia que já uma vez referi por aqui que até tinha Estação dos Comboios, sem ter comboio e tem águas minerais ferrosas nos seus solos (dizem) que também nunca foram exploradas.

 

E embora fique completa a abordagem a Loivos, sinto, pelo seu interesse, que não será a última vez que passará por aqui. Logo se verá. Entretanto fica em jeito de resumo os links para os post’s alargados dedicados a Loivos e ao Seixo.

 

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Linck para os posts neste blog dedicados às aldeias da freguesia:

 

            - Loivos

            - Seixo

 

 

 

Também descobri há momentos um blog made in Loivos e que dá pelo nome de  Loivos City, um bocadinho diferente dos habituais blogs dedicados às aldeias mas que vai dando conta das coisas e, de encontro à tal juventude que eu vos dizia ainda existir em Loivos, Blog  que já existe desde 2005 onde existem post’s interessantes que dão a conhecer a aldeia e o sentir de Loivos. Claro que fica com link aqui no blog (que já é tardio).

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