EMA BERTA
(13 de fevereiro de 1944 – 8 de julho de 2021)
EMA BERTA (13 de fevereiro de 1944 – 8 de julho de 2021)
Ema Berta nasceu em Sintra, destacando-se na pintura a partir da década de 1980, depois de se licenciar em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
As suas obras, caracterizadas por um neo-figurativismo de traço personalizado e surpreendente, traduzem uma profunda convicção de capacidade pictórica e da arte da pintura, como Fernando de Azevedo observou – “Não se trata de sinceridade ou não do artista, mas de convicção, daquele mesmo convencimento com que se pintava outrora a história Santa ou a vida dos príncipes. Não está em questão um plano, uma cor, um signo, uma caligrafia, coisas que, evidentemente, chegam e sobram para se fazer magnífica pintura. Está em jogo, sim, uma intuição narrativa a tal ponto convicta e segura de si, que não precisa de ser exacta, nem deixar de o ser. Esta ambiguidade é fundamental em Ema Berta, porque é nela, ou a partir dela, ou chegando a ela, que o poder transfigurador atinge altura e se significa.”
Este seu neo-figurativismo, marcado por uma ousada combinação cromática e pelo recurso ao empastamento do óleo como matéria geradora de brilhos, luzes e sombras, desenvolve-se num universo simultaneamente onírico e encantatório, que não prescinde de um certo traço expressionista ou da estranheza narrativa para nos inquietar.
Depois de viver em Sintra, Cascais e Lisboa, adquiriu, já na última década do século XX, casa em Paris, onde também instalou o seu atelier e viveu até ao final da década seguinte. Durante esse período desenvolveu uma relação de proximidade com várias personalidades e artistas de renome, entre os quais Gérard Garouste, Gilles Lipovetsky e Pierre Lévy-Soussan.
Comentaram e analisaram a sua pintura diversas personalidades das artes e das letras, como Cristina de Azevedo Tavares, Eurico Gonçalves, Fernando de Azevedo, Jaime Silva, Liberto Cruz, Sílvia Chicó, Vasco Graça Moura ou Vítor Serrão.
A obra desta pintora encontra-se representada em diversas colecções de instituições públicas e privadas, como o Banco de Portugal, a Caixa Geral de Depósitos, a antiga Colecção Banco Pinto & Sotto Mayor, a antiga Colecção Crédito Predial Português, a antiga Colecção do ICEP, o Museu da Água, em Lisboa, o Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, o Museu do Desenho, em Estremoz, o Museu Municipal da Figueira da Foz, o Museu Municipal de Sintra ou a Pousada de S. Francisco, em Beja.
A sua última grande exposição decorreu entre 2018 e 2019 no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, cujo acervo inclui um significativo núcleo da série Índios. Marcada pela consciência do multiculturalismo e das diferentes realidades humanas, esta derradeira série não abdica dos arquétipos e símbolos que sempre pontuaram a sua obra.
Exposição de Ema Berta no MACNA, em Chaves, 2018-2019
Como Pierre Lévy-Soussan afirmou – “Graças à sua arte, Ema Berta permite-nos re-encantar o mundo, o nosso mundo, que depois disso, por toda a eternidade, jamais será o mesmo.”
Ema Berta faleceu no Hospital de Cascais, no seguimento de doença prolongada, e o seu velório e funeral decorrerão em local a divulgar ainda pela família.