Discursos Sobre a Cidade - Por Francisco Chaves de Melo
O Inverno do nosso descontentamento!
A nossa cidade foi maior! É difícil fugir, nos dias de hoje, ao sentimento de perda. Já fomos vaidosamente orgulhosos por nos considerem a cidade mais dinâmica para cá do Marão.
Tal como Ethan temos a consciência que já perdemos a fortuna, restando agora apenas o arrastar penoso na contenção de dívidas, para não sucumbirmos aos credores do município. A gestão da cidade ressente-se do atual estado das finanças municipais. O estatuto do município na região e no país é agora mais limitado.
Este estado psicológico, levou a gestão anterior (e a atual), a cometer os erros que cavaram ainda mais fudo o futuro da capacidade municipal em servir bem os flavienses nas suas necessidades quotidianas. Padrões normais de responsabilidade foram quebrados! Foram quebrados quando o Presidente utilizou o montante dos pagamentos que todos efetuamos à Câmara pelo abastecimento de água e saneamento às nossas casas para financiar obras a exalçar o ego. Milhões foram utilizados sem se acautelar as autorizações da Assembleia Municipal no respeitante aos encargos futuros. Basicamente, o Presidente da Câmara, efetuou sem autorização de ninguém, um empréstimo de longo prazo, de montante livre, sem negociar as taxas de juro, nem os prazos de pagamento. Se isto não é completa desresponsabilização dos deveres públicos não sei o que o poderá ser.
Agora, os credores obrigaram a Câmara a pagar esse empréstimo, pois de um empréstimo se tratou, com um prazo de pagamento de mais de 15 anos e taxas de juro que se vieram afixar à volta dos 4%, no final.
Isto deveu-se, na minha opinião, à incapacidade que a gestão municipal demostrou para obter recursos do governo central. Optou-se sempre pelo facilitismo. Agora temos as dívidas! Até tentou vender as ações da empresa hidroelétrica. Em desespero de causa surge sempre o disparate! A vontade de utilizar recursos sem maior esforço para os captar.
Gabou-se uma gestão que chegou ao cúmulo de gastar 10 milhões (ou sabe-se lá quanto) a construir a Fundação Nadir Afonso, agora “a Funda” o erário municipal.
Não afirmou que tamanha obra era de interesses nacional?
Se o era, por que motivo o Governo PPD/CDS não a agraciou com investimento nacional? Não o fez com outros museus? Porque abandonou o financiamento da obra e deixou a Câmara sozinha a endividar-se para além das posses?
É por isto que todos aqueles que querem continuar a viver em Chaves, devem prestar a maior atenção à gestão municipal. Não podemos baixar a guarda! É a nossa cidade e concelho que estão em causa.
O nosso estatuto como terra próspera e dinâmica não se conquista com vaidade vã, mas com trabalho e sem ceder a pressões que não valorizem a retidão e a responsabilidade na aplicação dos agora reduzidos recursos municipais. Só com muito discernimento poderemos recuperar a riqueza que a nossa terra usufruiu em tempos.
Francisco Chaves de Melo