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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

21
Nov18

Crónicas de assim dizer


arrabalde-3

 

Era uma vez

 

 

As pessoas gostam de histórias, quanto mais metafóricas, melhor! Pergunto porquê. Começa a não metáfora! Porque têm medo da realidade nua e crua, que não nos permite acreditar noutra, que não nos deixa margem para a imaginação, que não nos dá a liberdade de acharmos que pode ser diferente do que parece ou do que é! E nós adoramos essa parte, aquela que nos dá asas ao pensamento, aquela que nos permite ser o protagonista do filme, entrar para a história sem ninguém nos ter posto lá. Ainda melhor do que isso, que nos permite ser os críticos do filme! Nós adoramos dar a nossa opinião, a nossa arrogância chega ao ponto de dizermos, quando a emitimos, "no meu conceito...", como se as nossas opiniões passassem a conceitos depois de as manifestarmos! Pomo-nos literalmente em bicos de pés! 

 

Há outra coisa que as histórias também nos permitem, que é o podermos ler nas entrelinhas! São festas à nossa inteligência: “ai tu percebeste isso?! Eu não! Eu, que sou muito mais inteligente que tu, percebi exatamente o contrário! Mas isso é possível?” É, quando se trata de histórias é! E nós amamos esse conforto, o nosso ego cresce, a nossa auto-estima aumenta... A propósito disto, nunca vi uma definição ou um significado de auto-estima que me agradasse! É, no meu conceito, ok, apanharam-me, mas eu primeiro, um convencimento, um autoconvencimento: eu acredito que... Mas pode não ser verdade! Completamente diferente de um outro conceito, este também meu, que é a autoconfiança, que é um gajo saber que é capaz daquilo que realmente é capaz. E defino estas coisas mais ou menos assim. Mas se calhar estou enganada, lá está, o de há bocado!

 

Do exposto até aqui decorre que é muito mais fácil ler histórias, são mais acessíveis, do que ladainhas de considerações, porque as considerações nos obrigam a pensar naquilo mesmo, e nós não queremos que ninguém nos imponha nada, ninguém tem paciência para isso! Então agora, para além de perder o meu rico tempinho a ler isto, ainda me querem obrigar a pensar no que eu não quero?! Não, e as histórias ainda têm outra vantagem, é que se podem contar. Então não é bom contar histórias que se lêem? Há sempre assunto de conversa: ontem li uma história que dizia assim.... Mas ninguém vai começar uma conversa: ontem li um artigo de opinião que dizia assim... Até podemos, mas...

 

O problema, há quase sempre um problema quando as coisas parecem estar a correr bem, está em que as histórias fáceis de ler são difíceis de escrever! É preciso pensar em quinhentas coisas e escrever só uma, qual?; pôr uma cadência em coisas sem relação aparente nenhuma e inventar uma; arranjar uma sequência mais ou menos lógica de enunciação; colocar pormenores a substituir o fundamental, distraindo o leitor com acessórios e adereços até ele se perder completamente no emaranhado de uma floresta densa e quando ele chega à beira do abismo aparece-lhe uma cama elástica que lhe permite saltar para a beira do próximo precipício, donde nunca cai porque se trata de uma história!

 

Nas considerações a gente cai. E o abismo está sempre mais perto e é sempre maior do que de início supúnhamos. Corremos riscos: de fazermos hematomas, de fraturar ossos, de distender tendões, de fazer rupturas musculares, traumatismos cranianos, luxações da anca, descolamento de retina, deslocação de... Ui, um sem número de possibilidades, quase todas más, mas que sobretudo dão uma trabalheira dos diabos a reparar e ninguém tem paciência para isso! Então agora para além de perder o meu rico tempinho a ler isto ainda me querem obrigam a ir ao hospital, serviço de urgência, que neste país é como sabem…

 

E isto tudo para dizer que, hoje, vou contar uma história que começa assim: era uma vez.

 

 

Cristina Pizarro

 

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