Discursos Sobre a Cidade - Por Francisco Chaves de Melo
A discussão recorrente!
Existem grandes assimetrias entre o litoral e o interior do país, pelo que se mostra necessário adotar medidas que as diminuam.
Quantas ocasiões já se declarou isto?
Para iniciar, normalmente, considera-se importante a localização de unidades industriais nos territórios marcados pela interioridade, com o objetivo de criar empregos e fixar população.
Diga-se que não seria um mau começo!
Mas, e há sempre um mas, facilmente se depreende que os atuais custos da interioridade devem ser atenuados antecipadamente, sob pena de as regiões do interior se mostrarem repulsivas à produção industrial e, em consequência, às pessoas que procura emprego.
Também no que respeita à estrutura etária da população do interior (agrupamento de pessoas por idades), se verificam distorções que dificultam a localização de indústrias por cá. Mais concretamente, o elevado peso dos idosos na população residente do interior, obriga a pensar na escassez de mão-de-obra jovem adulta. Obriga ainda a pensar nas qualificações e na sua adequação às necessidades laborais da indústria atual (com incorporação de novas tecnologias). Assim, a atuação pública, municipal, regional ou central, deve criar como alavanca à localização de indústrias no interior, incentivos à manutenção dos residentes (por exemplo, água e saneamentos ou IMI a preços reduzidos) e cursos que requalifiquem a mão-de-obra existente e, bem ainda, um quadro de apoio à fixação de novos residentes em idade ativa.
É ainda necessário apoiar a localização de novas unidades industriais com recurso a incentivos fiscais e a um quadro ainda mais alargado de amenidades positivas à laboração, ao mesmo tempo que se deve também apoiar as famílias com a redução dos custo de vida, seja pela via de subsídios, seja pela redução de despesa familiares com recurso á oferta pública gratuita de serviços de educação e saúde a residentes no interior, entre outros.
Mas, e há sempre um mas, tudo isto custa dinheiro.
Deve ainda considerar-se que a indústria atual pende para projetos de capital intensivo (por exemplo, recorrendo à automatização e equipamento com tecnologia de ponta). Neste entendimento, só uma entidade financeira especializada, pode acolher os projetos que desenvolvam de forma inovadora as potencialidades do interior, desenvolvendo, concomitantemente, oportunidades de criação de postos de trabalho. Refiro-me a capital de risco ou a banca de fomento.
Dirão, a banca já não faz o que fazia!
Por fim refira-se que para atrair população ativa e atividades se revela importante a correta promoção das potencialidades destes territórios. Precisamente os nossos territórios, por estarem protegidos da alteração brutal do ambiente natural, em resultado do relativo abandono a que estiveram subordinados ao longo do tempo. A divulgação dos seus produtos autóctones pode chamar a atenção dos investidores e assim atrair investimentos. Não são raros os casos, em que um empresário se apaixonou por uma terra e nela decide investir.
Esta estratégia concertada de atuações diversas permitirá a criação de novos postos de trabalho, criando meios de subsistência e levando a população a permanecer no interior, evitando o êxodo rural e a concentração de habitantes no Litoral.
Reduzir as assimetrias permitirá novas oportunidades para todos aqueles que queiram manter as suas origens ou criar novas raízes de modo a sentirem-se realizados tanto a nível profissional como pessoal.
(o texto atual é totalmente devedor dos alunos da nossa terra, que defenderam estas ideias recentemente no âmbito do programa “Parlamento dos Jovens”. Só estou a divulgar o pensamento que eles próprios construíram.)
Francisco Melo