Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...
As cruzes dos mortos
Barragem das Nogueirinhas
Já estamos habituados a ver cruzes nas cumeeiras e beirais das igrejas, capelas e ermidas, nas alminhas e cruzeiros, às vezes em fontanários e fontes de mergulho, nas padieiras de entradas de casas e quintas, no entanto, aqui e ali, às vezes no meio do nada, mas com mais frequência à beira da estrada, aparecem cruzes, às vezes simples, outras vezes mais elaboradas, com imagens, inscrições e lápides, as vezes parecendo campas ou pequenos jazigos - são as cruzes de homenagem aos mortos, não por aí, ou lá estarem sepultados, mas porque foi o local onde a pessoa a que se faz a homenagem morreu. Geralmente, quando na berma das estradas, uma morte causada por um acidente automóvel ou mesmo um atropelamento. Há no entanto outras cruzes e homenagens idênticas que aparecem fora das bermas da estrada, mas igualmente para homenagear que aí morreu, às vezes à beira rio ou barragem, por um afogamento, mas também em locais mais ermos, nalguns casos por assassinatos e outras mortes não naturais, sejam onde forem, são homenagens aos mortos que familiares e amigos prestam aos seus entes queridos antes do “seu tempo” de morte natural.
Estrada entre Vilela Seca e Torre de Ervededo
Pensei que esta tradição das cruzes dos mortos era coisa portuguesa, mas longe disso, pelo menos no interior do Brasil há uma grande tradição das cruzes dos mortos à beira da estrada e muitas lendas a elas associadas, mas seja como for, embora de certa maneira seja tétrico, há mesmo quem defenda a existência dessas homenagens, nem que seja por ninguém lhes ficar indiferente e servirem de prevenção e alerta ou avisos aos perigos de uma estrada, de uma curva ou dos locais onde essas homenagens acontecem, Certo é que a colocar uma cruz em algumas das nossas estradas, elas pereceriam um cemitério, por exemplo no IP4 onde já morreram centenas de pessoas.
E sim, penso que todos respeitam estas homenagens aos mortos e que, a quem conduz, nesses locais, faz levantar o pé do acelerador, além de mais, os números e noticias de mortes diárias nas estradas não enganam, são um flagelo dos nossos dias, tanto que desde 1993 já existe o Dia Europeu em Memória das Vítimas da Estrada, e em 2005, a Assembleia Geral da ONU aprovou a adoção oficial do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, tal como é celebrado hoje em dia no terceiro domingo de novembro.