Exposição Retrospetiva de António Vilanova
Há muito que o post de hoje deveria ter sido publicado aqui neste blog, mas, sem nunca ter sido esquecido, foi sendo adiado até uma oportunidade ou um pretexto que lhe desse luz. Em boa hora esse pretexto surgiu e vamos tentar fazer a devida homenagem a um artista flaviense, também ele ilustre, que não o foi mais porque o destino lhe roubou o tempo de ele subir ao patamar dos mestres, se é que não foi alcançado.
António José Rua Vilanova
Chaves, 29 de abril de 1958 - Chaves, 16 de dezembro de 1997
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É verão.
O dia apresenta-se magnífico de luz e côr.
Num repente, o infinito sol espalha a sua luz, exaltando o recorte dinâmico da agreste paisagem que me rodeia.
Quase que me sinto renascer, num ambiente misto de violência e poesia.
Ao mesmo tempo que as cores se multiplicam numa volúpia aparentemente sem fim, os diferentes cheiro emergem do nada, inundando este ambiente carregado de sentimento mágico.
O ar revigorante penetra-nos, provocando um clímax indescritível.
O olhar, perde-se no pacífico horizonte, fazendo-nos fruir com o silêncio e o esplendor da terra.
Não creio que haja algo tão gratificante, do que observar esta paisagem bela, na qual só interfere do voo de uma ave, o vento, o suave oscilar das plantas ao ritmo de uma reconfortante brisa, os milimétricos reflexos nas calmas águas de uma albufeira, o longínquo som do chocalho de um boi possante e sereno, que aparece entre a floresta de pinheiros. O sol já erecto e dominador, oferece a melhor moldura à majestosidade da paisagem que nos rodeia.
O artista, funciona aqui como elo de ligação entre este conjunto dos símbolos visuais e os seus códigos cromáticos, criando uma harmonia de conjunto, através do ritmo das linhas e da sua sonoridade inerente, e a realidade do observador.
Os desenhos que estão presentes neste livro, são memórias, pequenos reflexos, instantâneos dessas paisagens maravilhosas, às quais eu não consegui resistir e que sempre adorarei. São trabalhos do dia a dia, que sob a forma de exercício ou simplesmente de esboço rápido, formam um desenvolvimento diário, sujeito a emoções próprias, a estímulos únicos e concisos, encontrados no mais íntimo do nosso pensar, exaltando toda a essência interior do momento
António Vilanova, Chaves, Agosto de 1994
In “ 40 Desenhos do Agreste Transmontano”
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Para quem não o conheceu ficam as suas palavras na introdução ao seu livro de 40 gravuras publicadas em 1994, com alguns desenhos ou momentos do Agreste Transmontano ou do Barroso, a jugar pelos três locais que menciona no livro: Pitões das Júnias, Alturas do Barroso e Pisões.
Pois dizia eu no início do post que este não tinha acontecido, talvez, por faaltto. Pois o pretexto está agora aí, com uma exposição retrospetiva de António Vilanova na sala Multiusos do Centro Cultural de Chaves, que abriu no início deste mês e continuará patente ao público até ao final deste mês de dezembro.
E enquanto se vamos deixando aqui alguns das obras em exposição, vamos dando também a conhecer o seu percurso de vida e artístico ao longo de pouco mais de dez anos.
António José Rua Vilanova frequentou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto e, em 1986, ingressou no Curso de Pintura da ESAP.
Em finais dos anos 80 torna-se professor de desenho e de fotografia no ensino básico e profissional.
Realizou dezenas exposições individuais e coletivas. Obteve alguns prémios em concursos de arte, entre os quais se destaca o Prémio de aquisição na 2ª bienal de Chaves. Está também representado em várias coleções( privadas e públicas) , nacionais e internacionais.
Fica também o registo de alguma da sua obra:
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
Galeria do Posto de Turismo de Chaves – 1984/85/88/91
Secretaria de Estado da Comunicação Social – Porto – 1985
Casa de Trás-os-Montes - Porto – 1985/86
Biblioteca municipal de Montalegre – 1985
“VER A BRANCO E PRETO” – Bragança – 1990
“DA CÔR” Instalação – Fin de Siglo – Espanha – 1991
Galeria A Musaraña - Pontevedra – Espanha – 1991
Pórticos de Noche – “RETRATOS DE UM SOLO LUSO” – Arousa – Espanha – 1992
Galeria do Posto de Turismo – Póvoa de Varzim - 1983
Galeria Galeão – Paredes – 1993
Galeria Labirinto – Porto – 1993
PRINCIPAIS COLECTIVAS
Ferreira Borges – Porto – 1984
Colectiva Internacional de Cartazes – Bagdad .- Rep. Do Irake – 1985
Segunda Bienal Jovem de Arte Portuguesa – Chaves – 1985
Galeria da Cooperativa Árvore / 24 NOVOS ARTISTAS – Porto – 1989
Fora D’Horas – S.João da Madeira – 1989
Português Suave – Porto – 1989
Espaço Tualca/Novos Artistas da ESAP – Porto – 1989
Museu da Região Flaviense / Arte e Meio – 1990
Intertâmega 91 – Verin – Espanha – 1991
Colectiva Internacional de pintura – A MUSARA^NA – Espanha – 1991
GALAÉCIA 91 – Orense - 1991
Celanova – Espanha – 1991
9 Pintores – Saint Nicholas – Bélgica – 1991
Acervo do Museu da Região Flaviense – Chaves – 1993
Galeria Galeão – Paredes – 1993
TRABALHOS EM VÍDEO
“Perfil” – Porto – 1986
“Nada… direcção infinito” – Porto – 1987
“País Real” – Chaves – 1993
“Festa no Barroso” – Chaves - 1993
PERFORMANCES
“ UB – GÀ, FOLIE” - Porto – 1987
Fanzine “DEMOLIR, construir” – Porto 1987
“… VIA ABSINTO” – Juntamente com o Pintor Abel Silva – Ruas do Porto – 1988
PRÉMIOS
Prémio de Aquisição – Pintura, na 2ª Bienal Jovem Arte Portuguesa – 1986
Menção Honrosa, C.T.M. – Porto – 1986
REPRESENTAÇÕES
Secção de Artes Moderna do Museu da Região Flaviense
A.D.R.A.T. – Chaves
C.T.M. – Porto
GATAT – Gabinete de Apoio ao Alto Tâmega
Município de Sint Nicklas – Bélgica
Ministério da Cultura – Bagdad – Rep. Do Irake
Comissão Regional de Turismo do Alto-Tâmega
Associação Comercial e Industrial de Chaves
Além Portugal, também está representado em Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha e Brasil.