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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

14
Abr21

Crónicas de assim dizer


cabecalho-assim-dizer

 

 

As palavras e os silêncios

 

 

Os silêncios são pensados, ninguém emudece sem razão. E o que não dizem é gigante, não tem fim, enquanto que as palavras, quando ditas, têm um fim, mesmo nas suas inúmeras interpretações.

 

Os silêncios são, quase sempre, cobardes. Também há palavras assim, mas nelas isso transparece, raramente há equívocos, se estivermos atentos. Já dos silêncios não tiramos nada, por mais que nos concentremos neles. É das ausências que sentimos falta, não do que está a mais. Ao excesso transformamo-lo, se formos hábeis, até no seu contrário, se o pretendermos! Aos silêncios prolongamo-los até se tornarem insuportáveis! No limite, desistimos deles.

 

Nos silêncios não há discussão de ideias, sempre saudável, mesmo quando dela não chegamos a qualquer conclusão. Dos silêncios, as conclusões que tiramos pecam sempre pela dúvida que lhe é ou está intrínseca. Terá sido isso ou por isso? Não sabemos! Ninguém nos explica porque se cala ou emudece! Vem-nos a inquietação. Começamos com as adivinhas. Quanto mais questionamos, mais nos afastamos da verdade. Nunca a havemos de saber a respeito de quem cala e, se insistirmos, mais revelamos da nossa. Ficamos frágeis, vulneráveis, susceptíveis. Nenhuma destas palavras é sinónimo, só parecem!

 

E partimos, sem resposta, com um sentimento de que alguém foi injusto! Então o que é que custava? Nada, não custava nada se fôssemos nós a estar daquele lado. Mesmo que nos custasse, despenderíamos toda a energia que fosse necessária só para não corrermos o risco de ser cruéis! Mas quem é que se importa com isto?! As pessoas querem é ficar sossegadinhas, no seu canto, e que ninguém as chateie ou se meta com elas. Chamam a isto: “Paz”!

 

“Mais perguntas?” Arriscam, para nos fazer notar que já fizemos de mais! Mas o que nos fazem notar é que não sabem responder a nenhuma delas. Ao princípio não percebemos isto. Porque não há nada a que não saibamos responder, porque não sabendo, sabemos dizê-lo! Nem toda a gente sabe fazer isto. As pessoas entendem, ou assumem, que dizer: “Não sei”, é uma fraqueza e a mim sempre me pareceu o contrário. Que é preciso ser muito forte para dizer tranquilamente: Não sei, e até gosto disso. Vejo logo ali uma oportunidade de aprender qualquer coisa, vejo sabedoria onde muitos vêem ignorância. A verdadeira ignorância é não querer saber! Não conseguimos aprender nada quando estamos convencidos que já sabemos! Ignorância é isto!

 

E o silêncio disfarça tudo. Serve de escudo, serve de máscara! Nem nos atacam nem nos revelamos. Mas estes utensílios só são úteis quando há uma ameaça, um inimigo… são raras essas vezes! Fora disso, o comportamento é desajustado, o de um autêntico palhaço! Só no circo é que a coisa tem graça! Acabámos por chegar lá! As pessoas acham-se engraçadas! Mas fora do circo, isso não faz sentido e acaba por ser ridículo! E não dão conta, porque a vida dos outros é o circo delas! Pagámos bilhete? É aqui que damos conta de que lá não estamos a fazer nada: para além de não acharmos graça ao número, não vamos servir de animais domesticados tendo nascido selvagens! Percebemos que aquilo é tudo a fingir. Drogam os animais, tiram deles o partido que podem e no fim, se se tiverem portado bem, compensam-nos com um bocado de carne, crua, que nojo! Se se tiverem portado mal, o que acontece a todos nós em determinados momentos, ainda se atrevem: “Não, hoje não mereces!”, quando pedimos oxigénio para respirar e era só um empréstimo!

 

E a injustiça está em que, feitas bem as contas, quem as paga é quem fala e não quem cala!

 

É aqui que as palavras fazem silêncio! Sem plural.

 

Cristina Pizarro

 

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