Discursos (emigrantes) sobre a cidade
Crónica do reencontro
A nossa terra é sempre um ponto de encontro para partilhar momentos felizes ou tristes. É aqui que os grandes momentos, os acontecimentos que nos marcam verdadeiramente nesta vida vão sempre dar. As raízes! Sempre voltamos a elas.
E é tão bom podermos partilhar esses momentos, tanto os felizes como os tristes, com as pessoas que melhor nos conhecem, saber que, nestes momentos, temos alguém que se alegra connosco ou nos limpa as lágrimas com reconforto. Tão bom sentirmos a necessidade de regressar quando estamos longe para partilhar esses momentos com as pessoas e os lugares que sempre fizeram parte da nossa vida. Podermos aí sermos realmente quem somos e sentir-nos completos.
O emigrante que regressa num relâmpago à terra, regressa inteiro e de coração. Dá e recebe uma alegria genuína. Transforma o momento e o sentimento do reencontro em algo grande, belo, extraordinário e inesquecível. Saboreia cada momento, cada minuto, cada lugar, pois sabe que tem partida marcada, sabe que será um momento único e irrepetível durante muito tempo. A saudade – e a “matança” da mesma – é uma das coisas mais bonitas do mundo. Intensifica a vida e os sentimentos.
Serra do Larouco
Quando não vive na terra, ele sente-a tanto como quem lá vive. Lá fora, o emigrante fala dela e dá-a a conhecer a todos os que não a conhecem. Trata-a com tanto valor, admiração, amor e respeito, que todos sentem vontade de conhecer esse “Portugal” para além da típica visita turística de postal a Lisboa. E, a determinado momento, eles trazem à terra pessoas de terras longínquas e culturas bem diferentes, com novos olhares, que de outro modo, se nunca se tivessem cruzado com eles, nunca viriam por si sós. Chegados ao “verdadeiro” Portugal, os estrangeiros espantam-se, vivem e saboreiam as pequenas coisas e prazeres, aqueles que os que aí vivem todo o ano nem notam.
E aí a magia do reencontro torna-se ainda mais especial, pois o apreço dos visitantes ocasionais enche-nos a todos de orgulho, tanto aos que habitam a terra como aos que ela habita nos corações.
Sandra Pereira